- Faltam cinco centavos, mocinha...
O cobrador esperava, enquanto Clara revirava seus bolsos atrás da moedinha. Mas ela não tinha os cinco centavos para completar a passagem de ônibus...
- Aqui está!
Renato espontaneamente estendeu uma moeda sua ao cobrador. Clara, aliviada, retribuiu a gentileza do amigo com um sorriso e agradeceu.
Os dois sentaram-se atrás de Luísa, irmã mais velha de Clara. Eles observavam a cidade e as pessoas... Quantas diferenças! Ficaram tristes ao ver crianças fora da escola, pessoas pedindo esmolas nas calçadas, casas muito pobres... Homens e mulheres com rostos cansados e sem esperança...
De repente, Clara pergunta:
- Por que o mundo é assim tão triste?
Renato ficou pensativo. Luísa virou-se para eles e respondeu:
- Infelizmente ainda é assim. Se cada um de nós fizesse a sua parte, teríamos um mundo melhor... Mas nem todos querem ajudar.
Luísa freqüentava o Grupo de Jovens Espíritas. Lá eles conversavam muito, para entender as pessoas e o mundo. Eles também se perguntavam o que podiam fazer para ajudar a melhorar essas realidades.
- Esse mundo não tem jeito mesmo! Ninguém se importa com ninguém... desabafou Renato.
Mas logo Luísa corrigiu:
- Isso não é verdade, Renato. Tem muita gente que não se importa mesmo com ninguém. Mas também há aqueles que se importam, e fazem alguma coisa pelos outros, ainda que seja pouco. Mas quase ninguém fala sobre as coisas boas que essas pessoas fazem. Só falam nas coisas ruins.
Então, Luísa lembrou a eles muitas coisas boas que as pessoas fazem:
Um rapaz se levantou para deixar o banco para um velhinho, no ônibus. O motorista esperou a moça atravessar a rua. Duas crianças que repartiam o lanche, na escola. O médico que atendia pessoas pobres sem nada cobrar. As pessoas que faziam teatrinho para as crianças do orfanato. A senhora que comprava cadernos para que o filho da empregada continuasse estudando. As campanhas de doação de roupas e alimentos para as pessoas carentes de coisas materiais. Os garotos que visitavam os velhinhos no asilo. O senhor que sempre sorria para o carteiro...
Havia muitas pessoas boas, realmente! E havia muitas oportunidades de ajudar, todos os dias!
Clara lembrou da moeda que Renato lhe dera pra completar a passagem. Eram apenas cinco centavos... Não era muito, mas fez grande diferença para ela!
Naquele dia, no ônibus, Clara e Renato, com a ajuda de Luísa, entenderam que o pouquinho que damos de nós mesmos pode fazer uma enorme diferença para quem recebe. E assim, com pequenas atitudes, podemos tornar o mundo um lugar melhor de se viver.
(Letícia Müller. Fonte: Grupo Espírita Seara do Mestre)