TODO ESPIRITUALISTA É ESPÍRITA?

Segundo Allan Kardec, "É  espiritualista   aquele que acredita que em nós nem tudo é matéria, o que de modo algum implica a crença nas manifestações dos Espíritos. TODO ESPÍRITA É NECESSARIAMENTE ESPIRITUALISTA; MAS, PODE-SE SER ESPIRITUALISTA SEM SE SER ESPÍRITA. (...)A moral espírita decorre do ensino dado pelos Espíritos. HÁ ESPIRITUALISTAS QUE ESCARNECEM DAS CRENÇAS ESPÍRITAS." (O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 32. Allan Kardec)

Sendo assim, "Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas." (O Livro dos Espíritos.  Introdução ao estudo da Doutrina Espírita - I .Allan Kardec)

"O Espiritismo só reconhece como adeptos aqueles que põem em prática os seus ensinamentos, isto é, que trabalham a sua própria melhora moral, porque é esse o sinal característico do  verdadeiro  espírita." (Revista Espírita. Janeiro de 1869. Processo das envenenadoras de Marselha. Allan Kardec)

"Os que mais contribuem para o Centro são os que trabalham ,freqüentam, estudam e procuram seguir um roteiro de fidelidade à codificação Kardequiana. "(O Centro Espírita. Cap. 7. J. Herculano Pires)

"Todas as religiões são necessariamente fundadas sobre o espiritualismo. Aquele que crê que em nós existe outra coisa, além da matéria, é  espiritualista, o que não implica a crença nos Espíritos e nas suas manifestações." (O que é o Espiritismo. Cap. 1. Pequena Conferência Espírita. Allan Kardec)

Portanto, pode-se dizer que são espiritualistas as seguintes religiões: o Judaísmo, o Budismo, o Islamismo,  o Catolicismo, o Protestantismo, a Umbanda, o Candomblé, o Espiritismo, etc.

Observamos que existem algumas semelhanças entre a prática da Umbanda e da Doutrina Espírita, tais como: a comunicação entre os vivos e os mortos, admitindo ambas, por conseguinte, a sobrevivência à morte do chamado "espírito"; a evolução do espírito através de vidas sucessivas (reencarnação); o resgate, podendo ser pela dor e sofrimento, das faltas cometidas em anteriores existências; a prática da caridade. Porém essas semelhanças não fazem da Umbanda uma "Doutrina Espírita" e sim uma religião  "Espiritualista".

Além dessa religiões espiritualistas conhecidas, tem pessoas que escrevem obras, ditas espiritualistas, tiradas de suas próprias ideias pessoais.

São muitos mesmos esses escritores que conseguem influir muita gente pela sua perspicácia na forma de escrever.

Por isso Kardec recomenda que, ao estudar suas obras, não aceitemos os ensinos sem passar antes pelo crivo da razão e da lógica. Ele afirma: "Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos antigos provérbios. Não admitais, pois, senão aquilo que vos é de uma evidência certa. Desde que surja uma opinião nova, por pouco duvidosa que vos pareça, passai-a pelo crivo da razão e da lógica. Aquilo que é reprovado pela razão e pelo bom senso deve ser rejeitado firmemente. Mais vale repelir dez verdades que admitir uma só mentira, uma só teoria falsa." (Revista Espírita.  Agosto de 1861. Da influência moral dos médiuns nas comunicações. Allan Kardec)

"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos, como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai ter às bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura. Mas, não (...) tem culto, nem rito, nem templos e que, entre os seus adeptos, nenhum tomou, nem recebeu o título de sacerdote ou de sumo-sacerdote. Estes qualificativos são de pura invenção da crítica.

(...)  O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; reclama-a para os seus adeptos, do mesmo modo que para toda a gente. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão da reciprocidade.
Coerente com seus princípios, o Espiritismo não se impõe a quem quer que seja; quer ser aceito livremente e por efeito de convicção. Expõe suas doutrinas e acolhe os que voluntariamente o procuram. "(Revista Espírita. Setembro de 1869. Ligeira Resposta aos Detratores do Espiritismo. Allan Kardec)

Deste modo, Herculano Pires faz o seguinte conselho: "Nós, espíritas, devemos respeitar na Umbanda uma religião nascente, mas não podemos admitir confusões entre as suas práticas sincréticas e as práticas espíritas.
(...)O QUE TEMOS DE ACONSELHAR A TODOS, pelo menos a todos os que nos consultam a respeito, É MAIS LEITURA E MAIS ESTUDO DE KARDEC, e menos atenção a espíritos que tudo sabem e a tudo respondem com tanta facilidade, usando sempre uma linguagem envolvente, em que NEM TODOS SABEM DIVIDIR A VERDADE DO ERRO." (O mistério do bem e do mal. Necessidade do estudo de Kardec para discernimento doutrinário. J. Herculano Pires)

Seguindo esse conselho, sejamos cautelosos ao lermos qualquer livro ou qualquer publicação das redes sociais, sem saber  exatamente a fonte. Usemos o bom senso! 

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