Uma questão de inveja

        Conta-se que um vaga-lume estava no afã de acender seu facho e apagá-lo. Interessante operação. A luz brilhava por segundos e apagava, para logo mais tornar a brilhar.
        Uma cobra, que se encontrava nas proximidades, observou aquela luz acendendo e apagando e se esgueirou até onde se encontrava o autor de tal proeza.
        Quando estava prestes a desferir o bote, foi percebida pelo minúsculo inseto, que alçou voo e escapou de ser abocanhado.
        No entanto, a cobra deslizou rapidamente e foi no alcanço dele. E assim ficaram: ele voava e pousava. Ela o seguia e tentava abocanhá-lo. Finalmente, o vaga-lume pousou e disse para a sua perseguidora:
        Dona cobra, pare um pouquinho. Desejo fazer uma pergunta: pode me dizer se, por acaso, eu pertenço à sua cadeia alimentar?
        Não, disse sibilante, o réptil. E preparou-se para atacá-lo.
        Espere aí, senhora. Diga-me: por acaso, eu lhe fiz algum mal?
        Não, tornou a falar a cobra.
        Cansado e impaciente, o vaga-lume perguntou: Pode me dizer, então, por que é que a senhora quer me abocanhar?
        Muito simples, disse ela. É que você brilha.
*   *   *
        A fábula nos remete a situações sobejamente conhecidas no mundo. Pessoas que se projetam, normalmente, atraem para si a inveja dos que as rodeiam.
        E os invejosos somente pensam em denegrir a imagem de quem se destaca. Ou destruir o seu conceito perante os demais.
        Assim, quem se alteia realizando o bem, passa a ser alvo de calúnias porque, afirmam, ninguém pode ser tão bom sem interesse próprio.
        Quem se destaca no quadro da honestidade, encontra pelo caminho os que esmiúçam sua vida, seus mínimos atos, à cata de algo que possa demonstrar que, afinal, ele não é tão correto quanto aparenta.
        A maledicência anda de braço dado com a inveja porque o que ambas desejam é destruir a boa imagem, a vida, a carreira daqueles que se tornaram seus alvos.
        A inveja é capaz de levantar calúnias contra vidas dignas. Com frases vagas, hesitantes, tem a capacidade de difamar o mais nobre caráter.
        Por isso, o invejoso é um peso infeliz na economia da felicidade alheia.
        E, no entanto, bastaria que mudasse sua postura. Ou seja, em desejando para si os holofotes que se concentram em alguém, poderia se dispor a fazer o que aquele faz, a agir como aquele age, seja no campo da ciência, da arte, do bem, em geral.
        Porque, no entanto, prefere não realizar esforço algum, opta pelas armas que possui: o despeito, a raiva, a acusação vazia e, por vezes, alcança seus objetivos maldosos.
        Contudo, o invejoso continua desventurado em si mesmo, logo encontrando outro alvo para desferir os seus destrutivos dardos.
*   *   *
        Examinemos nossa própria conduta. Caso verifiquemos que nos encontramos nesse caminho tortuoso, modifiquemos o passo.
        Busquemos nos iluminar se invejamos o brilho alheio!
        Esforcemo-nos para alcançar quem, a esforço pessoal e dedicação, se encontra degraus acima.
        Dessa forma, nos sentiremos felizes pelas próprias conquistas. E, com certeza, o mundo será melhor porque seremos mais um ser humano a apresentar o bem, a beleza, o justo.
        Pensemos nisso. Façamos isso porque todos os filhos de Deus fomos criados para a luz e para o amor.
(Redação do Momento Espírita, com base em fábula, de autoria desconhecida. Em 5.2.2016.)

Passatempo Espírita © 2013 - 2024. Todos os direitos reservados. Site sem fins lucrativos.

Desenvolvido por Webnode