POR QUE O CORPO DE JESUS CRISTO DESAPARECEU APÓS A SUA MORTE?

De acordo com Allan Kardec, "O desaparecimento do corpo de Jesus após sua morte há sido objeto de inúmeros comentários. Atestam-no os quatro evangelistas, baseados nas narrativas das mulheres que foram ao sepulcro no terceiro dia depois da crucificação e lá não o encontraram. Viram alguns, nesse desaparecimento, um fato milagroso, atribuindo-o outros a uma subtração clandestina."(A Gênese. Cap. 15. Item 64. Allan Kardec)

No entanto, segundo Léon Denis, "(...) o desaparecimento do corpo de Jesus do sepulcro em que fora depositado, pode explicar-se pela desagregação da matéria"...(Cristianismo e Espiritismo. Cap. 5. Léon Denis)

"É sabido que todas as matérias animais têm como princípios constituintes o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono, combinados em diferentes proporções. Ora, como dissemos, esses mesmos corpos simples têm um princípio único, que é o fluido cósmico universal. Por suas diversas combinações eles formam todas as variedades de substâncias que compõem o corpo humano, o único de que aqui falamos, embora ocorra o mesmo em relação aos animais e às plantas. Disto resulta que o corpo humano, na realidade, não passa de uma espécie de concentração, de condensação, ou, se quiserem, de uma solidificação de gás carbônico. Com efeito, suponhamos a  desagregação   completa de todas as moléculas do corpo, e reencontraremos o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono; em outros termos, o corpo será volatilizado. Esses quatro elementos, voltando ao seu estado primitivo, por uma nova e mais completa decomposição, se os nossos meios de análise o permitissem, dariam o fluido cósmico. Esse fluido, sendo o princípio de toda matéria, é ele mesmo matéria, embora num completo estado de eterização." (Revista Espírita. Março de 1866. Introdução ao estudo dos fluidos espirituais. Item VII. Allan Kardec)

"Tendo por elemento primitivo o fluido cósmico etéreo, à matéria tangível há de ser possível, desagregando-se, voltar ao estado de eterização, do mesmo modo que o diamante, o mais duro dos corpos, pode volatilizar-se em gás impalpável. Na realidade, a solidificação da matéria não é mais do que um estado transitório do fluido universal, que pode volver ao seu estado primitivo, quando deixam de existir as condições de coesão.

Quem sabe mesmo se, no estado de tangibilidade, a matéria não é suscetível de adquirir uma espécie de eterização que lhe daria propriedades particulares? Certos fenômenos, que parecem autênticos, tenderiam a fazer supô-lo.

Ainda não conhecemos senão as fronteiras do mundo invisível; o porvir, sem dúvida, nos reserva o conhecimento de novas leis, que nos permitirão compreender o que se nos conserva em mistério." (A Gênese. Cap. 14. Item 6. Allan Kardec)

Conforme Eliseu Rigonatti, " O mistério impenetrável que constituiu (...) o desaparecimento do corpo de Jesus, só pôde ser desvendado em nossos dias, através dos ensinamentos e revelações trazidas pelo Espiritismo.

(...) Consideremos agora porque o corpo deveria desaparecer.

1º - Tanto os discípulos como os sacerdotes tomavam as palavras de Jesus ao pé da letra; entendiam-lhe apenas a parte material, sem procurar extrair delas o ensinamento moral ou espiritual que continham.

2º - Como não formavam uma ideia concreta de como o espírito sobrevive à matéria, julgavam que a ressurreição da qual Jesus lhes falava, se processaria mediante o corpo de carne.

3º - Se os discípulos vissem o corpo se dissolvendo no sepulcro e o espírito do Mestre materializado ao lado deles e como não saberiam explicar o fenômeno que hoje o Espiritismo explica muito bem, tomariam o Mestre por uma visão, e não creriam no que tinham visto. Dariam mais crédito ao corpo que eles sentiam apodrecer no sepulcro, do que ao espírito imortal do Mestre, que se tinha tornado visível para eles. E diante do corpo que se desfazia, julgariam que tudo estava consumado, e não mais cuidariam de pregar a palavra divina.

Assim, o desaparecimento do corpo de Jesus trouxe duas grandes vantagens:

1º - Fortificou a fé dos discípulos, que não sabendo o destino do corpo, e vendo o Mestre materializado perante eles, não mais duvidaram da missão divina de Jesus nem de seus ensinamentos nem da tarefa que lhes era confiada.

2º - Os sacerdotes ficaram sem um documento para contradizer os ensinos dos discípulos de Jesus e, portanto, não puderam semear a confusão no seio do Cristianismo nascente.

Estas foram as razões pelas quais os Diretores Espirituais do planeta resolveram que o corpo desaparecesse. Mais tarde, quando não houvese mais perigo para o Evangelho, a verdade seria restabelecida, com a explicação racional do ocorrido.

E o Espiritismo vem restabelecer a verdade. Para compreendermos como se processou o desaparecimento do corpo de Jesus de dentro do túmulo cavado na rocha, e fechado por pesada pedra, e selado pelos sacerdotes, e guardado por soldados romanos, temos de recordar o que é possível fazer-se por meio da mediunidade de efeitos físicos. Sabemos que, utilizando-se desse tipo de mediunidade, os espíritos podem retirar de dentro de um recipiente hermeticamente fechado, qualquer coisa que ali se ache, ou colocar dentro dele o que se queira. (...) Quanto a objetos grandes ou pequenos, leves ou pesados, o transporte deles pelos espíritos é comum em experiências desse gênero. Bem sabemos que os médiuns não precisam estar no local onde se apresenta o fenômeno; podem estar muito longe dele e completamente inconscientes de estarem servindo de instrumentos a fenômenos de efeitos físicos; pois fornecem apenas os fluidos dos quais os espíritos precisam para realizar o trabalho designado. Assim sendo, mediante a mediunidade de efeitos físicos que os espíritos utilizaram em alto grau, puderam transportar o corpo de Jesus para algum túmulo distante e desconhecido, onde se desfez, e cuja matéria voltou ao grande reservatório da natureza. "(O Evangelho dos Humildes. Cap. 27. Eliseu Rigonatti)

Em " O Livro dos Médiuns" existem informações mais detalhadas sobre este fenômeno dos transportes (extremamente raro), que é um dos tipos de mediunidade de efeitos físicos. Algumas perguntas que se seguem foram dirigidas a um Espírito que os operara e esclarecidas pelo Espírito Erasto, vejamos a seguir:

Poderias fazer que os objetos trazidos nos desaparecessem da vista e levá-los novamente?
"Assim como os trouxe aqui, posso levá-los, à minha vontade ."

Como trazes o objeto? Será segurando-o com as mãos?
"Não; envolvo-o em mim mesmo."
Nota de Erasto. A resposta não explica de modo claro a operação. Ele não envolve o objeto com a sua própria personalidade ; mas, como o seu fluido pessoal é dilatável, combina uma parte  desse fluido com o fluido animalizado do médium e é nesta combinação que oculta e transporta o objeto que escolheu para transportar. Ele, pois, não exprime com justeza o fato, dizendo que envolve em si o objeto.

Trazes com a mesma facilidade um objeto de peso considerável, de 50 quilos, por exemplo?
"O peso nada é para nós. Trazemos flores, porque agrada mais do que um volume pesado."
Nota de Erasto. É exato. Pode trazer objetos de cem ou duzentos quilos, por isso que a gravidade , existente para vós, é anulada para os Espíritos. Mas, ainda aqui, ele não percebe bem o que se passa. A massa dos fluidos combinados é proporcional à dos objetos. Numa palavra, a força deve estar em proporção com a resistência; donde se segue que, se o Espírito apenas traz uma flor ou um objeto leve, é muitas vezes porque não encontra no médium, ou em si mesmo, os elementos necessários para um esforço mais considerável.

Como conseguiste outro dia introduzir aqueles objetos, estando fechado o aposento?
"Fi-los entrar comigo, envoltos, por assim dizer, na minha substância. Nada mais posso dizer, por não ser explicável o fato."

Como fizeste para tornar visíveis estes objetos que, um momento antes, eram invisíveis?
"Tirei a matéria que os envolvia."
Nota  de Erasto. O que os envolve não é matéria propriamente dita, mas um fluido tirado, metade , do perispírito do médium, e, metade , do Espírito que opera.

 (A Erasto.) Pode um objeto ser trazido a um lugar inteiramente fechado? Numa palavra: pode o Espírito espiritualizar um objeto material, de maneira que se torne capaz de penetrar a matéria?
"É complexa esta questão. O Espírito pode tornar invisíveis, porém, não penetráveis, os objetos que ele   transporte ; não pode quebrar a agregação da matéria, porque seria a  destruição do objeto. Tornando este invisível, o Espírito o pode transportar quando queira e não o libertar senão no momento oportuno, para fazê-lo aparecer. De modo diverso se passam as coisas, com relação aos que compomos. Como nestes só introduzimos os elementos da matéria, como esses elementos são essencialmente penetráveis e, ainda, como nós mesmos penetramos e atravessamos os corpos mais condensados, com a mesma facilidade   com que os raios solares atravessam uma placa de vidro, podemos perfeitamente dizer que introduzimos o objeto num lugar que esteja hermeticamente fechado, mas isso somente neste caso." (O Livro dos Médiuns. Segunda parte. Cap. 5. Item 99. Allan Kardec)

Além disso, é preciso deixar claro que a teoria de  J. B. Roustaing,   de que Jesus não tinha corpo físico, apenas corpo espiritual, é falsa,  pois Allan Kardec explica que o Cristo tinha também um corpo carnal  e faz o seguinte esclarecimento: 

"Após o suplício de Jesus, seu corpo se conservou inerte e sem vida; foi sepultado como o são de ordinário os corpos e todos o puderam ver e tocar. Após a sua ressurreição, quando quis deixar a Terra, não morreu de novo; seu corpo se elevou, desvaneceu e desapareceu, sem deixar qualquer vestígio, prova evidente de que aquele corpo era de natureza diversa da do que pereceu na cruz; donde forçoso é concluir que, se foi possível que Jesus morresse, é que carnal era o seu corpo.

Por virtude das suas propriedades materiais, o corpo carnal é a sede das sensações e das dores físicas, que repercutem no centro sensitivo ou Espírito. Quem sofre não é o corpo, é o Espírito recebendo o contragolpe das lesões ou alterações dos tecidos orgânicos. Num corpo sem Espírito, absolutamente nula é a sensação. Pela mesma razão, o Espírito, sem corpo material, não pode experimentar os sofrimentos, visto que estes resultam da alteração da matéria, donde também forçoso é se conclua que, se Jesus sofreu materialmente, do que não se pode duvidar, é que ele tinha um corpo material de natureza semelhante ao de toda gente. "(A Gênese. Cap. 15. Item 65. Allan Kardec)

Obs.: Devemos considerar as explicações de León Denis e Eliseu Rigonatti como uma hipótese, pois os Espíritos Superiores, juntamente com Allan Kardec, não revelaram de que modo ocorreu o desaparecimento do corpo de Jesus. 

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