Chico Xavier nos conta os antecedentes da recepção desta mensagem de Emmanuel. Como se vê, cada mensagem tem uma história, é provocada pelos anseios e necessidades dos que vão visitá-lo. Passemos ao seu relato:
“As tarefas da noite foram precedidas de várias indagações que pareciam concentradas num só assunto: as dificuldades do relacionamento em família. Os grupos de irmãos procedentes de vários lugares davam a ideia de haverem previamente combinado um encontro conosco para o debate do problema. Esposos em desarmonia, filhos e pais em desacordo, parentes que se queixavam de familiares diversos, pessoas que se haviam amado no circulo doméstico e acabaram por separar-se umas das outras sem abandonar a casa.
Nesse clima começamos a reunião e O Evangelho Segundo o Espiritismo ofereceu-nos o item 8 do capítulo XIV para estudo. Depois dos comentários feitos por alguns dos nossos irmãos presentes, nosso Emmanuel escreveu a página que lhe envio e que amigos nossos, domiciliados em cidades distantes, solicitaram que fosse encaminhada às suas mãos. Cumpro com prazer o que prometi.”
Desposaste alguém que não mais te parece a criatura ideal que conheceste. A convivência te arrancou aos olhos as cores diferentes com que o noivado te resguardava o futuro que hoje se fez presente.
Em torno, provações, encargos renascentes, familiares que te pedem apoio, obstáculos por vencer. E sofres.
Entretanto, recorda que antes da união falavas de amor e te mostravas na firme disposição em que assumiste os deveres que te assinalam agora os dias, e não recues da frente de trabalho a que o mundo te conduziu.
Se a criatura que te compartilha transitoriamente o destino não é aquela que imaginaste e sim alguém que te impõe difícil tarefa a realizar, observa que a união de ambos não se efetuaria sem fins justos e dá de ti quanto possível para que essa mesma criatura venha a ser como desejas.
Diante de filhos ou parentes outros que se valem de títulos domésticos para menosprezar-te ou ferir-te, nem por isso deixes de amá-los. São eles, presentemente na Terra, quais os fizemos em outras épocas, e os defeitos que mostrem não passam de resultados das lesões espirituais causadas por nós mesmos, em tempos outros, quando lhes orientávamos a existência nas trilhas da evolução.
É provável tenhamos dado um passo à frente. Talvez o contato deles agora nos desagrade pela tisna de sombra que já deixamos de ter ou de ser. Isso, porém, é motivação para auxílio, não para fuga.
Atentos ao princípio de livre arbítrio que nos rege a vida espiritual, é claro que ninguém te impede de cortar laços, sustar realizações, agravar dívidas ou delongar compromissos.
O divórcio é medida perfeitamente compreensível e humana, toda vez que os cônjuges se confessam à beira da delinquência, conquanto se erija em moratória de débito para resgate em novo nível. E o afastamento de certas ligações é recurso necessário em determinadas circunstâncias, a fim de que possamos voltar a elas, algum dia, com o proveito preciso.
Reflete, porém, que a existência na Terra é um estágio educativo ou reeducativo e tão só pelo amor com que amamos, mas não pelo amor com que esperamos ser amados, ser-nos-á possível trabalhar para redimir e, por vezes, saber perder para realmente vencer.
(Na era do Espírito. Espírito Emmanuel. J. Herculano Pires/ Chico Xavier)