SERÁ QUE O TRABALHO DE MAGIA NEGRA PODE PREJUDICAR ALGUÉM?

"Os trabalhadores da desobsessão não devem ignorar a realidade da magia negra, a fim de não serem tomados de surpresa nas suas tarefas redentoras. Com frequência, terão oportunidade de observar tentativas de envolvimento do grupo e de seus componentes, ou de pessoas que dele se socorrem, promovidas por antigos magos e feiticeiros que, no mundo espiritual, persistem nas suas práticas e rituais. Extremamente complexo e delicado, especialmente porque é escassa, nesse particular, a literatura doutrinária de confiança existente, o assunto precisa ser abordado com muita prudência e lucidez." (Diálogo com as sombras. Cap. 21. Hermínio C. Miranda)

Segundo Allan Kardec, "A palavra  magia, que outrora significava ciência dos sábios, pelo abuso que dela fizeram a superstição e o charlatanismo, perdeu seu significado primitivo. Está hoje desacreditada com razão e cremos difícil reabilitá-la, por estar, desde então, ligada à ideia das operações cabalísticas, dos grimórios, dos talismãs e de uma porção de práticas supersticiosas condenadas pela razão sadia."(Revista Espírita. Outubro de 1864. O sexto sentido e a visão espiritual. Allan Kardec)

"Ali o sagrado e o profano estão indignamente confundidos; os mais venerados nomes são misturados às mais ridículas práticas de  magia negra, acompanhadas de sinais e termos cabalísticos, talismãs, tripés sibilinos e outros acessórios. Alguns adicionam, como complemento, e por vezes com objetivo de lucro, a cartomancia, a quiromancia, a borra de café, o sonambulismo pago etc. Espíritos complacentes, que aí encontram intérpretes não menos complacentes, predizem o futuro, leem a buena-dicha, descobrem tesouros ocultos (...)  e, caso necessário, indicam o curso da bolsa e os números premiados na loteria. Depois, um belo dia, a justiça intervém, ou a gente lê nos jornais a descrição de uma sessão espírita à qual o autor assistiu e conta o que viu; o que viu com seus próprios olhos."(Revista Espírita. Março de 1863. Falsos irmãos e amigos ineptos. Allan Kardec)

No entanto, Allan Kardec adverte: "Em todos os tempos, os Espíritos Superiores condenaram o emprego de  signos e de formas cabalísticas, e todo Espírito que lhes atribui uma virtude qualquer ou que pretende dar talismãs que denotam magia, por aí revela a própria inferioridade, quer quando age de boa-fé e por ignorância, levado por antigos preconceitos terrenos, de que ainda se acha imbuído, quer quando conscientemente se diverte com a credulidade, como Espírito zombeteiro. (...) Quem quer que tenha estudado a natureza dos Espíritos, não poderá racionalmente admitir sobre eles a influência de formas convencionais, nem de substâncias misturadas em certas proporções. Seria renovar as práticas do caldeirão das feiticeiras, dos gatos pretos, das galinhas pretas e de outras secretas maquinações."(Revista Espírita. Setembro de 1858. Os talismãs. Allan Kardec) 

Podem os Espíritos fazer que se descubram  tesouros ?
"Os Espíritos superiores não se ocupam com essas coisas; mas, os zombeteiros frequentemente indicam tesouros que não existem, ou se comprazem em apontá-los num lugar, quando se acham em lugar oposto. Isso tem a sua utilidade, para mostrar que a verdadeira riqueza está no trabalho. Se a Providência destina   tesouros   ocultos   a alguém, esse os achará naturalmente; de outra forma, não." (O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 26. Item 295. Allan Kardec)

 "Os Espíritos sérios se recusam a ocupar-se de coisas fúteis; os frívolos e zombeteiros tratam de tudo, respondem a tudo, predizem tudo o que se quer, sem se importarem com a verdade, e encontram maligno prazer em mistificar as pessoas demasiado crédulas." (O que é o Espiritismo. Cap. 2. Item 51. Allan Kardec)

Os maus Espíritos podem, então, exercer influência sobre os homens?

"R. Sim. Sobre os homens maus, que os invocam, ou sobre os homens fracos, que se entregam a eles; daí os freqüentes fenômenos da possessão e da obsessão."

Como os homens podem entrar em relação com os maus Espíritos?

"R. Por meio dos fluidos e em virtude da lei de afinidade espiritual: "Quem se assemelha, se ajunta."" (Síntese Doutrinária e prática do Espiritismo. Cap. 5. Itens 79 e 80. Léon Denis)

Não se pode também combater a influência dos maus Espíritos, moralizando-os ?
"Sim, mas é o que não se faz e é o que não se deve descurar de fazer, porquanto, muitas vezes, isso constitui uma tarefa que vos é dada e que deveis desempenhar caridosa e religiosamente. Por meio de sábios conselhos, é possível induzi-los ao arrependimento e apressar-lhes o progresso." (O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 23. Item 254. Allan Kardec)

Em "O Livro dos Espíritos", os Espíritos Superiores trazem outros esclarecimentos sobre este assunto:

551. Pode um homem mau, com o auxílio de um mau Espírito que lhe seja dedicado, fazer mal ao seu próximo?
"Não; Deus não o permitiria."

552. Que se deve pensar da crença no poder, que certas pessoas teriam, de enfeitiçar?
"Algumas pessoas dispõem de grande poder magnético, de que podem fazer mau uso, se maus forem seus próprios Espíritos, caso em que possível se torna serem secundadas por outros Espíritos maus. Não creias, porém, num pretenso poder   mágico , que só existe na imaginação de criaturas supersticiosas, ignorantes das verdadeiras leis da natureza. Os fatos que citam como prova da existência desse poder são fatos naturais, mal observados e sobretudo mal compreendidos."

553. Que efeito podem produzir as fórmulas e práticas mediante as quais pessoas há que pretendem dispor da vontade dos Espíritos?
"O efeito de torná-las ridículas, se procedem de boa-fé. No caso contrário, são velhacos que merecem castigo. Todas as fórmulas são mera ilusão. Não há palavra sacramental nenhuma, nenhum sinal cabalístico, nem talismã, que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porquanto estes só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais."

a) - Mas alguns Espíritos não têm por vezes ditado, eles próprios, fórmulas cabalísticas?
"Efetivamente, Espíritos há que indicam sinais, palavras estranhas, ou prescrevem a prática de atos, por meio dos quais se fazem os chamados conjuros. Mas ficai certos de que são Espíritos que de vós outros escarnecem e zombam da vossa credulidade."

554. Não pode aquele que, com ou sem razão, confia no que chama a virtude de um talismã, atrair um Espírito, por efeito mesmo dessa confiança, visto que, então, o que atua é o pensamento, não passando o talismã de um sinal que apenas lhe auxilia a concentração?
"É verdade; mas da pureza da intenção e da elevação dos sentimentos depende a natureza do Espírito que é atraído. Ora, raramente aquele que seja bastante simplório para acreditar na virtude de um talismã deixará de colimar um fim mais material do que moral. Qualquer, porém, que seja o caso, essa crença denuncia uma inferioridade e uma fraqueza de ideias que favorecem a ação dos Espíritos imperfeitos e escarninhos."

555. Que sentido se deve dar ao qualificativo de feiticeiro?
"Aqueles a quem chamais feiticeiros são pessoas que, quando de boa-fé, gozam de certas faculdades, como sejam o poder magnético ou a segunda vista. Então, como fazem coisas que não são compreendidas, são tidas por dotadas de um poder sobrenatural. Os vossos cientistas não têm passado muitas vezes por feiticeiros aos olhos dos ignorantes?"

" O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação. O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única, mostrando a realidade das coisas e suas verdadeiras causas, constitui o melhor preservativo contra as ideias supersticiosas, porque revela o que é possível e o que é impossível, o que está nas leis da natureza e o que não passa de ridícula crendice." (O Livro dos Espíritos. Questões 551 a 555. Allan Kardec)

Diante destas questões, Hermínio C. Miranda esclarece: "Foram muito sóbrios os Espíritos, limitando-­se a respostas sumárias que, não obstante, deixaram aberturas para futuros desdobramentos.

(...)Naquilo que Deus não o permite, realmente, nada podem fazer os Espíritos ainda voltados para o mal - e essa é a nossa proteção, pois o que seria de nós se tudo lhes fosse permitido? Quando, porém, nos credenciamos a esse amparo? Talvez seja melhor reformular a questão: Quando nos tornamos vulneráveis e, portanto, expostos à cobrança? A partir do momento em que nos atritamos com as leis divinas, colocando­-nos, portanto, não fora de sua proteção, não abandonados por Deus, mas submetidos às consequências de nossas próprias ações. É assim que um Espírito faltoso coloca­-se, por exemplo, ao alcance de dores inomináveis, como a da obsessão. Realmente, seria desastroso que qualquer Espírito desajustado pudesse fazer conosco o que bem entendesse, mas estejamos certos de que, ao cometer nossos desatinos, abrimos a eles as portas da nossa intimidade. O próprio Cristo advertiu­nos de que, se não nos reconciliásse-mos com os nossos adversários, eles nos levariam ao juiz, e o juiz nos mandaria à prisão, donde somente seríamos liberados depois de cumprida toda a pena, até o último centavo. "(Diálogo com as sombras. Cap. 21. Hermínio C. Miranda)

Na Revista Espírita, Allan Kardec faz a seguinte elucidação: "Por vezes perguntam por que Deus  permite que os maus Espíritos atormentem os vivos. Poderíamos igualmente perguntar por que ele  permite  que os vivos se atormentem entre si. Perdemos muito de vista a analogia, as relações e a conexão que existem entre o mundo corporal e o mundo espiritual, que se compõem dos mesmos seres em dois estados diferentes. Aí está a chave de todos esses fenômenos considerados sobrenaturais.
Não nos devemos admirar mais das obsessões do que das doenças e outros males que afligem a Humanidade. Eles fazem parte das provas e das misérias devidas à inferioridade do meio onde nossas imperfeições nos condenam a viver, até que estejamos suficientemente melhorados para merecer dele sair. Os homens sofrem aqui as consequências de suas imperfeições, porque se fossem mais perfeitos, aqui não estariam." (Revista Espírita. Fevereiro de 1866. Curas de obsessões. Allan Kardec)

"A obsessão, como as enfermidades e todas as tribulações da vida, deve ser considerada prova ou expiação  e como tal aceita. (...) a  obsessão  é sempre o resultado de   uma   imperfeição moral, que dá acesso a um Espírito mau. (...)Quase sempre, a  obsessão   exprime a vingança que um Espírito tira e que com frequência se radica nas relações que o obsidiado manteve com ele em precedente existência." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 28. Item 81. Allan Kardec)

"Habilmente explorada pelos inimigos do Espiritismo, a obsessão é uma das provas mais perigosas que ele terá de sofrer, antes de se fixar de maneira estável no espírito das populações, por isto deve ser combatida por todos os meios possíveis, e sobretudo pela prudência e pela energia de vossos guias espirituais e terrestres.

(...)Quase todos os novos médiuns, em seu início, são submetidos a essa perigosa tentação. Alguns resistem a isso, mas muitos sucumbem, ao menos por algum tempo, até que sucessivos revezes venham desiludi-lo.

(...) A este, tal Espírito promete o segredo da transmutação dos metais, como a um médium de R...; àquele, como ao Sr..., um Espírito revela supostos acontecimentos que vão realizar-se, fixa as épocas, precisa as datas, nomeia os atores que devem concorrer ao drama anunciado; a tal outro, um Espírito mistificador ensina a incubação dos diamantes; a outros ainda indicam  tesouros   ocultos, prometem fortuna fácil, descobertas maravilhosas, a glória, as honrarias, etc. Numa palavra, todas as ambições e todas as cobiças dos homens são habilmente exploradas por Espíritos perversos. " (Revista Espírita. Dezembro de 1863. Os Conflitos. Erasto. Allan Kardec)

Por essa razão, Herculano Pires afirma que "Moisés proíbe os judeus, quando se estabeleceram em Canaã, de praticar estas abominações: fazer os filhos passarem pelo fogo; entregar-se à adivinhação, prognosticar, agourar ou fazer feitiçaria; fazer encantamento, necromancia, magia, ou consultar os mortos." (Visão Espírita da Bíblia. Cap. 10. J. Herculano Pires)

"O Espiritismo (...) diz que aos Espíritos não é dado revelar o futuro, e condena formalmente o emprego de comunicações do além-túmulo como meio de adivinhação. Ele diz que os Espíritos vêm para nos instruir e nos melhorar, e não para nos ler a  buena-dicha. Além disto, ele diz que ninguém pode obrigar os Espíritos a virem falar quando eles não querem. É desnaturar maldosamente o seu objetivo, pretender que ele faça a necromancia." (Revista Espírita. Setembro de 1864. O novo bispo de Barcelona. Allan Kardec)

"Necromancia é um ramo da magia antiga, das chamadas artes mágicas da Antiguidade. Através de ritos especiais, de práticas mágicas primitivas, os feiticeiros de antanho obrigavam os mortos a subirem da terra - ou seja, a saírem dos túmulos, como se vê no episódio bíblico da Pitonisa de Endor - para fazerem adivinhações e prognósticos. Os espíritas não usam nada disso. Não praticam ritos de espécie alguma, nem podem obrigar nenhum morto a sair do túmulo para um bate-papo à meia noite. Os espíritas dialogam com os espíritos, que não são mortos, mas vivos, criaturas de Deus mais vivas do que os chamados vivos da Terra. Jesus mostrou a diferença que existe entre Necromancia, arte mágica dos tempos de ignorância, e Espiritismo, doutrina racional e científica dos tempos de luz, ao evocar Elias e Moisés no Monte Tabor para conversar com eles diante dos apóstolos. E o apóstolo Paulo nos conta, em Coríntios I, ao tratar dos dons espirituais, como eram feitas as sessões espíritas do Cristianismo apostólico, em que os cristãos conversavam com os espíritos para a sua própria edificação espiritual. Confundir Necromancia com Espiritismo é ignorância..."( O homem novo. Dialogando com os mortos. J. Herculano Pires)

"(...) Sir James Frazer atribui à magia origens nitidamente religiosas, sob a forma de cultos à base de animais sacrificados. Oferendas de sangue e de estranhas substâncias eram feitas para propiciar os deuses em troca de favores, fosse em benefício de alguém ou com a intenção de destruí­lo. Entre os ritos destinados a destruir um inimigo, por exemplo, o mais antigo, dramático e conhecido, consiste em modelar uma pequena estátua representativa da vítima, geralmente em cera, e, com os métodos apropriados, espetá­lo com agulhas e punhais. "(Diálogo com as sombras. Cap. 21. Hermínio C. Miranda)

"O Cel. Albert De Rochas, do Exército francês, diretor do Instituto Politécnico de Paris, realizou pesquisas sobre a magia em relação com o hipnotismo, nos fins do século passado...Pesquisando a infiltração da magia na Igreja, a tradição mágica, diz ele, vinda das mais antigas civilizações, conservou-se entre os cristãos primitivos e penetrou fundamente no meio eclesiástico. Descreve numerosos casos de feitiçaria constantes dos arquivos do Vaticano, em que padres, bispos e cardeais entregaram-se a essa prática para afetar adversários religiosos ou políticos, atingir príncipes, reis, rainhas e figuras importantes da nobreza. Certos clérigos usaram, segundo relatam os processos arquivados, a chamada magia simpática ou simpatética, o antiquíssimo processo de moldar imagens de cera, das pessoas visadas, e agir sobre elas à distância, ferindo as imagens. Deu-se mesmo a mistura do bem e do mal, quando sacerdotes mágicos aplicavam sacramentos aos bonecos de cera "chamando o Demônio em seu auxílio pela profanação das espécies sagradas", ou seja, dos materiais empregados nos sacramentos." (Revisão do Cristianismo. Cap. 3. J. Herculano Pires)

Segundo o Espírito André Luiz, "Talismãs e altares, vestes e paramentos, símbolos e imagens, vasos e perfumes, não passam de petrechos destinados a incentivar a produção de ondas mentais, nesse ou naquele sentido, atraindo forças do mesmo tipo que as arremessadas pelo operador dessa ou daquela cerimônia mágica ou religiosa e pelas assembléias que os acompanham, visando a certos fins.

E compreendendo-se que os semelhantes se atraem, o bruxo que se vale da mandrágora para endereçar vibrações deprimentes a certa pessoa, a esta procura induzir à emissão de energias do mesmo naipe com que, à base de terror, assimila correntes mentais inferiores, prejudicando a si mesma, sempre que não possua a integridade da consciência tranqüila." (Mecanismos da Mediunidade. Cap. 25. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)

No entanto, em casos de hipnose, o Espírito  André Luiz explica que "para que haja sintonia nas ações que envolvam compromisso moral, é imprescindível que a onda do hipnotizador se case perfeitamente à onda do hipnotizado, com plena identidade de tendências ou opiniões, qual se estivessem jungidos, moralmente, um ao outro nos recessos da afinidade profunda." (Mecanismos da Mediunidade. Cap. 13. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)

Entretanto, os Espíritos Superiores afirmam: "DEUS NÃO ESCUTA A MALDIÇÃO INJUSTA e culpado perante ele se torna o que a profere. Como temos os dois gênios opostos, o bem e o mal, pode a maldição exercer momentaneamente influência, mesmo sobre a matéria. Tal influência, porém, só se verifica por vontade de Deus como aumento de prova para aquele que é dela objeto. Demais, o que é comum é serem amaldiçoados os maus e abençoados os bons. Jamais a bênção e a maldição podem desviar da senda da justiça a Providência, que nunca fere o maldito, senão quando mau, e cuja proteção não acoberta senão aquele que a merece." (O Livro dos Espíritos.  Questão 557. Allan Kardec)

Diante do exposto, Hermíno C. Miranda faz a seguinte recomendação aos Espíritas: "Estejamos vigilantes, porém tranquilos e guardados na paz do Cristo. Se o nosso trabalho é de Deus, sigamos em frente, serenos, confiantes, destemidos. Estejamos preparados, porém, para enfrentar os companheiros desarmonizados.

(...)Temos que atuar não sobre esses sinais exteriores dos seus cultos, mas sobre os seus Espíritos atormentados, embora aparentemente seguros e frios (...)Lembremo-­nos de que os Espíritos que na Terra estiveram envolvidos nas práticas mágicas não desapareceram, nem se perdeu  o conhecimento dos mecanismos de certas leis do magnetismo, da hipnose, da manipulação de drogas e fluídos, de forças naturais e de toda a parafernália que lhes proporcionava poderes secretos e misteriosos, mas muito reais. Com os esclarecimentos contidos hoje na Doutrina Espírita, estamos em condições de entender muitos desses segredos e mistérios, pois, no fundo, o mago sempre foi um médium, assistido por companheiros desencarnados, com os quais se afina bem, no interesse de ambos. Os Espíritos vivem em grupos, ligados por interesses comuns, e revezam­-se na carne e no além, apoiando­-se mutuamente, alguns empenhados em finalidades nobres, construtivas e reparadoras, e outros envolvidos, século após século, em lamentáveis e tenebrosas práticas de dominação e vingança, tortura, perseguição, infligindo sofrimentos atrozes aos infelizes que lhes caem sob o poder maligno e infeliz.

(...)Em Espiritismo, diríamos que se trata de sintonia vibratória. Não que a magia tenha poderes por si mesma, pois ela não encontra ressonância e, por conseguinte, não alcança êxito junto àqueles que já se redimiram, ou que, pelo menos, acham-se defendidos pela prece, pela vigilância e pela prática da caridade, no serviço ao próximo. "(Diálogo com as sombras. Cap. 21. Hermínio C. Miranda)

"Em resumo, a prece fervorosa e  os esforços  sérios por se melhorar são os  únicos meios  de  afastar  os  maus  Espíritos , que reconhecem seus mestres naqueles que praticam o bem, ao passo que as fórmulas lhes provocam o riso. A cólera e a impaciência os excitam. É preciso cansá-los, mostrando-se mais pacientes do que eles." (Revista Espírita. Dezembro de 1862. Estudo sobre os possessos de Morzine. Allan Kardec)

"Estendemo-nos sobre essas citações para mostrar que os princípios do Espiritismo não têm nenhuma relação com os da magia. Assim, não há Espíritos às ordens dos homens, não há meios de coagi-los, não há sinais ou fórmulas cabalísticos, não há descobertas de tesouros ou procedimentos para enriquecer, nada de milagres ou prodígios, não há adivinhações nem aparições fantásticas; nada enfim do que constitui o objetivo e os elementos essenciais da magia; não só o Espiritismo desaprova todas essas coisas, como demonstra sua impossibilidade e ineficácia. Não há portanto nenhuma analogia entre o fim e os meios da magia e os do Espiritismo; querer assimilá-los não pode ser devido senão à ignorância ou má fé; e como os princípios do Espiritismo não têm nada secreto, são formulados em termos claros e sem equívoco, o erro não poderia prevalecer." (O Céu e o inferno. Cap. 10. Item 11. Allan Kardec)

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