O renomado escritor espírita Herculano Pires dizia: "Quanto às mensagens de Ramatis, também já tivemos ocasião de declarar que se trata de mensagens mediúnicas a serem examinadas. De nossa parte, consideramo-las como mensagens confusas, dogmáticas, vazadas na linguagem típica dos espíritos pseudo-sábios, a que Kardec se refere na escala espírita de O Livro dos Espíritos." (O mistério do bem e do mal. Necessidade do estudo de Kardec para discernimento doutrinário. J. Herculano Pires)
De acordo com o Codificador, os "ESPÍRITOS PSEUDO-SÁBIOS, dispõem de conhecimentos bastante amplos, porém, crêem saber mais do que realmente sabem. Tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, a linguagem deles aparenta um cunho de seriedade, de natureza a iludir com respeito às suas capacidades e luzes. Mas, em geral, isso não passa de reflexo dos preconceitos e idéias sistemáticas que nutriam na vida terrena. É uma mistura de algumas verdades com os erros mais polpudos, através dos quais penetram a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que ainda não puderam despir-se." (O Livro dos Espíritos. Item 104. Allan Kardec)
Allan Kardec, em " O Livro dos Médiuns", explica em detalhes como é a linguagem dos Espíritos Superiores e inferiores:
"Os Espíritos superiores se exprimem com simplicidade, sem prolixidade. Têm o estilo conciso, sem exclusão da poesia das ideias e das expressões, claro, inteligível a todos, sem demandar esforço para ser compreendido. Têm a arte de dizer muitas coisas em poucas palavras, porque cada palavra é empregada com exatidão. Os Espíritos inferiores, ou falsos sábios, ocultam sob o empolamento, ou a ênfase, o vazio de suas ideias. Usam de uma linguagem pretensiosa, ridícula, ou obscura, à força de quererem pareça profunda." (O Livro dos Médiuns. Cap. 24. Item 267. Allan Kardec)
A linguagem de Ramatis, observada em suas obras, é exatamente como Allan Kardec descreve: confusa, obscura, pretensiosa e cheia de contradições quando comparada as obras dos Espíritos Superiores e do Evangelho de Jesus Cristo. Um claro exemplo de sua falsidade, é o fato de Ramatis querer diminuir a superioridade de Jesus Cristo, através de alegações absurdas e contraditórias, dizendo que o Mestre aprendeu a contar parábolas e a realizar a técnica de cura, com os Essênios, até mesmo copiou o seus estatutos.
Ramatis disse: - "Embora se tratasse de entidade angélica, responsável pela vida espiritual do orbe terráqueo, Jesus também teve que se adaptar sensatamente ao metabolismo complexo da vida humana e de suas relações com o meio. Sob a pedagogia dos Essênios, amigos da família, Jesus desenvolveu as suas forças ocultas sob rigorosa disciplina e aprendizado terapêutico, a ponto de curar pela simples presença, aqueles que dinamizavam um intenso estado de fé em sua alma. (...) Certas máximas evangélicas de Jesus eram verdadeiras paráfrases ou preceitos do mais puro essenismo, tal como os ensinamentos da "porta estreita", "não ponhais a candeia debaixo do alqueire" ou o conceito de "não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita", ainda hoje sublimado no tronco das oferendas usado no seio da maçonaria. Aliás, o capítulo VII de Mateus, em seus vinte e nove versículos, é quase UM RESUMO DOS ESTATUTOS DOS ESSÊNIOS, elaborado para graduar as diversas fases da iniciação dos neófitos nos santuários maiores. " (O sublime peregrino. Espírito Ramatis. Médium Hercílio Maes.)
No entanto, o Espírito Emmanuel, contradiz esta hipótese e afirma: "Muitos séculos depois da sua exemplificação incompreendida, há quem o veja entre os essênios, aprendendo as suas doutrinas, antes do seu messianismo de amor e de redenção. (...) O Mestre, porém, não obstante a elevada cultura das escolas essênias, não necessitou da sua contribuição. Desde os seus primeiros dias na Terra, mostrou-se tal qual era, com a superioridade que o planeta lhe conheceu desde os tempos longínquos do princípio." (A caminho da luz. Espírito Emmanuel. Médium Chico Xavier.)
Jesus não precisou aprender com os essênios para conseguir realizar as curas ou desenvolver as parábolas e ensinamentos; sendo um Espírito Puro, Ele tinha uma relação direta com Deus e dizia: "A minha doutrina não é minha, e sim, daquele que me enviou." (João 7:16). "Pois não falei por mim mesmo, mas o Pai que me enviou me ordenou o que dizer e o que falar. Sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu digo é exatamente o que o Pai me mandou dizer". (João 12:49-50)
Allan Kardec também faz a seguinte afirmação: "Do fato de haver Jesus conhecido a seita dos essênios, fora errôneo concluir-se que a sua doutrina hauriu-a ele na dessa seita e que, se houvera vivido noutro meio, teria professado outros princípios." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução. IV. Allan Kardec)
Um outro exemplo de contradição é a obra "A vida no planeta Marte e os discos voadores" de Hercílio Maes, onde o Espírito Ramatis afirma que "Marte é mundo habitado e superior à Terra, com um índice científico, social, moral e espiritual primoroso" e "em suas excursões interplanetárias, podem levar, nos bolsos, alimentação para muitos dias". Conforme a ciência terrestre, discos voadores não existem, são fantasias absurdas da Ufologia, que é uma pseudo-ciência. Além disso, Allan Kardec também contradiz esta teoria falsa, dizendo: " Segundo os Espíritos, de todos os mundos que compõem o nosso sistema planetário, a Terra é dos de habitantes menos adiantados, física e moralmente. Marte lhe estaria ainda abaixo, sendo-lhe Júpiter superior de muito, a todos os respeitos. "(O Livro dos Espíritos. Questão 188. Allan Kardec). " OS ESPÍRITOS SUPERIORES (...) PODEM VIR AOS MUNDOS INFERIORES, E, ATÉ, ENCARNAR NELES. TIRAM, DOS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO MUNDO ONDE ENTRAM, OS MATERIAIS PARA A FORMAÇÃO DO ENVOLTÓRIO FLUÍDICO OU CARNAL APROPRIADO AO MEIO EM QUE SE ENCONTREM. " (A Gênese. Cap. 14. Item 9. Allan Kardec). Sendo assim, a hipótese de um extraterrestre vir à Terra revestido de matéria proveniente de Marte, um planeta inferior, que é totalmente diferente do nosso, é, provavelmente impossível, pois não conseguiria sobreviver aqui, do mesmo modo que o ser humano não poderia ir para outro planeta sem ter condições materiais apropriadas para a sua sobrevivência.
Segundo Herculano Pires, "A facilidade com que a maioria das pessoas aceita livros de evidente mistificação, como os Evangelhos de Roustaing, as obras de Ramatis, e tantas outras, eivadas de contradições e de passagens ridículas, destinadas especialmente a ridicularizar a Doutrina, provém dos milênios de sujeição das massas à mistificação clerical." (O Centro Espírita. Cap. 3. J. Herculano Pires)
"OS PRINCÍPIOS DA CODIFICAÇÃO NÃO PODEM SER ALTERADOS PELA OBRA DE UM ESPÍRITO ISOLADO. A Codificação não é obra de vidência, mas de pesquisa científica realizada por Kardec sob orientação e vigilância dos Espíritos Superiores." (Mediunidade. Cap. 3. J. Herculano Pires)
De acordo com Allan Kardec, "TODA TEORIA EM MANIFESTA CONTRADIÇÃO COM O BOM SENSO, COM UMA LÓGICA RIGOROSA E COM OS DADOS POSITIVOS JÁ ADQUIRIDOS, DEVE SER REJEITADA, por mais respeitável que seja o nome que traga como assinatura." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução. 2. Autoridade da Doutrina Espírita. Allan Kardec)
Por isso, os Espíritas devem analisar as comunicações espirituais ou psicografias dos médiuns, conforme a recomendação do Codificador, que diz assim: "Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos antigos provérbios. Não admitais, pois, senão aquilo que vos é de uma evidência certa. Desde que surja uma opinião nova, por pouco duvidosa que vos pareça, passai-a pelo crivo da razão e da lógica. Aquilo que é reprovado pela razão e pelo bom senso deve ser rejeitado firmemente. Mais vale repelir dez verdades que admitir uma só mentira, uma só teoria falsa." (Revista Espírita. Agosto de 1861. Da influência moral dos médiuns nas comunicações. Allan Kardec)