As velas no Espiritismo não têm nenhum significado doutrinário. Nas reuniões espíritas não se utiliza velas de nenhuma cor ou qualquer outro objeto de queima como defumadores ou incensos. Esses objetos antigos, que são comumente empregados em práticas de outras religiões, foram inventados pelos homens, desde a antiguidade.
No Antigo Testamento, há relatos de que Moisés recebeu a seguinte ordem do "Senhor"(1):
"Ordena aos filhos de Israel que te tragam azeite de oliveira, puro, batido, para a luminária, para manter as lâmpadas acesas continuamente. Arão as porá em ordem perante o Senhor continuamente, desde a tarde até à manhã, fora do véu do testemunho, na tenda da congregação; estatuto perpétuo é pelas vossas gerações. Sobre o candelabro de ouro puro porá em ordem as lâmpadas perante o Senhor continuamente."(Levítico 24:2-4 / Vide: Êxodo 27:20-21)
De acordo com o teólogo J. D. Douglas, "Pequenas tigelas abertas com uma pequena lingueta, que certamente podem ser identificadas como lâmpadas (heb., ner; gr., lychnos, lampas) aparecem pela primeira vez na Idade do Bronze Média. (...) Algumas lâmpadas israelitas feitas de barro são providas com pedestais, particularmente as lâmpadas maiores, com até sete linguetas. Lâmpadas de bronze, encontradas em Megido, tinham bases separadas em tripé, mas lâmpadas simples, de madeira, eram empregadas na maioria das casas. No tabernáculo (2) havia um elaborado candelabro de ouro (Êxodo 25:31). Três hastes, terminando em lâmpadas em forma de flor, saíam cada lado da haste principal. Representações em certas moedas dos macabeus e um relevo no Arco de Tito, em Roma, suplementam as descrições hebraicas. Dez candelabros semelhantes foram fabricados para o templo de Salomão.
(...) A lâmpada é frequentemente usada como símile, exemplo, 2Samuel 21:17; Salmos 119:105.
(...) Lychnos é termo grego frequentemente usado em sentido simbólico. Essa é a lâmpada que deve ser posta no velador a fim de dar luz à casa inteira (Mateus 5:15). João Batista era "a lâmpada que ardia e alumiava"(João 5:35), o qual veio "como testemunha para que testificasse a respeito da luz" (1João 1:7). Cristo é quem é a luz (phos). Em Mateus 6:22 o olho é chamado de "a lâmpada do corpo", visto que recebe a luz vinda do exterior."(Novo dicionário da Bíblia. Lâmpada, candelabro. J. D. Douglas)
Jesus afirmou: "Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue, não andará em trevas, mas terá a luz da vida." (João 8:12)
Portanto, quando Jesus contou a parábola da candeia e disse: "E ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz" (Lucas 8:16), quis ensinar que "acender uma candeia" significa simbolicamente receber "os ensinamentos do Evangelho", isto é "a palavra divina", ou seja, quis apenas fazer uma comparação de um objeto material com um ensinamento espiritual. Eliseu Rigonatti explica que, "Os que tiveram a ventura de conhecer as leis divinas, deverão esforçar-se para que o maior número possível de criaturas as conheçam também. Não espalhar os conhecimentos espirituais é esconder egoisticamente a luz que deveria beneficiar a muitos."(O Evangelho dos Humildes. Cap. 5. Eliseu Rigonatti)
Num outro trecho biblico, o autor deixa bem claro que a lâmpada significa simbolicamente a palavra Divina do Senhor: "Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho." (Salmos 119: 105)
Portanto, Allan Kardec esclarece que, "Nenhum objeto, medalha ou talismã tem a propriedade de atrair ou repelir os Espíritos; a matéria não tem nenhuma ação sobre eles. Um bom Espírito nunca aconselha semelhantes absurdos." (O Céu e o inferno. Cap. 10. Item 10. Allan Kardec) "Desnecessário dizer que ele também se aplica a outros meios empregados supersticiosamente, como preservativos de doenças e acidentes." (Revista Espírita. Os talismãs. Setembro de 1858. Allan Kardec)
Que efeito podem produzir as fórmulas e práticas mediante as quais pessoas há que pretendem dispor do concurso dos Espíritos?
"O efeito de torná-las ridículas, se procedem de boa-fé. No caso contrário, são tratantes que merecem castigo. Todas as fórmulas são mera charlatanaria. Não há palavra sacramental nenhuma, nenhum sinal cabalístico, nem talismã, que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porquanto estes só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais." (O Livro dos Espíritos. Questão 553. Allan Kardec)
Pode-se, com utilidade, orar por outrem?
"O Espírito de quem ora atua pela sua vontade de praticar o bem. Atrai a si, mediante a prece, os bons Espíritos e estes se associam ao bem que deseje fazer." (O Livro dos Espíritos. Questão 662. Allan Kardec)
De acordo com Herculano Pires, "A lição de Kardec é clara e tirada de seus estudos, de suas pesquisas, de sua observação, de sua inteligência genial: ritos e palavras mágicas, sinais, objetos sagrados, danças e cantos, queima de velas, plantas, pólvora e outros ingredientes nada valem para os espíritos. O que vale é o pensamento, o sentimento, a autoridade moral dos que aplicam a mediunidade a serviço exclusivo do bem. Enquanto não compreendermos essa verdade não compreenderemos também o Espiritismo e não saberemos praticá-lo, como as gerações de dois mil anos, com seus teólogos e ministros de Deus, não compreenderam o Cristianismo." (Mediunidade. Cap. 14. J. Herculano Pires)
Obs. (1): "O Deus em causa não é o verdadeiro Deus, mas um guia espiritual, que representa o Senhor perante a ingenuidade desse povo nascente." (Visão espírita da Bíblia. Item 24. J. Herculano Pires) "Quem quer que possua uma noção do Espiritismo, por superficial que seja, sabe que o mundo invisível é composto de todos aqueles que deixaram na Terra o envoltório visível. Despojando-se, porém, do homem carnal, nem todos se revestiram, por isso mesmo, da túnica dos anjos. Há, portanto, Espíritos de todos os graus de conhecimento e de ignorância, de moralidade e de imoralidade. Eis o que não devemos perder de vista. "(Revista Espírita. Novembro de 1859. Devemos publicar tudo quando os Espíritos dizem? Allan Kardec) "Todo homem tem um Espírito que por ele vela, mas as missões são relativas ao fim que visam. Não dais a uma criança, que está aprendendo a ler, um professor de filosofia." (O Livro dos Espíritos. Questão 509. Allan Kardec)
Obs.(2): Significado de Tabernáculo: 1. Também chamado de "tenda da congregação": um lugar de reunião provisória para Deus e seu povo (Êxodo 33:7-11). 2. O santuário portátil no qual Deus habitou entre os israelitas estando eles no deserto. Foi usado por muito tempo depois que os israelitas entraram em Canaã. Durante o período dos juízes esteve em silo (Josué 18:1), durante o reinado de Saul esteve em Nobe (1Samuel 21; Marcos 2:25,26), e posteriormente esteve em Gibeom (1 Crônicas 16:39). Por fim Salomão o colocou no templo de Jerusalém (1 Reis 8:4). (Novo dicionário da Bíblia. Tabernáculo. J. D. Douglas)