Pureza de coração

 Não te prendas tão somente aos imperativos da pureza exterior.

 Aparência, muita vez, é contraste e ilusão.

  Há pessoas que trajam linho alvo, carregando lodo na consciência.

  Há sacerdotes envergando hábitos irrepreensíveis trazendo consigo impiedade e negação.

  Há juízes de mãos corretamente lavadas, cujo espírito é um espinheiro de venalidade cruel.

  Há tribunos de frases perfeitas na sagração do bem, cujos sentimentos se nutrem com as venenosas raízes do mal.

   Há crentes que reverenciam a caridade nos templos em que se aproximam das bênçãos do Céu, mal dissimulando o chavascal de ódio e exclusivismo em que se comprazem.

  Não basta a feição externa da vida para que os problemas do mundo se resolvam.

 A beleza vitoriosa, no campo físico, quase sempre pode ser simplesmente máscara que o tempo arrebata e consome.

 A impecabilidade do traje, em muitas ocasiões, pode reduzir-se a dourado esconderijo dos interesses inferiores.

 Lembremo-nos de que o Senhor se referia à pureza do coração (Mt) e procuremos cultivá-la conosco em primeiro lugar.

 O coração limpo clareia os olhos e os ouvidos que, inspirados nele, não conseguem ver e ouvir senão o bem por onde caminham.

 Do coração puro sobe Luz Celeste ao cérebro que raciocina, sublimando no espírito os pensamentos que arroja de si mesmo, na modelagem do destino que lhe cabe realizar.

 Esforcemo-nos por encontrar a “parte melhor” onde estivermos.

 O Sopro Divino alenta na Criação todas as cousas e todas as criaturas.

 Não vale reprovar, criticar, condenar ou destruir.

 Em todos os lugares, surpreenderemos o apelo do Todo-Misericordioso, induzindo-nos a cooperar na exaltação de seu Amor Infinito.

 Busquemos auxiliar a todos, totalizando em nossa fraternidade, os velhos e os jovens, os bons e os menos bons, os felizes e os infelizes, os sábios e os ignorantes, os ricos de Luz e os pobres de entendimento, e, nessa faina bendita de louvar o bem, lavaremos o tecido sutil de nossas almas para que o nosso coração se faça puro, nele erguendo o santuário em que contemplaremos, um dia, em Espírito e Verdade, a Divina Presença de Deus.

 (Refúgio. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

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