SERÁ QUE SEREMOS EXILADOS NO PLANETA QUÍRON?

Na Doutrina Espírita não existe nenhuma informação de que Espíritos desencarnados na Terra, que persistem no mal, serão exilados, em sua grande maioria, no planeta Quíron.

Esta teoria surgiu após a divulgação de um artigo  no jornal "A Folha Espírita", edição 439, de maio de 2011, escrito pela senhora Marlene Nobre, onde constam supostas "revelações" do médium Chico Xavier, que foi entrevistado informalmente por Geraldo Lemos, em um encontro em 1986, enquanto era jovem. A partir de 2021, também vemos alguns vídeos do amigo de Chico Xavier, abordando sobre este assunto no canal do YouTube.

Num dos trechos desta entrevista, o ufólogo Geraldo Lemos alega ter ouvido do médium a seguinte revelação:

"Todos os demais Espíritos, recalcitrantes no mal, seriam então, a partir de 2000, encaminhados forçosamente à reencarnação em mundos mais atrasados, de expiações e de provas aspérrimas, ou mesmo em mundos primitivos, vivenciando ainda o estágio do homem das cavernas, para poderem purgar os seus desmandos e a sua insubmissão aos desígnios superiores. Chico Xavier tinha conhecimento desses mundos para onde os Espíritos renitentes estariam sendo degredados. Segundo ele, o maior desses planetas se chamaria Kírom ou Quírom."  (Jornal Folha Espírita de Maio de 2011, exemplar nº439, sob autoria de Marlene Nobre, foi publicada a entrevista feita em 1986 com Chico Xavier por Geraldo Lemos Neto)

Outras teorias semelhantes, também foram sugeridas  pelo Espírito pseudo-sábio Ramatis, que faz referências sobre alguns astros ou planetas primitivos, que supostamente iriam "sugar", avidamente, "os infelizes homens desregrados", tais como: absinto, astro intruso, gigantescos chupões, astro higienizador. (Vide: Mensagens do astral. Espírito Ramatis. Hercílio Maes)

No entanto, é preciso ter cuidado com tais revelações, sejam provenientes de médiuns ou dos amigos deles. Não podemos acreditar em tudo que ouvimos, pois todo conteúdo deve ser analisado com critério rigoroso.

Allan Kardec já dizia: "(...) não aceiteis coisa alguma às cegas. Seja cada fato submetido a um exame minucioso, aprofundado e severo..."( O Livro dos Médiuns. Cap. 5. Item 98. Allan Kardec)

Se fizermos pesquisas, não encontramos registros em nenhum dos livros psicografados por Chico Xavier que confirme estas revelações, tampouco há informações nas obras publicadas por Allan Kardec, que mencione o nome deste  planeta primitivo e outros semelhantes.

Aliás, mesmo que o médium mineiro tenha feito tal revelação,  Herculano Pires faz o seguinte esclarecimento:  "Os princípios da Codificação não podem ser alterados pela obra de um espírito isolado. A Codificação não é obra de vidência, mas de pesquisa científica realizada por Kardec sob orientação e vigilância dos Espíritos Superiores."(Mediunidade. Cap. 3. J. Herculano Pires)

"Substituir as obras fundamentais por outras, psicografadas ou  não, é um inconveniente que se deve evitar.  (...) Espiritismo é Kardec. Porque foi ele o estruturador da Doutrina, permanentemente assistido pelo Espírito da Verdade. (...) Um novo ensinamento, a revelação de uma verdade nova depende das exigências doutrinárias de: Concordância universal de manifestações a respeito; Concordância da questão com os princípios básicos da Doutrina; Concordância com os princípios culturais do estágio de conhecimento atingido pelo nosso mundo; Concordância com os princípios racionais, lógicos e logísticos do nosso tempo. Fora desse quadro de concordâncias necessárias, que constituem o consenso universal, nada pode ser aceito como válido. Opiniões pessoais, sejam de sábios terrenos ou do mundo espiritual, nada valem para a Doutrina. "(O  Espírito e o  tempo.  Cap. 1. J. Herculano Pires)   

Sobre o exílio dos Espíritos endurecidos no mal, o Espiritismo traz a seguinte revelação feita pelos Espíritos Superiores:

"Tendo que reinar na Terra o bem, necessário é sejam dela excluídos os Espíritos endurecidos no mal e que possam acarretar-lhe perturbações. Deus permitiu que eles aí permanecessem o tempo de que precisavam para se melhorarem; mas, chegado o momento em que, pelo progresso moral de seus habitantes, o globo terráqueo tem de ascender na hierarquia dos mundos, interdito será ele, como morada, a encarnados e desencarnados que não hajam aproveitado os ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de aí receber. Serão exilados para mundos inferiores, como o foram outrora para a Terra os da raça adâmica, vindo substituí-los Espíritos melhores. Essa separação, a que Jesus presidirá, é que se acha figurada por estas palavras sobre o juízo final: "Os bons passarão à minha direita e os maus à minha esquerda."" (A Gênese. Cap. 27. Item 63. Allan Kardec)

"Conforme o ensino dado pelos Espíritos superiores,  essas emigrações e imigrações dos Espíritos encarnados na Terra ocorrem de tempos em tempos, individualmente; mas, em certas épocas, realizam-se em massa, por força das grandes revoluções que fazem desaparecerem quantidades inumeráveis deles, sendo substituídos por outros Espíritos que sobre a Terra, ou sobre uma parte da Terra, constituem uma nova geração.

O Cristo disse uma coisa notável que não foi compreendida, como, aliás, muitas outras passagens tomadas ao pé da letra, quando sempre falava por imagens e parábolas. Anunciando os grandes acontecimentos no mundo físico e no mundo moral, disse ele: "Na verdade vos digo que não passará esta geração sem que se cumpram todas estas coisas"(Mt. 24:34; Mc. 13:30; Lc. 21:32) . Ora, a geração do tempo do Cristo passou há mais de dezoito séculos, sem que  essas  coisas tivessem sido cumpridas. Disso devemos concluir ou que o Cristo se enganou, o que é inadmissível, ou que suas palavras tinham um sentido oculto, que foi mal interpretado.

Se, porém, nos reportarmos ao que dizem os Espíritos, não apenas a nós, mas pelos médiuns de todos os países, estaremos próximos da realização dos tempos preditos, de uma época de renovação social, isto é, de uma época dessas   grandes emigrações  dos Espíritos que habitam a Terra. Que os tendo enviado para cá, a fim de se melhorarem, Deus os deixou aqui o tempo necessário para progredirem. Deu-lhes a conhecer as suas leis, primeiro por Moisés, depois pelo Cristo; advertiu-os pelos profetas; em suas reencarnações sucessivas eles puderam aproveitar tais ensinamentos; agora os tempos são chegados, e aqueles que não aproveitaram as luzes, os que violaram a lei de Deus e desconheceram o seu poder, irão deixar a Terra onde, de agora em diante, estariam deslocados do meio pelo progresso moral que se realiza e ao qual só trariam entraves, quer como homens, quer como Espíritos. A geração da qual falava o Cristo não poderia ser entendida como a dos homens que viviam em seu tempo, fisicamente falando, mas deveria entender-se como a geração dos Espíritos que na Terra percorreram os diversos períodos de suas reencarnações e que irão deixá-la. Eles serão substituídos por uma nova geração de Espíritos que, moralmente mais adiantados, farão reinar entre si a lei do amor e da caridade ensinada pelo Cristo e cuja felicidade não será perturbada pelo contado dos maus, dos orgulhosos, dos egoístas, dos ambiciosos e dos ímpios.

Segundo o que dizem os Espíritos, parece mesmo que entre as crianças que agora nascem, muitas são reencarnações de Espíritos dessa nova geração. Quanto aos da antiga geração que tiverem méritos, mas que, apesar de tudo, não tiverem atingido um suficiente grau de depuração para chegarem a mundos mais adiantados, poderão continuar a habitar a Terra e aqui passar por mais algumas encarnações. Mas então, em vez de estarem em processo de punição, isto será uma recompensa, pois aqui serão mais felizes e em constante progresso. O tempo em que desaparece uma geração de Espíritos para dar lugar a outra pode ser considerado como o fim do mundo, isto é, do mundo moral.

Em que serão convertidos os Espíritos expulsos da Terra? Os próprios Espíritos nos dizem que eles irão habitar mundos novos, onde encontrarão seres ainda mais atrasados que os daqui, aos quais terão que fazer progredir, transmitindo-lhes o produto dos conhecimentos adquiridos.

O contato do meio bárbaro em que estarão ser-lhes-á uma expiação cruel e uma fonte de incessantes padecimentos físicos e morais, dos quais terão tanto mais consciência quanto maior for o desenvolvimento de sua inteligência. Mas essa expiação será, ao mesmo tempo, uma missão que lhes oferecerá meios de resgatar seu passado, conforme a maneira pela qual a desempenharem. Aí sofrerão uma série de reencarnações, durante um período mais ou menos longo, no fim do qual os que tiverem merecido serão retirados para mundos melhores, talvez para a própria Terra, que será, então, um recanto de felicidade e de paz, enquanto que os da Terra subirão, pouco a pouco, até o estado de anjos ou puros Espíritos." (Revista Espírita. Janeiro de 1862. Ensaio de interpretação da doutrina dos anjos decaídos. Allan Kardec)

" Assim, orai por esses endurecidos, a fim de que se emendem enquanto ainda é tempo, visto que se aproxima o dia da expiação.

Infelizmente, a maioria, desconhecendo a voz de Deus, persistirá na sua cegueira e a resistência que virá a opor mascarará, por meio de terríveis lutas, o fim do reinado dos que a constituem. Desvairados, correrão à sua própria perda; provocarão destruições que darão origem a um sem-número de flagelos e de calamidades, de sorte que, sem o quererem, apressarão o advento da era de renovação.

E, como se não se operasse com bastante rapidez a destruição, os suicídios se multiplicarão em proporções inauditas, até entre as crianças. A loucura jamais terá atingido tão grande quantidade de homens que, antes mesmo de morrerem, estarão riscados do número dos vivos. São esses os verdadeiros sinais dos tempos e tudo isso se cumprirá pelo encadeamento das circunstâncias, como já o dissemos, sem que haja a mais ligeira derrogação das leis da Natureza." (Obras póstumas. Regeneração da humanidade. Allan Kardec)

"São chegados os tempos, dizem-nos de todas as partes, marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para regeneração da Humanidade."(A Gênese. Cap. 18. Item 1. Allan Kardec)

O Espírito Emmanuel (em 1974), pela psicografia de Chico Xavier, faz esta confirmação, dizendo:

"Época de transição": esta é a legenda que repetis frequentemente para definir a atualidade terrestre, em que surpreendeis, a cada passo, larga fieira de ocorrências inusitadas. Conflitos. Desencarnações em massa. Acidentes enlutando almas e lares. Desvinculações violentas. Dramas no instituto doméstico. Processos obsessivos, culminando com perturbações e lágrimas. Moléstias de etiologia obscura. Incompreensões. Forçoso observar, no entanto, que o plano físico e o plano espiritual que se lhe segue reagem constantemente um sobre o outro. Criaturas desencarnadas atuam no ambiente dos companheiros encarnados e vice-versa. E se vos reportais ao término do segundo milênio de civilização cristã em que vos achais, com a expectativa e o entusiasmo de quem se vê à frente de uma era nova, as mesmas circunstâncias se verificam na Espiritualidade, entre aqueles que aspiram a obter o retorno à Terra, expressando propósitos de autoburilamento em nível mais alto de evolução.

É por isso que legiões enormes de irmãos, domiciliados no Mais Além, vêm solicitando, desde algum tempo, reencarnações difíceis; testemunhos acerbos de aperfeiçoamento íntimo; tempo curto no veículo físico, de modo a complementarem tarefas inacabadas em diversos setores da experiência humana; presença ligeira, junto de seres queridos, a fim de chamá-los à consideração da Vida Superior; ou empreitadas de serviço moral para a liquidação de empreendimentos redentores, largados por eles nos caminhos do tempo." (Diálogo dos vivos. Cap. 21. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier)

As revelações trazidas pela Doutrina Espírita, em 1862, esclarecem que a Terra, por enquanto, é um mundo de provas e expiações, destinado a se transformar, dentro do grande futuro, em  mundo de regeneração. São chegados os tempos, estamos vivendo no período de transição, porém a Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se de súbito. A atual geração desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.

Portanto, não é possível afirmar, conforme alega Geraldo Lemos, que, somente a partir do ano 2000, os Espíritos recalcitrantes no mal, estejam sendo encaminhados forçosamente à reencarnação em mundos mais atrasados, de expiações e de provas aspérrimas, ou mesmo em mundos primitivos. Na realidade, pode ser que alguns Espíritos endurecidos já tenham sido expulsos antes desta data citada, e outros ainda estejam recebendo a última oportunidade de reencarnar no planeta Terra. Ninguém sabe quanto tempo durará o período de transição e a época exata que ocorrerá a regeneração planetária.

Jesus disse:  "Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém o sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, mas somente o Pai."   (Marcos 13: 32)

Allan Kardec afirma: ''Os bons Espíritos fazem que as coisas futuras sejam pressentidas, quando esse pressentimento convenha; nunca, porém, determinam datas. A previsão de qualquer acontecimento para uma época determinada é indício de mistificação."  (O Livro dos Médiuns. Cap. 24. Item 267. 8°. Allan Kardec)

Do mesmo modo, não é possível afirmar que os Espíritos expulsos estejam sendo exilados no Planeta Quíron (1), uma super-terra, pois de  acordo com Allan Kardec, toda teoria nova revelada  pelos Espíritos deve ser passada pela prova do Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos (CUEE).

Obs.(1): É importante esclarecer que no nosso Sistema Solar não existe nenhum planeta chamado Quíron. &Em primeiro lugar, o que é Quíron? Originalmente descoberto em 1977 e classificado como um asteroide, o corpo menor Quíron foi o primeiro membro identificado de uma nova classe de objetos no nosso Sistema Solar, agora conhecida como centauros.& (Fonte: https://www.ccvalg.pt/astronomia/noticias/2024/07/26_quiron.htm - Data da consulta 07-02-25)

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