POR QUE OS POVOS DAS RELIGIÕES ANTIGAS FAZEM SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS?

"Todas as religiões primitivas, de acordo com o caráter dos povos, tiveram deuses guerreiros que combatiam à frente dos exércitos. O Jeová dos hebreus fornecia-lhes mil meios de exterminarem os inimigos; recompensava-os pela vitória ou punia-os pela derrota. Segundo a ideia que se fazia de Deus, acreditava-se reverenciá-lo ou apaziguá-lo com o sangue dos animais ou dos homens: daí os sacrifícios sangrentos que desempenharam papel tão importante em todas as religiões antigas. Os judeus haviam abolido os sacrifícios humanos; os cristãos, apesar dos ensinamentos do Cristo, durante muito tempo acreditaram reverenciar o Criador entregando por milhares às chamas e às torturas aqueles que denominavam hereges; eram, sob outra forma, verdadeiros sacrifícios humanos, visto que eles o faziam para a maior glória de Deus, e com acompanhamento de cerimônias religiosas. Hoje mesmo, invocam o Deus dos exércitos antes do combate e glorificam-no depois da vitória, e isso frequentemente pelas causas mais injustas e mais anticristãs.

Como o homem é lento para se desfazer de seus preconceitos, de seus hábitos, de suas ideias primeiras! Quarenta séculos nos separam de Moisés, e nossa   geração cristã ainda vê traços dos antigos usos bárbaros consagrados, ou pelo menos aprovados pela religião atual! " (O Céu e o inferno. Primeira parte. Cap. 6. Allan Kardec)

Remonta à mais alta antigüidade o uso dos sacrifícios humanos. Como se explica que o homem tenha sido levado a crer que tais coisas pudessem agradar a Deus?

"Principalmente, porque não compreendia Deus como sendo a fonte da bondade.  Nos povos primitivos a matéria sobrepuja o espírito; eles se entregam aos instintos do animal selvagem. Por isso é que, em geral, são cruéis; é que neles o senso moral, ainda não se acha desenvolvido. Em segundo lugar, é natural que os homens primitivos acreditassem ter uma criatura animada muito mais valor, aos olhos de Deus, do que um corpo material.

Foi isto que os levou a imolarem, primeiro, animais e, mais tarde, homens. De conformidade com a falsa crença que possuíam, pensavam que o valor do sacrifício era proporcional à importância da vítima. Na vida material, como geralmente a praticais, se houverdes de oferecer a alguém um presente, escolhê-lo-eis sempre de tanto maior valor quanto mais afeto e consideração quiserdes testemunhar a esse alguém. Assim tinha que ser, com relação a Deus, entre homens ignorantes." (O Livro dos Espíritos. Questão 669. Allan Kardec)

De acordo com J. HerculanoPires,  "o sangue de animais e a queima de pólvora revelam a brutalidade dos ritos selvagens, que eram práticas de defesa para tribos e no meio civilizado se tornaram práticas maléficas, dirigidas contra desafetos e rivais." (Mediunidade - Vida e Comunicação. Cap. 6. J. Herculano Pires)

No livro "Missionários da Luz" o espírito André Luiz relata que quando visitou um matadouro de bovinos, juntamente com o instrutor Alexandre,  observou um quadro estarrecedor de vampirismo: viu espíritos inferiores que estavam "sugando as forças do plasma sanguíneo dos animais". Impressionado com a cena triste, fez as seguinte elucidações:

"Desencarnados à procura de alimentos daquela espécie? Matadouro cheio de entidades perversas? Que significava tudo aquilo? Lembrei meus reduzidos estudos de História, remontando-me à época em que as gerações primitivas ofereciam aos supostos deuses o sangue de touros e cabritos. Estaria ali, naquele quadro horripilante, a representação antiga dos sacrifícios em altares de pedra? Deixei que as primeiras impressões me incandescessem o cérebro, a ponto de sentir, como noutro tempo, que minhas idéias vagueavam em turbilhão.

Alexandre, contudo, solícito como sempre, acercou-se mais carinhosamente de mim e explicou:

- Porque tamanha sensação de pavor, meu amigo? Saia de si mesmo, quebre a concha da interpretação pessoal e venha para o campo largo da justificação. Não visitamos, nós ambos, na esfera da Crosta, os açougues mais diversos? Lembro-me de que em meu antigo lar terrestre havia sempre grande contentamento familiar pela matança dos porcos. A carcaça de carne e gordura significava abundância da cozinha e conforto do estômago. Com o mesmo direito, acercam-se os desencarnados, tão inferiores quanto já o fomos, dos animais mortos, cujo sangue fumegante lhes oferece vigorosos elementos vitais. Sem dúvida, o quadro é lastimável; não nos compete, porém, lavrar as condenações. Cada coisa, cada ser, cada alma, permanece no processo evolutivo que lhe é próprio.

(...) Semelhantes infelizes - elucidou Alexandre - abusam de recém-desencarnados sem qualquer defesa, como este pobre Raul, nos primeiros dias que se sucedem à morte física, subtraindo-lhes as forças vitais, depois de lhes explorarem o corpo grosseiro..." (Missionários da luz. Cap. 11. Espírito André Luiz.  Psicografado por Chico Xavier)

"A denominação de vampirismo decorre de sua principal característica, que é a sucção de energias vitais da vítima pelos obsessores. É uma modalidade grave de obsessão que pode reduzir o obsedado à inutilidade, afetando-lhe o cérebro e o sistema nervoso, tirando-lhe toda disposição para atividades sérias.

(...) A idéia simbólica da Mitologia, de que os deuses aspiravam as emanações das coisas que não mais podiam comer ou beber é a imagem exata da vampirização das criaturas encarnadas pelas entidades desencarnadas inferiores, espíritos ainda em estágio evolutivo primário, que buscam suprir a ausência do seu corpo carnal com a exploração impiedosa e vil dos corpos alheios. Quem repele essa exploração aviltante não age apenas em causa própria, mas na defesa do futuro dos espíritos vampirescos e na sustentação da dignidade humana. "(Mediunidade - Vida e comunicação. Cap. 8. J. Herculano Pires)

Infelizmente, existem diversos espíritos maléficos que sugam o fluído vital que estão presentes nos seres humanos para provocar manifestações físicas ou desequilíbrios orgânicos, com o intuito de se vingar ou provocar o mal. Em algumas religiões antigas também sacrificam-se animais para satisfazerem os Espíritos inferiores com o fluido vital do sangue.

De acordo com Allan Kardec, "A quantidade de  fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies e não é constante, nem no mesmo indivíduo, ao longo do tempo, nem entre os indivíduos de uma espécie."(O Livro dos Espíritos. Questão 70. Allan Kardec)

Segundo Gabriel Dellane, "Coração, pulmão, fígado, estômago, sangue, olhos, nervos, músculos, ossatura, é tudo análogo no homem como nos vertebrados. Há menos diferença entre um homem e um cão, do que entre um crocodilo e uma borboleta.

Diariamente as descobertas dos naturalistas estabelecem, sobre bases mais sólidas, esta profunda verdade que Aristóteles - grande mestre de coisas naturais - magistralmente exprimiu: a natureza não dá saltos. Perpétuas transições ocorrem entre os seres vivos.

Do homem ao macaco, deste ao cão; da ave ao réptil e deste ao peixe; do peixe ao molusco, ao verme, ao mais ínfimo dos colocados nas fronteiras extremas do mundo orgânico com o mundo inanimado, nenhuma passagem é brusca. (...)O sangue lhe circula do mesmo feitio, o ar é respirado nas mesmas proporções, mercê de idêntico mecanismo. Os alimentos são da mesma natureza, transformados nas mesmas vísceras, mediante as mesmas operações químicas, pois, como temos visto, as condições indispensáveis à manutenção da vida são idênticas para todos os seres. O nascimento não é fenômeno particular. Nos primeiros períodos de vida fetal, é impossível distinguir o embrião humano do canino, ou de outro qualquer vertebrado." (A Evolução Anímica. Cap. 2. Gabriel Dellane)

Qual a causa da animalização da matéria?

"Sua união com o princípio vital." ( O Livro dos Espíritos. Questão 62. Allan Kardec. )

"Combinando-se sem o princípio vital, o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono unicamente teriam formado um mineral ou corpo inorgânico; o princípio vital, modificando a constituição molecular desse corpo, dá-lhe propriedades especiais. Em lugar de uma molécula mineral, tem-se uma molécula de matéria orgânica." (A Gênese. Cap. 10. Item 18. Allan Kardec).

Segundo Allan Kardec, "Quando o Espírito não está encarnado, faz-se-lhe mister um auxiliar estranho e este auxiliar é o fluido, mediante o qual torna ele o objeto, sobre que quer atuar, apto a lhe obedecer à impulsão da vontade.

Assim, quando um objeto é posto em movimento, levantado ou atirado para o ar, não é que o Espírito o tome, empurre e suspenda, como o faríamos com a mão. O Espírito o satura, por assim dizer, do seu fluido, combinado com o do médium, e o objeto, momentaneamente vivificado desta maneira, obra como o faria um ser vivo, com a diferença apenas de que, não tendo vontade própria, segue o impulso que lhe dá a vontade do Espírito.

Pois que o fluido vital, que o Espírito, de certo modo, emite, dá vida factícia e momentânea aos corpos inertes. &(O Livro dos Médiuns. Cap. 4. Item 76 e 77. Allan Kardec)

" (...) por diversas vezes vimos os dedos em ação, e quando a mão não é vista...(...) pode enfiar-nos as unhas na carne, beliscar-nos, arrebatar aquilo que temos na mão; desde que a vemos apanhar e transportar um objeto, assim como nós o faríamos, também nos pode dar pancadas, erguer e derrubar uma mesa, tocar uma campainha, puxar uma cortina e até mesmo nos dar uma  bofetada invisível." (Revista Espírita.  Maio de 1858. Teoria das manifestações físicas - I. Allan Kardec)

No livro "O Céu e o inferno", há um relato de que "Numa casinha, perto de Castelnaudary, havia barulhos estranhos e diversas manifestações que a faziam considerar como assombrada por algum gênio mau. Por esse fato, ela foi exorcizada em 1848, sem resultado. O proprietário, Sr. D..., que quis aí morar, morreu nela subitamente alguns anos depois; seu filho, que quis morar aí em seguida, recebeu, um dia, entrando num dos cômodos, uma vigorosa  bofetada   dada por uma mão desconhecida; como estava perfeitamente sozinho, não pôde duvidar de que não viesse de uma fonte oculta, e por isso decidiu deixá-la definitivamente. Há, na região, uma tradição segundo a qual um grande crime teria sido cometido nessa casa. Tendo o Espírito que dera a   bofetada   sido evocado na Sociedade de Paris, em 1859, manifestou-se por sinais de violência; todos os esforços para acalmá-lo foram impotentes. São Luís, interrogado a seu respeito, respondeu: "É um Espírito da pior espécie, um verdadeiro monstro; nós o fizemos vir, mas não pudemos coagi-lo a escrever, apesar de tudo o que lhe foi dito; ele tem seu livre-arbítrio: o infeliz faz dele um triste uso." (...)Desde sua morte, não cessara de fazer o mal, e provocara vários dos acidentes ocorridos naquela casa. Um médium vidente que assistia à primeira evocação viu-o no momento em que se quis fazêlo escrever; ele sacudia fortemente o braço do médium: seu aspecto era apavorante; vestia uma camisa coberta de sangue, e segurava um punhal.

(...)Haveria um meio de desalojá-lo, e qual seria? - R. Se vos quiserdes livrar das obsessões de semelhantes Espíritos, isso é fácil orando por eles: é o que sempre se negligencia de fazer. Prefere-se assustá-los com fórmulas de  exorcismo   que os divertem muito. "(O Céu e o Inferno. Segunda Parte. Cap. 6. O Espírito de Castelnaudary. Allan Kardec)

"Nos casos de obsessão grave, o obsidiado se acha como que envolvido e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É desse fluido que importa desembaraçá-lo. (...) Mediante ação idêntica à do médium curador nos casos de enfermidade, cumpre se elimine o fluido mau com o auxílio de um fluido melhor, que produz, de certo modo, o efeito de um reativo. 

(...) E não é tudo: para garantir-se a libertação, cumpre induzir o Espírito perverso a renunciar aos seus maus desígnios; fazer que nele despontem o arrependimento e o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particulares, objetivando a sua educação moral." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 28. Item 81. Allan Kardec)

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