Um armador, nosso conhecido, residente em Paris, narrou-nos há poucos dias o seguinte: “No passado mês de abril, estando um pouco indisposto, fui passear com meu sócio nas Tulherias. Fazia um tempo magnífico; o jardim estava cheio de gente.
De repente, a multidão desaparece aos meus olhos; já não sinto meu corpo; sou como que transportado e vejo distintamente um navio entrando no porto do Havre. Reconheço-o por Clémence, que aguardávamos das Antilhas; vi-o atracar ao cais, distinguindo claramente os mastros, as velas, os marinheiros e os mais minuciosos detalhes, como se lá estivesse. Então disse ao meu companheiro:
“Eis o Clémence que chega; receberemos notícia hoje mesmo; sua travessia foi feliz.” Voltando para casa, entregaram-me um telegrama; antes de o ler, eu disse: “É o anúncio da chegada do Clémence, que entrou no Havre às três horas.” Realmente, o telegrama confirmava a entrada na mesma hora em que eu o tinha visto das Tulherias.”
(Revista Espírita. Janeiro de 1858. Visões. Allan Kardec).