Observamos constantemente casos de pacientes que apresentam melhora clínica súbita e de estado de consciência antes de morrer, e, muitas vezes, o momento possibilita o alívio e a despedida dos entes queridos. A ciência terrestre não consegue explicar a causa disto, através de comprovações científicas, porém o Espiritismo traz esclarecimentos sobre este assunto.
Na obra &Os Mensageiros&, temos a explicação para este fenômeno, quando o autor relata um caso de um senhor em coma, com aproximadamente sessenta anos, vítima de leucemia, no qual recebeu a ajuda de Aniceto e outros Espíritos, à pedido de sua mãe, para que os familiares, que o envolviam-no, numa "rede de fios cinzentos", pudessem se desligar do enfermo quase morto, através da sua melhora repentina. Esta cena foi descrita pelo Espírito André Luiz da seguinte forma:
"No aposento, conservava-se determinado número de parentes aflitos. Um médico encarnado examinava o moribundo, com atenção. Foi aí que as duas entidades que se mantinham no quarto, e que apenas nos haviam dispensado a usual saudação, se aproximaram do nosso instrutor, solicitando-lhe uma cooperação mais enérgica.
- Por favor, nobre amigo - disse a irmã que havia sido genitora do moribundo -, ajude-nos a retirar meu pobre filho do corpo esgotado. Há muitas horas, estamos à espera de alguém que nos possa auxiliar neste transe. Tenho procurado confortá-lo, mas em vão! - acentuou a nobre senhora em tom lastimoso - ele continua num estado de incompreensão dolorosa e terrível. Está absolutamente preso às sensações de sofrimento físico, como esteve ligado, no curso da existência, às satisfações do corpo.
Aniceto concordou, acrescentando:
(...)Vê-se que atravessou a vida humana obedecendo mais ao instinto que à razão. Observam-se-lhe no mundo celular gestos complexos de indisciplina. Poderemos, contudo, ajudá-lo a desvencilhar-se dos laços mais fortes, no que se refere ao círculo carnal.
(...)Fernando não poderá acompanhá-la, mas tão nobre tem sido a intercessão materna que tenho instruções para conduzi-lo a lugar seguro, a uma casa de socorro, onde poderá colher o melhor proveito do sofrimento, porquanto será asilado em zona vibratória inacessível às influências inferiores e criminosas, embora situada em regiões baixas.
(....) Em seguida, acentuou como quem não tinha tempo a perder:
- A aflição dos familiares encarnados, aqui presentes, poderá dificultar-nos a ação. Observem como todos eles emitem recursos magnéticos em benefício do moribundo.
De fato, uma rede de fios cinzentos e fracamente iluminados parecia ligar os parentes ao enfermo quase morto.
- Tais socorros - tornou Aniceto - são agora inúteis para devolver-lhe o equilíbrio orgânico. Precisamos neutralizar essas forças, emitidas pela inquietação, proporcionando, antes de tudo, a possível serenidade à família.
E, aproximando-se ainda mais do agonizante, tomou a atitude do magnetizador, exclamando:
- Modifiquemos o quadro do coma.
Após alguns minutos em que nosso mentor operava, secundado pelo nosso respeitoso silêncio, ouvimos o médico encarnado anunciar aos parentes do moribundo:
- Melhoram os prognósticos. A pulsação, inexplicavelmente, está quase normal. A respiração tende a calmar-se. Três senhoras suspiraram aliviadas.
(...) Meia hora passou, dentro da qual o médico e o senhor Januário, quase despreocupados do agonizante, pelas melhoras havidas, encetaram uma conversação animada, relativamente a problemas do mundo.
Aproveitou Aniceto a serenidade ambiente e começou a retirar o corpo espiritual de Fernando, desligando-o dos despojos..."(Os Mensageiros. Cap. 50. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
No livro "Obreiros da Vida eterna", o autor relata que também houve dificuldades para a desencarnação de Dimas , um médium dedicado ao bem, que adoeceu gravemente e desencarnou antes do momento certo. Vejamos o que diz o assitente que estava incumbido de auxiliar no desprendimento dele:
"Se Dimas estivesse plenamente senhor das emoções, não surgiria inconveniente algum. Entretanto, ele permanece agora sob agitações psíquicas muito fortes. Conhece o fim próximo do aparelho carnal, mas não pode esquivar-se, de súbito, às algemas domésticas. Teme o futuro dos seus, conserva-se em total descontrole dos nervos e enlaça-se nas emissões de inquietude da esposa e dos filhos."
(...) A esposa do médium, ao pé dele, não obstante prolongadas vigílias e sacrifícios estafantes, que a expressão fisionômica denunciava, mantinha-se firme a seu lado, olhos vermelhos de chorar, emitindo forças de retenção amorosa que prendiam o moribundo em vasto emaranhado de fios cinzentos, dando-nos a impressão de peixe encarcerado em rede caprichosa.
Jerônimo apontou-a, bondoso, e explicou:
- Nossa pobre amiga é o primeiro empecilho a remover. Improvisemos temporária melhora para o agonizante, a fim de sossegar-lhe a mente aflita. Somente depois de semelhante medida conseguiremos retirá-lo, sem maior impedimento. As correntes de força, exteriorizadas por ela, infundem vida aparente aos centros de energia vital, já em adiantado processo de desintegração.& (Obreiros da vida eterna. Cap. 13. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
Allan Kardec faz a seguinte explicação para este fenômeno: "O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se ". (O Livro dos Espíritos. Questão 70. Allan Kardec).
"Os corpos orgânicos seriam, então, verdadeiras pilhas elétricas, que funcionam enquanto os elementos dessas pilhas se acham em condições de produzir eletricidade: é a vida; que deixam de funcionar, quando tais condições desaparecem: é a morte.
Segundo essa maneira de ver, o princípio vital não seria mais do que uma espécie particular de eletricidade, denominada eletricidade animal, que durante a vida se desprende pela ação dos órgãos e cuja produção cessa, quando da morte, por se extinguir tal ação."(A Gênese. Cap.10. Itens 19. Allan Kardec)
"A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica. A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente; que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos estudos feitos em todos os indivíduos que se têm podido observar por ocasião da morte."(O Livro dos Espíritos. Questão 155. Allan Kardec)
No livro "O Céu e o inferno", Allan Kardec relata o caso de um espírito sofredor desencarnado (Auguste Michel) que solicita a presença do médium no cemitério para orar sobre o seu corpo físico (ou seja, aplicar um passe magnético), pois estava com dificuldades de se desprender dele.
No livro faz a seguinte explicação: " A insistência do Espírito, para que se orasse sobre o seu túmulo, é uma particularidade notável, mas que tinha sua razão de ser se levarmos em conta a tenacidade dos laços que ao corpo o prendiam, à dificuldade do desprendimento, em conseqüência da materialidade da sua existência. COMPREENDE-SE QUE, MAIS PRÓXIMA, A PRECE PUDESSE EXERCER UMA ESPÉCIE DE AÇÃO MAGNÉTICA MAIS PODEROSA NO SENTIDO DE AUXILIAR O DESPRENDIMENTO. O costume quase geral de orar junto aos cadáveres não provirá da intuição inconsciente de um tal efeito? Nesse caso, a eficácia da prece alcançaria um resultado simultaneamente moral e material."(O Céu e o inferno. Espíritos Sofredores. Allan Kardec)
Portanto, conclui-se que a ação magnética, empregada de forma adequada, pode tanto fornecer fluidos vitais para prolongar a vida, por determinado período, daquele que está prestes a morrer, quanto promover o desprendimento total do Espírito do seu corpo físico quando este está quase morto.