SERÁ QUE É POSSÍVEL CONSIDERAR-SE ESPÍRITA SEM SEGUIR OS PRINCÍPIOS DO CRISTIANISMO?

        Existem diversos tipos de indivíduos que se consideram Espíritas, segundo a classificação de Allan Kardec, mas os verdadeiros Espíritas são apenas os cristãos. Portanto, não é possível se considerar Espírita sem seguir os princípios do Cristianismo.
        A base dos fundamentos da Doutrina Espírita são os ensinamentos do Cristo e dos Espíritos Superiores, codificados por Allan Kardec.
        Segundo o Espírito Luís de França, "Ora, o Espiritismo não é senão a aplicação verdadeira dos princípios da moral ensinada por Jesus, porque não é senão com o objetivo de fazê-la por todos compreendida, a fim de que por ela todos progridam mais rapidamente, que Deus permite esta universal manifestação do Espírito, vindo explicar-vos o que vos parecia obscuro e vos ensinar toda a verdade. Ele vem, como o Cristianismo bem compreendido, mostrar ao homem a absoluta necessidade de sua renovação interior pelas próprias consequências de cada um de seus atos, de cada um de seus pensamentos, porque nenhuma emanação fluídica, boa ou má, escapa do coração ou do cérebro do homem sem deixar uma marca em algum lugar." (Revista Espírita.  Maio de 1866. O Espiritismo obriga. Luís de França/ Allan Kardec)
        No entanto, de acordo com o Codificador da Doutrina Espírita, entre os "ESPÍRITAS" que se convenceram por um estudo direto, podem destacar-se:
        1º Os que crêem pura e simplesmente nas manifestações. Para eles, o Espiritismo é apenas uma ciência de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos. Chamar-lhes-emos ESPÍRITAS EXPERIMENTADORES.
        2º Os que no Espiritismo vêem mais do que fatos; compreendem-lhe a parte filosófica; admiram a moral daí decorrente, mas não a praticam. Insignificante ou nula é a influência que lhes exerce nos caracteres. Em nada alteram seus hábitos e não se privariam de um só gozo que fosse. O avarento continua a sê-lo, o orgulhoso se conserva cheio de si, o invejoso e o cioso sempre hostis. Consideram a caridade cristã apenas uma bela máxima. São os ESPÍRITAS IMPERFEITOS.
        3º Os que não se contentam com admirar a moral espírita, que a praticam e lhe aceitam todas as conseqüências. Convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar os seus breves instantes para avançar pela senda do progresso, única que os pode elevar na hierarquia do mundo dos Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e coibir seus maus pendores. As relações com eles sempre oferecem segurança, porque a convicção que nutrem os preserva de pensarem  praticar o mal. A caridade é, em tudo, a regra de proceder a que obedecem. São OS VERDADEIROS ESPÍRITAS OU MELHOR, OS ESPÍRITAS CRISTÃOS.
        4º Há, finalmente, os ESPÍRITAS EXALTADOS. A espécie humana seria perfeita, se sempre tomasse o lado bom das coisas. Em tudo, o exagero é prejudicial. Em Espiritismo, infunde confiança demasiado cega e freqüentemente pueril, no tocante ao mundo invisível, e leva a aceitar-se, com extrema facilidade e sem verificação, aquilo cujo absurdo, ou impossibilidade a reflexão e o exame demonstrariam. O entusiasmo, porém, não reflete, deslumbra. Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do Espiritismo. São os menos aptos para convencer a quem quer que seja, porque todos, com razão, desconfiam dos julgamentos deles. Graças à sua boa-fé, são iludidos, assim, por Espíritos mistificadores, como por homens que procuram explorar-lhes a credulidade. Meio-mal apenas haveria, se só eles tivessem que sofrer as conseqüências. O pior é que, sem o quererem, dão armas aos incrédulos, que antes buscam ocasião de zombar, do que se convencerem e que não deixam de imputar a todos o ridículo de alguns. Sem dúvida que isto não é justo, nem racional; mas, como se sabe, os adversários do Espiritismo só consideram de bom quilate a razão de que desfrutam, e conhecer a fundo aquilo sobre que discorrem é o que menos cuidado lhes dá. (O Livro dos Médiuns. Cap. 3. Item 28. Allan Kardec)
        Segundo Herculano Pires, "Kardec dizia, como muita razão, que os adeptos demasiado  entusiastas são mais perigosos para a doutrina do que os próprios adversários. Porque estes, combatendo o que não conhecem, evidenciam a própria fraqueza e contribuem para o esclarecimento do povo, enquanto os adeptos de entusiasmo fácil comprometem a causa. O que estamos vendo hoje, no meio espírita brasileiro, não é mais do que a confirmação dessa assertiva do codificador. Espíritas demasiado entusiastas estão sempre prontos a receber qualquer “nova revelação” que lhes seja oferecida e a divulgá-la sofregamente, como verdades incontestáveis. (...)Em geral, nossos confrades se entusiasmam com “as novas  revelações” aparentemente contidas nas mesmas, esquecendo-se de passá-las, como aconselhava Kardec, pelo crivo da razão.
        (...) O que temos de aconselhar a todos, pelo menos a todos os que nos consultam a respeito, é mais leitura e mais estudo de Kardec..."(O mistério do bem e do mal. Necessidade do estudo de Kardec para discernimento doutrinário. J. Herculano Pires)
        O Espírito de Verdade, que é o próprio Jesus Cristo, faz a seguinte recomendação: "Espíritas! Amai-vos, este é o primeiro ensinamento, instruí-vos este o segundo'' (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 6. Item 5. Espírito de Verdade /Allan Kardec)
        Segundo o Espírito Emmanuel, "o conhecimento é a porta amiga que nos conduzirá aos raciocínios mais puros..." (O consolador. Questão 230. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).
        "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 17. Item 4. Allan Kardec)
        "O objetivo que todo Espírita deve ter em mira, se quiser merecer esse título, é seu próprio melhoramento moral. Eu sou melhor do que o era? Corrigi-me de algum defeito? Fiz o bem ou o mal ao próximo? Eis o que todo Espírita sincero e convicto deve perguntar. "(Revista Espírita. Setembro de 1867. Caracteres da Revelação Espírita. Allan Kardec)
        O modelo maior de conduta moral a ser seguido é Jesus Cristo.

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