QUAL O SENTIDO DO ENSINAMENTO EVANGÉLICO: "O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO NÃO SERÁ PERDOADO"?

No Evangelho de Mateus está escrito: "Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas o pecado contra o Espírito Santo não lhes será perdoado." (Mateus 12:31)

"Das palavras acima transcritas, outrora dirigidas por Jesus aos fariseus, concluímos que existem duas categorias de pecados: uma que faz jus a perdão, outra que não o faz.

Vejamos como distingui-las.

Que é pecado? - Pecado é toda infração à Lei de Deus. Essa Lei é perfeita, é integral; abrange a verdade em sua plenitude, a suprema razão, a infinita justiça.

O homem, ser relativo, não é passível de culpa pelas infrações da Lei senão daquela parte que conhece. Sua responsabilidade é medida pela extensão exata do saber adquirido." (Nas pegadas do Mestre. Cap. 12 - Pecado sem perdão. Vinícius)

Jesus disse: "A quem muito tem sido dado, muito será pedido." (Lucas 12:48)

De acordo com os Espíritos Superiores, "Deus não criou Espíritos maus; criou-os simples e ignorantes, ou seja, tão aptos para o bem quanto para o mal; os que são maus, assim se tornaram por sua vontade." (O Livro dos Espíritos. Questão 121. Allan kardec).

"O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire consciência de si mesmo."  (O Livro dos Espíritos. Questão 122. Allan kardec)

"O livre-arbítrio só se desenvolve pouco a pouco e após numerosas evoluções na vida corpórea. Não é, pois, nem após a primeira, nem depois da segunda encarnação que a alma tem consciência bastante clara de si mesma, para ser responsável por seus atos; não é senão após a centésima, talvez após a milésima. Dá-se o mesmo com a criança, que não goza da plenitude de suas faculdades, nem um, nem dois dias após o nascimento, mas depois de anos.  E, ainda, quando a alma goza do livre-arbítrio, a responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento de sua inteligência; é assim, por exemplo, que um selvagem que come os seus semelhantes é menos  castigado que o homem civilizado, que comete uma simples injustiça. Sem dúvida os nossos selvagens estão muito atrasados em relação a nós e, no entanto, já se acham bem longe de seu ponto de partida. Durante longos períodos, a alma encarnada é submetida à influência exclusiva dos instintos de conservação; pouco a pouco esses instintos se transformam em instintos inteligentes ou, melhor dizendo, se equilibram com a inteligência; mais tarde, e sempre gradualmente, a inteligência domina os instintos. Só então é que começa a séria responsabilidade.

No ponto em que estamos a inteligência está bastante desenvolvida para permitir ao homem julgar sensatamente o bem e o mal, e é também deste ponto que a sua responsabilidade é mais seriamente empenhada, já que não mais se pode dizer o que dizia Jesus: "Perdoai-lhes, Senhor, porque não sabem o que fazem."  (Revista Espírita. Janeiro de 1864. Perguntas e problemas - Progresso nas primeiras encarnações. Allan Kardec).

"Todo pecado, cometido na ignorância da Lei, será, portanto, perdoado ao homem.

Toda a falta, porém, praticada com conhecimento de causa, constitui pecado sem perdão.

Estará, então, o pecador irremediavelmente perdido consoante o dogma das penas eternas? De modo algum. Pecado que não tem perdão é pecado que deve ser reparado, é dívida contraída cujo pagamento será exigido. Está visto que, uma vez pago o derradeiro ceitil, o devedor ficará isento de ônus."  (Nas pegadas do Mestre. Cap. 12 - Pecado sem perdão. Vinícius)

Allan Kardec afirma: "Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias para apagar os  traços   de   uma   falta   e suas consequências." (O Céu e o inferno. Cap. 7.  Código penal da vida futura. Allan Kardec)

Porque classifica Jesus tal pecado como praticado contra o Espírito Santo?

"Porque importa em atos reprovados pela consciência. Não nos referimos à consciência na acepção psicológica, porém, no seu sentido moral, esse testemunho íntimo ou julgamento sobre nossas próprias ações e pensamentos por mais secretos que sejam. Através dessa faculdade de nossa alma é que se refletem os raios da soberana justiça. A Lei manifesta-se ali palpitante e viva, dilatando os horizontes de nossa liberdade espiritual, e, ao mesmo tempo, aumentando nossa responsabilidade .

"Aos Espíritos do Senhor, que são as virtudes do Céu", compete agir sobre as consciências, despertando-as para o conhecimento da verdadeira vida. Toda vez, pois, que o homem recalcitra contra a influência dos mensageiros celestes, peca contra o Espírito Santo, visto como peca contra a luz de sua própria consciência. Semelhante culpa não tem perdão; exige reparação, quer neste mundo, quer no vindouro.

Criamos, por conseguinte, em nós mesmos, nosso céu ou nosso Hades. Gravamos em nosso astral, em caracteres indeléveis, toda a história de nossa vida através das múltiplas existências transcorridas, aqui ou além. Nossa responsabilidade é rigorosa e escrupulosamente aquilatada pela Lei, segundo o nosso grau de adiantamento intelectual e moral. A Lei é uma força viva que se identifica conosco e vai acompanhando o surto de evolução que ela mesma imprime em nosso espírito. É insofismável em seus juízos, é inalienável em suas conseqüências." (Nas pegadas do Mestre. Cap. 12 - Pecado sem perdão. Vinícius)

Segundo o Espírito Emmanuel, "Enquanto o homem se desvia ou fraqueja, distante dessa iluminação, seu erro justifica-se, de alguma sorte, pela ignorância ou pela cegueira. Todavia, A FALTA COMETIDA COM A PLENA CONSCIÊNCIA DO DEVER, DEPOIS DA BÊNÇÃO DO CONHECIMENTO INTERIOR, GUARDADA NO CORAÇÃO E NO RACIOCÍNIO, ESSAS SIGNIFICA O "PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO ", PORQUE A ALMA HUMANA ESTARÁ, ENTÃO, CONTRA SI MESMA, REPUDIANDO AS SUAS DIVINAS POSSIBILIDADES. É lógico, portanto, que esses erros são os mais graves da vida, porque consistem no desprezo dos homens pela expressão de Deus, que habita neles." (O Consolador. Questão 303. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier)

O Espírito Hammed afirma: "(...) à medida que nossa consciência se expande e maior lucidez se faz em nossa mente, maiores serão nossos compromissos perante a existência. "Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas agora dizeis que vedes e é por isso que vosso pecado permanece em vós "(João 9:41).

Podemos pretextar ignorância, mas se tivermos consciência de nossos feitos isso sempre será levado em conta. Avaliemos atentamente: os tesouros da alma que já integramos nos obrigarão a prestar maiores ou menores contas perante a Vida Maior." (Renovando atitudes.  Cap. 3. Espírito Hammed. Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto )

Segundo Allan Kardec, "Principalmente ao ensino dos Espíritos é que estas máximas se aplicam. Quem quer que conheça os preceitos do Cristo e não os pratique, é certamente culpado.
(...) Por esta sentença: "Se fôsseis cegos, não teríeis pecados", quis Jesus significar que a culpabilidade está na razão das luzes que a criatura possua. Ora, os fariseus, que tinham a pretensão de ser, e eram, com efeito, os mais esclarecidos da sua nação, mais culposos se mostravam aos olhos de Deus, do que o povo ignorante. O mesmo se dá hoje. Aos espíritas, pois, muito será pedido, porque muito hão recebido; mas, também, aos que houverem aproveitado, muito será dado.  O primeiro cuidado de todo espírita sincero deve ser o de procurar saber se, nos conselhos que os Espíritos dão, alguma coisa não há que lhe diga respeito. O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados. Pela fé que faculta, multiplicará também o número dos escolhidos. "( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 18. Item 12. Allan Kardec )

Portanto, "o Espírito Santo", neste contexto, é "a própria consciência" do Espírito, que já possui discernimento entre o bem e o mal, ou seja, já possui determinado conhecimento moral e intelectual, que deve ser usado para o bem. 

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