Geralmente, muitos indivíduos que morrem, ou seja, desencarnam, desejam ficar próximos dos seus entes queridos, pois ainda são apegados aos seus familiares, aos seus vícios terrenos ou bens materiais.
Em "O Livro dos Espíritos" de Allan Kardec, os Espíritos Superiores fazem o seguinte esclarecimento sobre este assunto:
Para onde vai a alma, depois de sua separação do corpo?
"Não se perde na imensidão do infinito, como geralmente se acredita. Fica errante (*) no espaço e, as mais das vezes, junto àqueles que conheceu e sobretudo que amou. Mas apesar disso não deixa de poder transportar-se, instantaneamente, a distâncias imensas." ( O que é o Espiritismo. Cap. 3. Questão 150. Allan Kardec)
Ocupam os Espíritos uma região determinada e circunscrita no espaço?
"Estão por toda parte. Povoam infinitamente os espaços infinitos. Tendes muitos deles de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se serve para execução de Seus desígnios providenciais. Nem todos, porém, vão a toda parte, por isso que há regiões interditas aos menos adiantados." (O Livro dos Espíritos. Questão 87. Allan Kardec)
Costumam os Espíritos imiscuir-se em nossos prazeres e ocupações?
"Os Espíritos vulgares, como dizes, costumam. Esses vos rodeiam constantemente e com freqüência tomam parte muito ativa no que fazeis, de conformidade com suas naturezas. Cumpre assim aconteça, porque, para serem os homens impelidos pelas diversas veredas da vida, necessário é que se lhes excitem ou moderem as paixões." (O Livro dos Espíritos. Questão 567. Allan Kardec)
Allan Kardec faz a seguinte explicação: "As condições dos Espíritos e as maneiras por que veem as coisas variam ao infinito, de conformidade com os graus de desenvolvimento moral e intelectual em que se achem. Geralmente, os Espíritos de ordem elevada só por breve tempo permanecem na Terra. Tudo o que aí se faz é tão mesquinho em comparação com as grandezas do infinito, tão pueris são, aos olhos deles, as coisas a que os homens mais importância ligam, que poucos atrativos lhes oferece o nosso mundo, a menos que para aí os leve o propósito de concorrerem para o progresso da humanidade. Os Espíritos de ordem intermédia estagiam mais frequentemente neste planeta, se bem considerem as coisas de um ponto de vista mais alto do que quando encarnados. Os Espíritos vulgares, esses são os que nele ficam de modo por assim dizer fixo, e constituem a massa da população invisível do globo terráqueo. Conservam quase que as mesmas ideias, os mesmos gostos e as mesmas inclinações que tinham quando revestidos do envoltório corpóreo. Metem-se em nossas reuniões, negócios, divertimentos, nos quais tomam parte mais ou menos ativa, segundo seus caracteres. Não podendo satisfazer às suas paixões, gozam na companhia dos que a elas se entregam e os excitam a cultivá-las. Entre eles, no entanto, há alguns mais sérios, que veem e observam para se instruírem e aperfeiçoarem. "(O Livro dos Espíritos. Questão 317. Allan Kardec)
"Todos os dias vemos gente que após a morte pensa diversamente do que pensava em vida, uma vez caída a venda das ilusões, o que é uma prova incontestável de superioridade. Os Espíritos inferiores e vulgares são os únicos que persistem no erro e nos preconceitos da vida terrena."(Revista espírita. Agosto de 1862 . Necrologia. Morte do Bispo de Barcelona. Allan Kardec)
"Sabe-se que os Espíritos, em virtude da diferença entre as suas capacidades, longe se acham de estar, individualmente considerados, na posse de toda a verdade; que nem a todos é dado penetrar certos mistérios; que o saber de cada um deles é proporcional à sua depuração; que OS ESPÍRITOS VULGARES MAIS NÃO SABEM DO QUEM MUITOS HOMENS; que entre eles, como entre estes, há presunçosos e sofômanos, que julgam saber o que ignoram; sistemáticos, que tomam por verdades as suas ideias; enfim, que só os Espíritos da categoria mais elevada, os que já estão completamente desmaterializados, se encontram despidos das ideias e preconceitos terrenos." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução - Item 2. Allan Kardec)
No livro "Missionários da luz", temos o seguinte esclarecimento: "Os que desencarnam em condições de excessivo apego aos que deixaram na Crosta, neles encontrando as mesmas algemas, quase sempre se mantêm ligados à casa, às situações domésticas, aos fluidos vitais da família. Alimentam-se com a parentela e dormem nos mesmos aposentos onde se desligaram do corpo físico."(Missionários da luz. Cap. 11. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
"Abandonado o envoltório físico na desencarnação, se o psicossoma está profundamente arraigado às sensações terrestres, sobrevém ao Espírito a necessidade inquietante de prosseguir atrelado ao mundo biológico que lhe é familiar e, quando não a supera ao preço do próprio esforço, no auto-reajustamento, provoca os fenômenos da simbiose psíquica, que o levam a conviver, temporariamente, no halo vital daqueles encarnados com os quais se afine, quando não promove a obsessão espetacular. "(Evolução em dois mundos. Segunda Parte. Cap. 1. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
Na Revista Espírita de Maio de 1859, relata um caso de um Espírito brincalhão e leviano, que vivia entre os encarnados. Quando foi questionado, numa sessão mediúnica, sobre como passava o seu tempo, ele deu a seguinte resposta:
"Não tenho outras ocupações, a não ser divertir-me e informar-me dos acontecimentos que podem influenciar o meu destino. Vejo muito. Passo parte do tempo ora em casa de amigos, ora no teatro... Por vezes surpreendo coisas muito engraçadas... Se as pessoas soubessem que têm testemunhas quando pensam estar sós!.. Enfim, procedo de maneira que o tempo me seja o menos pesado possível... Dizer quanto tempo isso haverá de durar, eu não o saberia e, entretanto, há algum tempo que vivo assim..." (Revista Espírita. Maio de 1859. Cenas da vida privada espírita. Allan Kardec)
De acordo com Cairbar Schutel, "Esses Espíritos, de condição inferior, são os designados com o nome de familiares, na Doutrina Espírita. Não queremos dizer, com isto, que todos os familiares sejam ruins, atrasados e sofredores; há os em diversas escalas de bondade e de sabedoria, como existem na Terra pessoas de todas as categorias. Alguns são missionários, que poderiam estar num plano superior, mas preferem auxiliar parentes e amigos que aqui deixaram. Outra multidão de missionários vive em nossa atmosfera, guiando os Espíritos atrasados, protegendo e auxiliando os homens de boa vontade: iniciam na vida espiritual os que para lá se passam; preparam para uns, novas encarnações; exilam outros para mundos inferiores, ou para outros planetas."(A vida no outo mundo. Cap. 19. Cairbar Schutel / Vide: O Livro dos Espíritos. Questão 584-a. Allan Kardec)
Portanto, nem todos os espíritos são encaminhados para colônias espirituais ou zonas inferiores de sofrimento, muitos espíritos desencarnados continuam convivendo conosco no planeta Terra, principalmente, os espíritos vulgares e inferiores, que ainda estão dominados pelas paixões terrenas.
Obs.(*): De acordo com Allan Kardec, "Os Espíritos errantes não formam uma categoria especial. Trata-se de um dos estados em que se podem encontrar. O estado errante ou a erraticidade não significa inferioridade para os Espíritos, pois que nele podemos encontrá-los de todos os graus. Todo Espírito que não está encarnado é, por isso mesmo, errante, salvo os Espíritos Puros que, não devendo passar por outras encarnações, estão em estado definitivo." (Revista Espírita. Fevereiro de 1858. Espíritos Errantes ou encarnados. Allan Kardec)