Em "O Livro dos Médiuns" há uma pergunta semelhante sobre este assunto e obtemos a seguinte resposta:
Pode alguém, sem ser médium, evocar os Espíritos?
"Toda gente pode evocar os Espíritos e, se aqueles que evocares não puderem manifestar-se materialmente, nem por isso deixarão de estar junto de ti e de te escutar." (O Livro dos Médiuns. Cap. 25. Item 282. Quentão 1. Allan Kardec)
Obs.: Em outras palavras significa que não precisa necessariamente ser médium para realizar a evocação, pois todos podemos entrar em comunicação com os espíritos e estar perto deles, mesmo que não consigamos ouvir a resposta deles por meio do pensamento ou obtê-la por meio de um médium.
A evocação é a maneira pelo qual nos comunicamos com os Espíritos, podendo ser realizada através do pensamento oculto, ou de forma ostensiva, por meio de médiuns (intermediários). Pensar num espírito é evocá-lo, como ensina Kardec.
Segundo Allan Kardec, "As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas se verificam pela influência boa ou má que exercem sobre nós, à nossa revelia. Cabe ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. As comunicações ostensivas se dão por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, quase sempre pelos médiuns que lhes servem de instrumentos." (O Livro dos Espíritos. Introdução ao estudo da doutrina espírita. Item 6. Allan Kardec)
"A prece, bem o sabes, é uma evocação que atrai os Espíritos. Tanto maior ação terá, quanto mais fervorosa e sincera for. " (O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap. 9. Item 132. Allan Kardec)
"Todos os Espíritos, qualquer que seja o grau em que se encontrem na escala espiritual, podem ser evocados: assim os bons, como os maus, tanto os que deixaram a vida de pouco, como os que viveram nas épocas mais remotas, os que foram homens ilustres, como os mais obscuros, os nossos parentes e amigos, como os que nos são indiferentes. Isto, porém, não quer dizer que eles sempre queiram ou possam responder ao nosso chamado. Independente da própria vontade, ou da permissão, que lhes pode ser recusada por uma potência superior, é possível se achem impedidos de o fazer, por motivos que nem sempre nos é dado conhecer. " (O Livro dos Médiuns. Cap. 25. Item 274. Allan Kardec)
"Os médiuns são geralmente muito mais procurados para as evocações de interesse particular, do que para comunicações de interesse geral; isto se explica pelo desejo muito natural que todos têm de confabular com os entes que lhes são caros. Julgamos dever fazer a este propósito algumas recomendações importantes aos médiuns. Primeiramente que não acedam a esse desejo, senão com muita reserva, se se trata de pessoas de cuja sinceridade não estejam completamente seguros e que se acautelem das armadilhas que lhes possam preparar pessoas malfazejas. Em segundo lugar, que a tais evocações não se prestem, sob fundamento algum, se perceberem um fim de simples curiosidade, ou de interesse, e não uma intenção séria da parte do evocador; que se recusem a fazer qualquer pergunta ociosa, ou que sai do âmbito das que racionalmente se podem dirigir aos Espíritos. As perguntas devem ser formuladas com clareza, precisão e sem ideia preconcebida, em se querendo respostas categóricas. Cumpre, pois, se repilam todas as que tenham caráter insidioso, porquanto é sabido que os Espíritos não gostam das que têm por objetivo pô-los à prova. Insistir em questões desta natureza é querer ser enganado. O evocador deve ferir franca e abertamente o ponto visado, sem subterfúgios e sem circunlóquios. Se receia explicar-se, melhor será que se abstenha.
Convém igualmente que só com muita prudência se façam evocações na ausência das pessoas que as pediram, sendo mesmo preferível que não sejam feitas nessas condições, visto que somente aquelas pessoas se acham aptas a analisar as respostas, a julgar da identidade, a provocar esclarecimentos, se for oportuno, e a formular questões incidentes, que as circunstâncias indiquem. Além disso, a presença delas é um laço que atrai o Espírito, quase sempre pouco disposto a se comunicar com estranhos, que lhes não inspiram nenhuma simpatia. O médium, em suma, deve evitar tudo o que possa transformá-lo em agente de consultas, o que, aos olhos de muitas pessoas, é sinônimo de ledor da "buena-dicha"." (O Livro dos Médiuns. Cap. 25. Item 273. Allan Kardec)
"Frequentemente, as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos, sobretudo quando se trata de obter respostas precisas a questões circunstanciadas. Para isto, são necessários médiuns especiais, ao mesmo tempo flexíveis e positivos ( estes últimos são bastante raros), por isso que, conforme dissemos, as relações fluídicas nem sempre se estabelecem instantaneamente com o primeiro Espírito que se apresente. Daí convir que os médiuns não se entreguem às evocações pormenorizadas, senão depois de estarem certos do desenvolvimento de suas faculdades e da natureza dos Espíritos que os assistem, visto que com os mal assistidos as evocações nenhum caráter podem ter de autenticidade." (O Livro dos Médiuns. Cap. 25. Item 272. Allan Kardec)
Qual é a finalidade de realizar as evocações?
As evocações podem ser feitas para pedir conselhos de caráter moral, relativos à saúde, esclarecimentos de entes queridos, assim como, para fornecer auxílio aos espíritos sofredores, afastar os obsessores por meio da doutrinação e receber instruções úteis para fins gerais.
De acordo com Allan Kardec, "A moralização de um Espírito, pelos conselhos de uma terceira pessoa influente e experiente, não estando o médium em estado de o fazer, constitui frequentemente meio muito eficaz." (O Livro dos Médiuns. Segunda parte. Cap. 14. Item 162. Allan Kardec)
"O Espiritismo afirma expressamente que não se podem dirigir aos Espíritos toda sorte de perguntas; que eles vêm para nos instruir e nos tornar melhores, e não para se ocuparem de interesses materiais; que é equivocar-se quanto ao objetivo das manifestações nelas ver um meio de conhecer o futuro, descobrir tesouros ou heranças, fazer invenções e descobertas científicas para ilustrar-se ou enriquecer sem trabalho; numa palavra, que os Espíritos não vêm ler a buena-dicha." (Revista Espírita. Abril de 1863. Suicídio falsalmente atribuído ao Espiritismo. Allan Kardec)
"A natureza das respostas depende muito da maneira de fazer as perguntas. É necessário aprender a conversar com os Espíritos, assim como aprendemos a conversar com os homens. Em tudo é preciso experiência. Por outro lado, o hábito faz que os Espíritos se identifiquem conosco e com o médium; que os fluidos se combinem e as comunicações sejam mais fáceis; então entre eles e nós se estabelecem conversas realmente familiares. Aquilo que não dizem hoje, dirão amanhã; habituam-se à nossa maneira de ser, como nós à deles; ficamos reciprocamente mais à vontade. Quanto à interferência de maus Espíritos e de Espíritos enganadores ─ o que constitui o grande obstáculo ─ a experiência nos ensina a combatê-los e podemos sempre evitá-los. Se não lhes damos guarida, eles não vêm porque sabem que vão perder o seu tempo."(Revista Espírita. Janeiro de 1859. A S. A. O Príncipe G. Allan Kardec).
"A prece fervorosa e os esforços sérios por se melhorar são os únicos meios de afastar os maus Espíritos, que reconhecem seus mestres naqueles que praticam o bem, ao passo que as fórmulas lhes provocam o riso. A cólera e a impaciência os excitam. É preciso cansá-los, mostrando-se mais pacientes do que eles. Por vezes, entretanto, acontece que a subjugação atinge o ponto de paralisar a vontade do obsedado, e que deste não se pode esperar nenhum concurso valioso. É sobretudo então que a intervenção de terceiros se torna necessária, quer pela prece, quer pela ação magnética. Mas o poder dessa intervenção também depende do ascendente moral que o interventor possa ter sobre os Espíritos, porque, se não valerem mais, sua ação será estéril."(Revista Espírita. Dezembro de 1862.Estudos sobre os possessos de Morzine. Causas da obsessão e meios de combatê-la. Allan Kardec )
Conforme Herculano Pires, " Só temos poder sobre os espíritos inferiores e maus, quando dispomos da única força para isso, que é a autoridade moral. Quem não dispõe de coração limpo e cheio de amor pelos semelhantes, de uma consciência tranqüila e do desejo legítimo de servir com humildade, não deve dirigir sessões mediúnicas." (O infinito e o finito. Cap. 25. J. Herculano Pires)
Concluí-se, portanto, que de maneira oculta podemos entrar em comunicação com os nossos Espíritos protetores para pedir auxílio por nós ou pelo próximo, em contrapartida, para evocar um espírito através de um médium, principalmente os inferiores, engadores e maus, é necessário ter experiência e autoridade moral para obter eficácia no trabalho.
Por este motivo, na época de Allan Kardec, existiam algumas regras para se admitir um novo voluntário (sócio titular) para exercer tal responsabilidade na Sociedade Pariense de Estudos Espíritas, conforme diz o art. 5°:
"Para ser sócio titular, é preciso que a pessoa tenha sido, pelo menos durante um ano, associado livre, tenha assistido a mais de metade das sessões e dado, durante esse tempo, provas notórias de seus conhecimentos e de suas convicções em matéria de Espiritismo, de sua adesão aos princípios da Sociedade e do desejo de proceder, em todas as circunstâncias, para com seus colegas, de acordo com os princípios da caridade e da moral espírita." (O Livro dos Médiuns. Cap. 30. Allan Kardec).
Aquele que não quiser seguir estas instruções, ou seja, não possuir conhecimento aprofundado sobre a Doutrina Espírita e nem experiência prática para iniciar um trabalho numa sessão mediúnica pode ser facilmente enganado por Espíritos falsos e maus, e ainda poderá sofrer as consequências dos maus fluidos do ambiente, ser atingido pela obsessão ou a fascinação. Sendo assim, não se recomenda a qualquer um fazer evocações em sessões mediúnicas.