SERÁ QUE TODOS OS DOENTES PODEM SER CURADOS PELO CRISTO?

Na sua época, Jesus Cristo não curou todos os doentes. Este fato é relatado no próprio Evangelho. Vejamos a seguir:

"Chegando à sua cidade, começou a ensinar o povo na sinagoga. Todos ficaram admirados e perguntavam: "De onde lhe vêm esta sabedoria e estes poderes milagrosos?  Não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?  Não estão conosco todas as suas irmãs? De onde, pois, ele obteve todas essas coisas?"

E ficavam escandalizados por causa dele. Mas Jesus lhes disse: "Só em sua própria terra e em sua própria casa é que um profeta não tem honra".  E NÃO REALIZOU MUITOS MILAGRES (*) ALI, POR CAUSA DA INCREDULIDADE DELES. "(Mateus 13:53-58)

"Então Jesus começou a denunciar as cidades em que havia sido realizada a maioria dos seus milagres, porque não se arrependeram." (Mateus 11:20)

Segundo Paulo Alves Godoy , "Podem-se contar nos Evangelhos as curas materiais operadas por Jesus Cristo. Elas foram em número insignificante, representando diminuta porcentagem face ao número de sofredores existentes na época, o que prova sobejamente que o Mestre não veio para curar enfermidades materiais, que são de efeito transitório, e que, face à lei de Deus, e em conseqüência das necessidades de reajuste, nem todos estavam em condições de serem curados. "(Os padrões evangélicos. Bartimeu, o Cego.  Paulo Alves Godoy )

No caso do paralítico de Cafarnaum,  Jesus o curou, pois estava no fim da sua expiação, ou seja,  este homem , com fé e resignação, havia terminado de pagar a sua divída ,  por isso o Mestre lhe disse:  "Teus pecados estão perdoados". (Marcos 2:5)

Já em outra situação, quando curou o paralítico da piscina de Betesda, Jesus disse: "Não peques mais, para que não te aconteça coisa pior." (João 5:14). Por essas palavras, deu-lhe a entender que a sua doença era uma punição e que, se ele não se melhorasse, poderia vir a ser de novo punido e com mais rigor. A cura se realizou neste caso, portanto, para provocar uma mudança interior, pois o paralítico estava disposto a melhorar.

A outra cura surpreendente aconteceu com uma mulher que sofria há doze anos de penosa hemorragia,  sabendo que o Mestre visitava a sua cidade, ela reuniu o restante de forças que ainda lhe restava, foi, e, entrando no meio da multidão, tocou em suas vestes, com a certeza plena de que bastava isso para que ficasse curada. Então, logo que tocou a túnica de Jesus, estancou-lhe o fluxo de sangue. O Divino Mestre percebendo que havia saido uma virtude dele, lhe disse: "Minha filha, tua fé te salvou". (Marcos 5:34). Neste caso, portanto, não houve imposição das mãos, bastou a vontade dela para atrair para si os fluidos benéficos que Jesus irradiava normalmente, para que se realizasse a cura.

Quando Jesus curou o cego de nascença, seus discípulos lhe fizeram esta pergunta: "Mestre, foi pecado desse homem, ou dos que o puseram no mundo, que deu causa a que ele nascesse cego?" Jesus lhes respondeu: " Não é por pecado dele, nem dos que o puseram no mundo; mas, para que nele se manifestasse as obras do poder de Deus." (João 9:2-3). Ou seja, aquele homem estava cego, não por ter pecado, mas para dar testemunho público de que Jesus é a luz do mundo, o Messias prometido. Portanto, não era uma expiação do passado, era uma provação apropriada ao progresso daquele Espírito.

Aliás, nem todos os doentes tiveram curas instantâneas (rápidas), por exemplo,  o cego de Betsaida (Marcos 8:22-26),  precisou de ações reiteradas de fluidos magnéticos de Jesus, para que pudesse ver com clareza e recuperasse a sua visão. Além disso, existiram doentes, como no caso do homem mudo (Mateus 9:32-33), que foi preciso afastar o espírito mau,  o principal responsável pelo seu desequilíbrio orgânico, para que pudesse ser curado.

"São extremamente variados os efeitos da ação fluídica sobre os doentes, de acordo com as circunstâncias. Algumas vezes é lenta e reclama tratamento prolongado, como no magnetismo ordinário; doutras vezes é rápida, como uma corrente elétrica. Há pessoas dotadas de tal poder, que operam curas instantâneas nalguns doentes, por meio apenas da imposição das mãos, ou, até, exclusivamente por ato da vontade. Entre os dois pólos extremos dessa faculdade, há infinitos matizes. Todas as curas desse gênero são variedades do magnetismo e só diferem pela intensidade e pela rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo: o fluido, a desempenhar o papel de agente terapêutico e cujo efeito se acha subordinado à sua qualidade e a circunstâncias especiais. "  (A Gênese. Cap. 14. Item 32. Allan Kardec )

De acordo com Herculano Pires, "O passe espírita é simplesmente a imposição das mãos usada e ensinada por Jesus como se vê nos Evangelhos." (Obsessão, Passe e Doutrinação. Cap. 2. J. Herculano Pires).

"Nas curas que ele operava, agia como médium?  Pode-se considerá-lo  com um poderoso médium curador? Não, porquanto o médium é um intermediário, um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. (...) Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus ".  (A Gênese. Cap. 15. Item 2. Allan Kardec)

" JESUS CURAVA O CORPO, VISANDO A REDIMIR O ESPÍRITO.  (...) É bom que todos os doentes do corpo saibam disto, a fim de se não iludirem buscando a saúde da matéria e relegando a do Espírito. São as enfermidades deste que o médico das almas, de preferência, veio curar." (Em torno do Mestre. O Médico das almas. Vinicius )

Segundo o Espírito Emmanuel, " A maioria das moléstias procede da alma, das profundezas do ser." (Vinha de luz. Cap. 157 - O remédio salutar. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier )

"Havendo o espírito agido erradamente, nesse ou naquele setor da experiência evolutiva, vinca o corpo espiritual com desequilíbrios ou distonias, que o predispõem à instalação de determinadas enfermidades, conforme o órgão atingido."(Leis de Amor. Cap. 1. Questão 2. Espírito Emmanuel.  Chico Xavier/ Waldo Vieira)

Segundo Allan Kardec, " A MAIORIA DAS DOENÇAS, como todas as misérias humanas, SÃO EXPIAÇÕES DO PRESENTE OU DO PASSADO, OU PROVAS PARA O FUTURO; são dívidas contraídas, cujas conseqüências devem ser sofridas, até que tenham sido saldadas. Aquele, pois, que deve suportar sua provação até o fim não pode ser curado. "(Revista Espírita.  Março de 1868. Ensaio Teórico das Curas Instantâneas. Allan Kardec)
"A DURAÇÃO DO CASTIGO ESTÁ SUBORDINADA AO APERFEIÇOAMENTO DO ESPÍRITO CULPADO. Nenhuma condenação por um tempo determinado é pronunciada contra ele. O que Deus exige para pôr um fim aos sofrimentos, é um aperfeiçoamento sério, efetivo, e um retorno sincero ao bem.  O Espírito é assim sempre o árbitro de seu próprio destino; pode prolongar seus sofrimentos pela persistência no mal, aliviá-los ou abreviá-los por seus esforços para fazer o bem." (O Céu e o Inferno. Primeira parte. Cap. 7 . Item  13. Allan Kardec )

"A ação magnética será impotente enquanto, por sua vontade e sua melhoria, ele não se desembaraçar desses fluidos perniciosos. É, pois, uma cura moral que se deve obter, antes de buscar a cura física. Uma mudança de direção em seu comportamento é a única coisa que pode tornar eficazes os cuidados de seu magnetizador, que os bons Espíritos procurarão ajudar."(Revista Espírita. Julho de 1865. Questões e Problemas. Cura moral dos encarnados. Allan Kardec)

"A aptidão para curar é inerente ao médium, mas o exercício da faculdade não tem lugar senão com o concurso dos Espíritos; (...) esta faculdade fundada em leis naturais, tem limites traçados por essas mesmas leis. Compreende-se que a ação fluídica possa dar sensibilidade a um órgão existente, fazer dissolver e desaparecer um obstáculo ao movimento e à percepção, cicatrizar uma ferida, porque, então, o fluido se torna um verdadeiro agente terapêutico; mas é evidente que não pode remediar a ausência ou a destruição de um órgão, o que seria verdadeiro milagre. Assim, a vista poderá ser restituída a um cego por amaurose, oftalmia, belida ou catarata, mas não aos que tiverem os olhos furados. HÁ, POIS, DOENÇAS INCURÁVEIS POR NATUREZA, E SERIA ILUSÃO CRER QUE A MEDIUNIDADE CURADORA FOSSE LIVRAR A HUMANIDADE DE TODAS AS SUAS ENFERMIDADES." (Revista Espírita. Novembro de 1866. Considerações sobre a Propagação da Mediunidade Curadora. Allan Kardec)

Obs.(*): "O Espiritismo não admite os milagres, no sentido teológico da palavra, visto como, segundo ele, nada se realiza fora das leis da Natureza. Certos fatos, supondo-os autênticos, só foram reputados miraculosos porque se ignoravam as suas causas naturais." ( Revista Espírita.Abril de 1869. Profissão de Fé Espírita Americana. Allan Kardec).

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