Somente os Espíritos que atingiram o mais alto grau de desmaterialização conseguem ter uma visão espiritual nítida, os Espíritos inferiores, devido a matéria grosseira do perispírito e baixo padrão vibratório, não conseguem ter uma visão ampla de tudo que existe.
"Dá-se o mesmo com quem tivesse a cabeça envolta por diversos véus. Inicialmente ele não vê absolutamente nada; a cada véu que retira, distingue um clarão cada vez maior; só quando retira o último véu é que vê as coisas nitidamente.
(...) Assim é com a alma. O envoltório perispiritual, embora invisível e impalpável para nós, é para ela uma verdadeira matéria, ainda muito grosseira para certas percepções. Esse envoltório se espiritualiza à medida que a alma se eleva em moralidade. As imperfeições da alma são como véus que obscurecem sua visão; cada imperfeição de que se desfaz é um véu a menos, mas só depois de se ter depurado completamente é que goza da plenitude de suas faculdades." (Revista Espírita. Maio de 1866. A vista de Deus. Allan Kardec)
No livro "Os Mensageiros", o Espírito André Luiz disse ao instrutor Aniceto, que ficou deslumbrado quando viu regiões estranhas e horripilantes entre a Crosta e a cidade espiritual, que ignorava antes, no entanto o instrutor faz o seguinte esclarecimento:
"- Todo este mundo que vemos é continuação de nossa Terra. Os olhos humanos vêem apenas algumas expressões do vale em que se exercitam para a verdadeira visão espiritual, como nós outros que, observando agora alguma coisa, não estamos igualmente vendo tudo.
Este, André, é um domínio diferente. A percepção humana não consegue apreender senão determinado número de vibrações. Comparando as restritas possibilidades humanas com as grandezas do Universo Infinito, os sentidos físicos são muitíssimo limitados. (...)O olho humano sofre variadas limitações e todas as lentes físicas reunidas não conseguiriam surpreender o campo da alma, que exige o desenvolvimento das faculdades espirituais para tornar-se perceptível. A eletricidade e o magnetismo são duas correntes poderosas que começam a descortinar aos nossos irmãos encarnados alguma coisa dos infinitos potenciais do invisível, mas ainda é cedo para cogitarmos de êxito completo. Somente ao homem de sentidos espirituais desenvolvidos é possível revelar alguns pormenores das paisagens sob nossos olhos. A maioria das criaturas ligadas à Crosta não entende estas verdades, senão após perderem os laços físicos mais grosseiros. " (Os Mensageiros. Cap. 15. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
Certa vez, Allan Kardec perguntou: Podem os Espíritos, reciprocamente, dissimular seus pensamentos? Podem ocultar-se uns dos outros?
"Não; para os Espíritos, tudo é patente, sobretudo para os perfeitos. Podem afastar-se uns dos outros, mas sempre se vêem. Isto, porém, não constitui regra absoluta, porquanto certos Espíritos podem muito bem tornar-se invisíveis a outros Espíritos, se julgarem útil fazê-lo." (O Livro dos Espíritos. Questão 283. Allan Kardec).
No livro "Libertação", o Espírito André Luiz explica que houve necessidade dele e dos cooperadores do bem se disfarçarem, ou seja, modificarem seu perispírito para conseguirem prestar socorro nas trevas, tornando-se invisíveis para alguns Espíritos e descreve o episódio da seguinte forma:
"De quando em quando, grupos hostis de entidades espirituais em desequilíbrio nos defrontavam, seguindo adiante, indiferentes, incapazes de registrar-nos a presença. Falavam em alta voz, em português degradado, mas inteligível, evidenciando, pelas gargalhadas, deploráveis condições de ignorância. Apresentavam-se em trajes bisonhos e conduziam apetrechos de lutar e ferir.
Avançamos mais profundamente, mas o ambiente passou a sufocar-nos. Repousamos, de algum modo, vencidos de fadiga singular, e Gúbio, depois de alguns momentos, nos esclareceu:
- Nossas organizações perispiríticas, à maneira de escafandro estruturado em material absorvente, por ato deliberado de nossa vontade, não devem reagir contra as baixas vibrações deste plano.
Estamos na posição de homens que, por amor, descessem a operar num imenso lago de lodo; para socorrer eficientemente os que se adaptaram a ele, são compelidos a cobrir-se com as substâncias do charco, sofrendo-lhes, com paciência e coragem, a influenciação deprimente. Atravessamos importantes limites vibratórios e cabenos entregar a forma exterior ao meio que nos recebe, a fim de sermos realmente úteis aos que nos propomos auxiliar. Finda a nossa transformação transitória, seremos vistos por qualquer dos habitantes desta região menos feliz. A oração, de agora em diante, deve ser nosso único fio de comunicação com o Alto, até que eu possa verificar, quando na Crosta, qual o minuto mais adequado de nosso retorno aos dons luminescentes.
(...) Passamos a inalar as substâncias espessas que pairavam em derredor, como se o ar fosse constituído de fluidos viscosos.
Elói estirou-se, ofegante, e não obstante experimentar, por minha vez, asfixiante opressão, busquei padronizar atitudes pela conduta do instrutor, que tolerava a metamorfose, silencioso e palidíssimo.
Reparei, confundido, que a voluntária integração com os elementos inferiores do plano nos desfigurava enormemente. Pouco a pouco, sentimo-nos pesados e tive a idéia de que fora, de improviso, religado, de novo, ao corpo de carne, porque, embora me sentisse dono da própria individualidade, me via revestido de matéria densa, como se fosse obrigado a envergar inesperada armadura.
Decorridos longos minutos, o orientador apelou, diligente:
- Prossigamos! Doravante, seremos auxiliares anônimos. Não nos convém, por enquanto, a identificação pessoal.
- Mas, não será isto mentir? - clamou Elói, quase refeito.
Gúbio dividiu conosco um olhar de benevolência e explicou, bondoso:
- Não te recordas do texto evangélico que recomenda não saiba a mão esquerda o que dá a direita? Este é o momento de ajudarmos sem alarde. O Senhor não é mentiroso quando nos estende invisíveis recursos de salvação, sem que lhe vejamos a presença. Nesta cidade sombria, trabalham inúmeros companheiros do bem nas condições em que nos achamos. Se erguermos bandeira provocante, nestes campos, nos quais noventa e cinco por cento das inteligências se encontram devotadas ao mal e à desarmonia, nosso programa será estraçalhado em alguns instantes. Centenas de milhares de criaturas aqui padecem amargos choques de retorno à realidade, sob a vigilância de tribos cruéis, formadas de espíritos egoístas, invejosos e brutalizados Para a sensibilidade medianamente desenvolvida, o sofrimento aqui é inapreciável." (Libertação. Cap. 4. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
Allan Kardec, faz o seguinte esclarecimento: "Os Espíritos só se mostram quando o querem e a quem também o querem. Um Espírito, pois, poderia aparecer, numa assembléia, a um ou a muitos dos presentes e não ser visto pelos demais. Dá-se isso, porque as percepções desse gênero se efetuam por meio da vista espiritual, e não por intermédio da vista carnal; pois não só aquela não é dada a toda gente, como pode, se for conveniente, ser retirada, pela só vontade do Espírito, àquele a quem ele não queira mostrar-se, como pode dá-la, momentaneamente, se entender necessário.
À condensação do fluido perispirítico nas aparições, indo mesmo até à tangibilidade, faltam as propriedades da matéria ordinária: se tal não se desse, as aparições seriam perceptíveis pelos olhos do corpo e, então, todas as pessoas presentes as perceberiam.
Podendo o Espírito operar transformações na contextura do seu envoltório perispirítico e irradiando-se esse envoltório em torno do corpo qual atmosfera fluídica, pode produzir-se na superfície mesma do corpo um fenômeno análogo ao das aparições. Pode a imagem real do corpo apagar-se mais ou menos completamente, sob a camada fluídica, e assumir outra aparência; ou, então, vistos através da camada fluídica modificada, os traços primitivos podem tomar outra expressão. Se, saindo do terra-a-terra, o Espírito encarnado se identifica com as coisas do mundo espiritual, pode a expressão de um semblante feio tornar-se bela, radiosa e até luminosa; se, ao contrário, o Espírito é presa de paixões más, um semblante belo pode tomar um aspecto horrendo." (A Gênese. Cap. 14. Item 38. Allan Kardec)
No livro "Libertação" o Espírito André Luiz relata um caso de um hipnotizador das trevas, que julga sem piedade uma mulher que se sente culpada por ter assassinado seus quatros filhos e o esposo, e assim consegue modificar o seu perispírito, dizendo:
" - A sentença foi lavrada por si mesma! Não passa de uma loba, de uma loba...
À medida que repetia a afirmação, qual se procurasse persuadi-la a sentir-se na condição do irracional mencionado, notei que a mulher, profundamente influenciável, modificava a expressão fisionômica. Entortou-se-lhe a boca, a cerviz curvou-se, espontânea, para a frente, os olhos alteraram-se, dentro das órbitas. Simiesca expressão revestiu-lhe o rosto. Via-se, patente, naquela exibição de poder, o efeito do hipnotismo sobre o corpo perispirítico.
(...)Temos aqui a gênese dos fenômenos de licantropia, inextricáveis, ainda, para a investigação dos médicos encarnados. Lembras-te de Nabucodonosor, o rei poderoso, a que se refere a Bíblia? Conta-nos o Livro Sagrado que ele viveu, sentindo-se animal, durante sete anos. O hipnotismo é tão velho quanto o mundo e é recurso empregado pelos bons e pelos maus, tomando-se por base, acima de tudo, os elementos plásticos do perispírito." (Libertação. Cap. 5. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
" A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Os Espíritos inferiores não podem mudar de envoltório a seu bel-prazer, pelo que não podem passar, à vontade, de um mundo para outro. Alguns há, portanto, cujo envoltório fluídico, se bem que etéreo e imponderável com relação à matéria tangível, ainda é por demais pesado, se assim nos podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio. Nessa categoria se devem incluir aqueles cujo perispírito é tão grosseiro, que eles o confundem com o corpo carnal, razão por que continuam a crer-se vivos. Esses Espíritos,cujo número é avultado, permanecem na superfície da Terra, como os encarnados, julgando-se entregues às suas ocupações terrenas. Outros um pouco mais desmaterializados não o são, contudo, suficientemente, para se elevarem acima das regiões terrestres. Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores, e, até, encarnar neles. Tiram, dos elementos constitutivos do mundo onde entram, os materiais para a formação do envoltório fluídico ou carnal apropriado ao meio em que se encontrem. Fazem como o nobre que despe temporariamente suas vestes, para envergar os trajes plebeus, sem deixar por isso de ser nobre. É assim que os Espíritos da categoria mais elevada podem manifestar-se aos habitantes da Terra ou encarnar em missão entre estes." (A Gênese. Cap. 14. Item 9. Allan Kardec)
No livro "Nosso lar" a mãe do Espírito André Luiz, que era um Espírito Superior, esclarece que quando tentou ajudar o pai dele, que estava nas trevas do Umbral, não conseguiu perceber sua presença espiritual, e explica o motivo, dizendo:
"- A princípio, ele quis reagir, esforçando-se por encontrar-me, mas não pôde compreender que após a morte do corpo físico a alma se encontra tal qual vive intrinsecamente. Laerte, portanto, não percebeu minha presença espiritual, nem a assistência desvelada de outros amigos nossos. Tendo gasto muitos anos a fingir, viciara a visão espiritual, restringira o padrão vibratório, e o resultado foi achar-se tão-só na companhia das relações que cultivara irrefletidamente, pela mente e pelo coração." (Nosso Lar. Cap. 16. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
No livro "Missionários da luz", o Espírito André Luiz também afirma que os Espíritos obsessores não conseguiram perceber a sua presença e dos bons Espíritos que estavam num agrupamento espírita para auxiliar, pois estavam num padrão vibratório diferente. Vejamos o que ele diz:
"As entidades inferiores que rodeavam os doentes compareciam em grande número. Nenhuma delas nos registrava a presença, em virtude do baixo padrão vibratório em que se mantinham, mas se sentiam à vontade, no contacto com os companheiros encarnados. Permutavam impressões, entre si, com grande interesse e através das conversações deixavam perceber seus terríveis projetos de ataque e vingança." (Missionários da luz. Cap. 18. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
Num outro episódio, o assistente Jerônimo esclarece ao Espírito André Luiz que o grupo de socorristas somente poderiam regastar espíritos que estavam em regiões inferiores, conforme sua condição espiritual, dizendo:
"- Os sofredores, já modificados para o bem, apresentarão círculos luminosos característicos em torno de si mesmos, logo que, estejam onde estiverem, concentrem suas forças mentais no esforço pela própria retificação. Os outros, os impenitentes e mentirosos sistemáticos, ainda que pronunciem comovedoras palavras, permanecerão confinados nas nuvens de treva que lhes cercam a mente endurecida no crime." (Obreiros da vida Eterna. Cap. 10. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
Portanto, conclui-se que somente os espíritos com uma visão espiritual educada e com certo grau de evolução conseguem perceber a presença de certos espíritos e detalhes do seu perispírito, que mostram suas características morais, conseguindo identificar quem pode ser ajudado ou não. (Vide: O caso de uma falsa mendiga com 58 pontos negros que representam 58 crianças assassinadas ao nascerem, que só foram visualizados por um especialista no livro: Nosso Lar. Cap. 31. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
"O mundo espiritual é, pois, iluminado pela luz espiritual, que tem seus efeitos próprios, como o mundo material é iluminado pela luz solar." (A Gênese. Cap. 14. Item 24. Allan Kardec)