Vez em vez, somos interpelados por amigos domiciliados na Terra que perguntam se será realmente válido o crescimento da Civilização. E acentuam que as engrenagens do progresso material passam no mundo a lembrar mandíbulas de gigante triturando existências e deixando vasto sulco de lágrimas.
Considerando, porém, o progresso por lei da vida, é mais razoável ponderar quanto ao imperativo de nossa habilitação espiritual para recebê-lo.
Nenhuma forma de vida permanece estática nos domínios do Universo. Tudo vibra e tudo se transforma com vistas ao aperfeiçoamento incessante.
A lei da evolução é irreversível. Entretanto, é justo observar que não surgem vantagens sem preço.
O Criador determina facilidades para a vida e elevação das criaturas, mas não exime essas mesmas criaturas do dever de usufruí-las com responsabilidade para o bem próprio.
O automóvel é concessão divina, através da criatividade humana, para abreviar providências, encurtando distâncias.
Impossível, no entanto, que a dádiva não esteja controlada pelos regulamentos do trânsito, em cujo desrespeito o Espírito dos beneficiários é corrigido nos resultados da própria imprevidência.
A força elétrica elimina numerosos problemas, relacionados com rendimento de trabalho, preservação, eficiência, saúde e bem-estar, mas não pode ser culpada pelos acidentes em que se envolve, quando não seja protegida e manejada com o respeito de quantos se lhe fazem favorecidos.
Os aparelhos domésticos economizam o esforço dos braços; entretanto, reclamam esforço mais amplo do cérebro nos domínios da atenção evitando-se calamidades dentro de casa.
Computadores ganham tempo mas exigem estudos complexos, para não perturbar as operações da inteligência prejudicando a comunidade.
O conflito entre progresso e segurança não decorre da máquina e sim do homem que a mobiliza, toda vez que se mostre sem a necessária conscientização para o trabalho.
Não acuses o Céu porque o Céu te beneficie na Terra.
Recebe os recursos da Civilização com o apreço que se deve à Providência Divina que os promove em auxílio à Humanidade.
Nos eventos difíceis, reverenciemos os princípios de causa e efeito que nos regem os destinos, mas não nos esqueçamos da lei de renovação, em bases de amor aos semelhantes, capaz de superá-los.
E quando o desastre porventura apareça, examina criteriosamente o mecanismo das circunstâncias que o produziram, e muito raramente não encontrarás a imprevidência ou o desequilíbrio do próprio homem por trás dele.
(Diálogo dos vivos. Emmanuel. Chico Xavier / J. Herculano Pires)