Questão de sorte

Respondo a sua pergunta

Caro Juca Penaforte,

Quanto ao que penso no Além

Do que aceitamos por sorte.

Sorte, meu caro, na essência,

É aquela força tenaz

Que surge e vive conosco

Daquilo que a gente faz.

Repetimos comumente:

-“Sorte má, sorte feliz...”

Sem ver que o dono da sorte

Encontrou o que mais quis.

A vida é um campo infinito,

O tempo é terreno igual,

Nossos atos são sementes

Produzindo bem ou mal.

Um pensamento, um projeto,

Algum gesto pequenino...

Depois... palavras e ações

Apresentando um destino.

Quanto queira, estude a sorte

Por predição ou baralho,

Mas ouça: fazer a sorte

Nunca dispensa o trabalho.

Quanto à sorte generosa,

Como se quer entender,

A direção que se tome

É a nota que vai dizer.

Não fique aguardando o tempo,

Todo o tempo vai-se embora,

Na criação que se faça,

O tempo chama-se “agora”.

Pessoa parada sempre

Deixando o tempo passar

Sem gastar-se por servir

Que não se queixe do azar.

Recorde: só via ouro

Nosso amigo Aristeu,

Acabando-se a fortuna,

Teve a luta que escolheu.

Largou-se de todo encargo

O nosso amigo João Massa,

Depois não soube viver

Senão em sono e cachaça.

Lembre Donana... Era ativa

Mas sempre em grito e querela

Por fim, morreu solitária,

O povo fugia dela.

Abrahão era obreiro firme

Mas áspero e respondão...

O resultado foi este:

Ninguém gostava do Abrahão.

Lilia quando empregada,

Cultivava a rebeldia,

Vimos nós em pouco tempo

Dez demissões de Lilia.

Por reclamar e ferir

O nosso Adalberto Fava

Nunca teve boa sorte

Nas empresas que criava.

Vitorino o costureiro,

Pôs tanto aperto no ensino,

Que não se viu mais ninguém

Nas aulas do Vitorino.

João da Extrema quis casar-se,

Ma dava tanto problema

Que não houve moça alguma

Que quisesse João da Extrema.

Dona Rita, grande dama,

Sempre nervosa e esquisita...

Anote: ninguém parava

Na casa de Dona Rita.

É isso aí, caro amigo,

Digamos em alta voz:

Deus nos cria o tempo e a vida,

A sorte fazemos nós.

Em todo lugar do mundo,

Serviço é o melhor troféu,

Não busque o favor da sorte,

Que a sorte não cai do Céu.

(Conversa fime. Espírito Cornélio Pires. Psicografado por Chico Xavier)

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