POR QUE NÃO É RECOMENDADO EXERCER A MEDIUNIDADE FORA DO CENTRO ESPÍRITA?

Por causa das orientações de Allan Kardec, que recomenda escolher um mesmo local para obter as comunicações espirituais, pois a presença regular de médiuns sérios num mesmo lugar permite uma atmosfera fluidica benéfica para atrair os bons Espíritos e afastar a influência dos maus, apesar de não haver local específico para obter as comunicações, pois é possível obtê-las em qualquer lugar.

Segundo Allan Kardec, " (...) não há lugares fatídicos para as comunicações espíritas: devem, entretanto, evitar-se aqueles que são de molde a chocar a imaginação. Os bons Espíritos vão a toda parte onde um coração puro os chama para o bem e os maus não têm predileção senão pelos lugares onde encontram simpatia. Os lugares de sepulcros têm mais influência sobre a nossa mente do que sobre os Espíritos e a experiência demonstra que tanto estes vêm ao quarto mais vulgar e sem aparelho diabólico, quanto aos seus túmulos e às capelas em ruínas, tanto em pleno dia quanto à luz da lua.

Se a escolha do local é indiferente, útil é não mudá-la desnecessariamente. O fluido vital, do qual cada Espírito errante ou encarnado é, de certo modo, um foco, irradia em seu redor pelo pensamento. Compreende-se, pois, que em um  local   habitual, deve haver um eflúvio desse fluido que aí forma, por assim dizer, uma atmosfera moral com a qual os Espíritos se identificam. Um lugar mesmo consagrado exclusivamente a essa espécie de entretenimentos e que não fosse, por assim dizer, profanado por preocupações vulgares seria ainda preferível, pois que seria um verdadeiro santuário de onde os maus Espíritos estariam excluídos, de vez que os elementos da atmosfera moral aí estariam menos misturados que num lugar banal." (Instruções práticas sobre as manifestações espíritas. Capítulo VIII - Das relações com os espíritos . Do local. Allan Kardec)

Quando os indivíduos se reunem num verdadeiro santuário, com o objetivo de se instruirem moralmente e auxiliar o próximo, é possível ocorrer uma comunhão de pensamentos em comum, no qual possibilita uma boa comunicação com os espíritos e  o bem estar geral dos indivíduos.

De acordo com Allan Kardec, "Se todos forem benevolentes, todos os assistentes experimentarão um verdadeiro bem-estar e sentirse-ão à vontade. No entanto, se ali se misturarem alguns maus  pensamentos, eles produzirão o efeito  de  uma corrente  de  ar gelado num meio tépido.

Essa é a causa do sentimento  de  satisfação que se experimenta numa reunião simpática; aí reina algo como que uma atmosfera salubre, onde  se respira à vontade; daí se sai reconfortado, porque aí nos impregnamos  de eflúvios salutares. Assim também se explicam a ansiedade  e o mal-estar indefinível que sentimos num meio antipático, onde  pensamentos malévolos provocam, por assim dizer, correntes fluídicas malsãs.
A   comunhão   de   pensamentos   produz, pois, uma espécie  de  efeito físico que age sobre o moral.  

(...) Para os espíritas, a  comunhão  de   pensamentos  tem um resultado ainda mais especial. (...) Com efeito, se o pensamento coletivo adquire força pela quantidade, um conjunto  de  pensamentos  idênticos, tendo o bem por objetivo, terá mais força para neutralizar a ação dos maus Espíritos. Assim, vejamos que a tática destes últimos é levar à divisão e ao isolamento. Sozinho, um homem pode   sucumbir, ao passo que se sua vontade  for corroborada por outras vontades, ele poderá resistir, conforme o axioma: A união faz a força, axioma verdadeiro, tanto em termos morais quanto físicos.

Por outro lado, se a ação dos Espíritos malévolos pode ser paralisada por um pensamento comum, é evidente que a dos bons Espíritos será secundada, e sua influência salutar não encontrará obstáculos; seus eflúvios fluídicos, não sendo impedidos por correntes contrárias, espalhar-se-ão sobre todos os assistentes, precisamente porque todos os terão atraído pelo pensamento, não cada um em proveito pessoal, mas em proveito  de  todos, conforme a lei da caridade. Esses eflúvios  descerão sobre eles em línguas de fogo, para nos servirmos  de uma admirável imagem do Evangelho.

Assim, pela  comunhão  de  pensamentos, os homens se assistem entre si, e ao mesmo tempo assistem os Espíritos e são por eles assistidos. " (Revista Espírita.  Dezembro de 1864. Da comunhão do pensamento. Allan Kardec)

No entanto, não basta apenas frequentar um mesmo local e ter uma comunhão de pensamentos com recolhimento e silêncio respeitosos para obter uma boa comunicação com os Espíritos, além disso, é recomendado também evocá-los em dias e horários determinados,  pois eles possuem seus próprios afazeres, não estando disponíveis a qualquer hora que desejamos.

Em "O Livro dos Médiuns" obtemos a seguinte resposta, quando Allan Kardec questionou sobre este assunto:

São preferíveis as evocações em dias e horas determinados?

"Sim e, se for possível, no mesmo lugar: os Espíritos aí acorrem com mais satisfação. O desejo constante que tendes é que auxilia os Espíritos a se porem em comunicação convosco. Eles têm ocupações, que não podem deixar de improviso, para satisfação vossa pessoal. Digo - no mesmo lugar, mas não julgueis que isso deva constituir uma obrigação absoluta, porquanto os Espíritos vão a toda parte. Quero dizer que um lugar consagrado às reuniões é preferível, porque o recolhimento se faz mais perfeito." (O Livro dos Médiuns. Cap. 25. Item 282. Allan Kardec)

O Codificador da doutrina afirma: "De acordo com tudo quanto temos dito, compreende-se que o silêncio e o recolhimento sejam condições de primeira ordem; mas o que não é menos necessário é a regularidade das reuniões. Em todas há sempre Espíritos que poderíamos chamar de frequentadores - e por isso não entendemos esses Espíritos que se acham por toda parte e em tudo se metem - tanto são Espíritos familiares, quanto aqueles que interrogamos mais frequentemente. Não se deve supor que esses Espíritos não tenham outra coisa a fazer senão nos escutar: eles têm as suas ocupações e, aliás, podem encontrar-se em condições desfavoráveis para ser evocados.

Quando as reuniões são feitas em dias e horas prefixadas, eles por isso mesmo se dispõem e é raro que faltem. Alguns até levam a pontualidade ao extremo: formalizam-se por quinze minutos de atraso e se, eles próprios, marcam a hora de um apontamento, em vão os chamaríamos alguns minutos mais cedo. Fora das horas consagradas certamente podem vir e vêm até de boa vontade, desde que para um fim útil. Nada, porém, é mais prejudicial às boas comunicações do que os chamar a torto e a direito, quando nos dá na telha e, principalmente, sem um motivo sério. Como não são obrigados a submeter-se aos nossos caprichos, bem poderiam não se incomodar; e é sobretudo nessas ocasiões que outros lhes tomam o lugar e o nome." (Instruções práticas sobre as manifestações espíritas . Capítulo 8 - Das relações com os espíritos. Allan Kardec)

Por isso é preferível realizar reuniões mediúnicas com adeptos sérios que tenham pensamentos em comum num mesmo local, ou seja, estar em ambiente simpático, em dias e horários prefixados para que não haja risco de pessoas mal-intencionadas e de espíritos malévolos atrapalharem a reunião ou tomarem o lugar dos bons Espíritos, com a finalidade de enganar os médiuns e dirigentes.

Diante desta questão preocupante, o médium Divaldo Franco faz um esclarecimento  respondendo a seguinte pergunta:

Seria desaconselhável o desempenho mediúnico isolado bem como em reuniões domiciliares ou recintos estranhos aos Centros ou locais similares?

"É desaconselhável esse comportamento como hábito, o que não impede que, excepcionalmente, ocorra o fenômeno com a anuência do médium sob a inspiração dos Bons Espíritos.

(...) É desaconselhável que, em lugares não preparados o mister mediúnico venha a ocorrer para fenômeno com anuência do sensitivo. Perguntár-se por quê? Respondemos que, pelos danos que poderão advir. Se o meio for hostil, leviano e de recursos psíquicos negativos, podem ocorrer mistificações, distonias, aberturas vibratórias para espíritos que não tenham propósitos superiores. Seria o mesmo que requisitar determinada cirurgia num consultório médico onde não haja requisitos da assepsia, do instrumental, etc.

Portanto, a Casa Espírita é o lugar ideal, porque ali os Benfeitores instalam equipamentos de Socorro de emergência; estão entidades zelosas que se postam para defender o recinto; encontram-se trabalhadores especializados que vêm para o ministério, adredemente programado. Porque se na Terra, que é o mundo dos efeitos são tomados cuidados antes das realizações é compreensível que no mundo espiritual as realizações mereçam um tratamento muito especializado no que tange ao progresso da criatura e da humanidade.

Os Benfeitores programam as tarefas mediúnicas e aqueles que se vão comunicar para que tudo ocorra em clima de ordem e de paz. O médium que se submete a fenômenos de ocasião está sujeito a graves perigos, porque seria o mesmo que colocar instrumentos de alta sensibilidade nas mãos de pessoas inescrupulosas ou desconhecedoras de seu mecanismo. Concluindo é desaconselhável." (Diretrizes de segurança. Cap. 47. Divaldo Franco / Raul Teixeira)

Passatempo Espírita © 2013 - 2024. Todos os direitos reservados. Site sem fins lucrativos.

Desenvolvido por Webnode