A evangelização da criança e do adolescente é uma das mais importantes tarefas do Movimento Espírita por situar-se na base da educação humana. E a educação humana, sem estar estribada nos princípios da Doutrina Espírita, não vai cumprir a sua extraordinária missão na Terra.
A educação humana, vista à luz dos esclarecimentos espíritas, focaliza o educando antes do nascimento, durante a vida física, prolongando-se até a vida espiritual; sua abrangência é, pois, transcendental.
Não resta dúvida que a nossa sociedade precisa mudar, com urgência, o seu modo de pensar, de sentir e de agir a fim de imprimir uma diretriz mais segura ao processo educativo. É preciso definir o educando como um ser imortal e sujeito à ação educativa antes, durante e depois da vida física, focando-o em seus aspectos: vital, mental, psíquico e espiritual.
Esses aspectos se sucedem cronologicamente, não se substituem mutuamente, mas complementam-se.
Educar e amparar a infância é preservar a sociedade futura de todos os males que a afligem na atualidade, é evitar que se reproduzam os desequilíbrios que hoje perturbam o mundo.
A formação de sentimentos é de grande importância na educação. Essa formação se processa por meio do desenvolvimento das potências embrionárias do Espírito, tais como: a piedade, a fraternidade e o amor ao próximo.
Os conteúdos de ordem afetiva são os mais importantes a serem ministrados na Evangelização Espírita. O Evangelho de Jesus é o maior repositório de ensinamentos que devem formar a estrutura afetiva do ser humano.
Quando o Cristo ensinou que os mansos herdariam a Terra, valorizou, sobremaneira, a capacidade de tolerância e de ajuda mútua que os homens devem cultivar, e que é a base do desenvolvimento da afetividade e do amor ao próximo.
Somente o homem evangelizado será capaz de mudar os parâmetros da sociedade atual, e podemos considerar evangelizado o homem de sentimentos elevados e razão esclarecida pelo conhecimento espírita. Razão e sentimento formam, pois, um binômio da maior importância na conquista da espiritualidade maior.
O pai, a mãe, aqueles que desempenham a função de pai e/ou mãe e o evangelizador desenvolvem papel fundamental na formação moral das novas gerações que desabrocham para a vida física, esperançosas e otimistas, porque todos reencarnam a fim de progredir. Ninguém volta à vida física para permanecer inativo no esforço das conquistas espirituais de que necessita. Todos reencarnam para prosseguir avançando na escala espiritual.
Os delinquentes de todos os tempos foram crianças que cresceram na falta de recursos educativos e de orientação moral; são órfãos de todos os matizes: de pais desencarnados, de pais vivos, mas inconscientes de seus deveres, de pais doentes, e, como tais, impossibilitados de amparar e educar os filhos.
O sentimento de abandono afetivo influi negativamente na formação psíquica da criança que será o adulto de amanhã, portador de todas as falhas que são o característico das sociedades hodiernas.
A experiência humana, que ocorre nos dois planos da vida, é fonte de enriquecimento intelectual, moral e espiritual. A Evangelização à luz do Espiritismo que, no nosso entender, é a mais alta expressão de educar, cumpre elevada missão no mundo, por descortinar a seus habitantes o futuro que os espera na eternidade.
Evangelizar é a ação contínua e ininterrupta que modifica os seres, ajudando-os na escalada evolutiva rumo à perfeição na esteira infinita do tempo. Não se realiza apenas numa existência corporal. Eis por que a ideia da reencarnação é tão importante na interpretação da educação continuada: o que não é possível adquirir numa experiência física, é factível em várias experiências no corpo físico, considerando-se, ainda, o intervalo entre as encarnações, isto é, os períodos na vida espiritual que oferecem aprendizados variados aos Espíritos.
A vida terrena é um instante da vida imortal do Espírito e deve ser muito bem aproveitada no sentido do seu aprimoramento. O objetivo fundamental da nossa encarnação é o progresso intelecto-moral.
Aperfeiçoar a inteligência e o sentimento constitui o fim último de nossa estada na vida corpórea.
A educação embasada no conhecimento espírita e na moral evangélica assegura o pleno aproveitamento da existência terrena, porque direciona os passos da criatura humana para as conquistas dos bens do Espírito.
Ensinar a viver é a função maior do conhecimento espírita, que envolve toda uma filosofia de vida capaz de garantir ao Espírito reencarnado o pleno sucesso de sua existência terrena.
Reforçando essas considerações, que integram as bases sobre as quais se alicerça o Programa da Evangelização Espírita, recorremos a Emmanuel1 que diz:
Levantam-se educandários em toda a Terra.
Estabelecimentos para a instrução primária, universidades para o ensino superior. Ao lado, porém, das instituições que visam à especialização profissional e científica, na atualidade, encontramos no templo espírita a escola da alma, ensinando a viver.
1XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. 13. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Na escola da alma.
(Revista Reformador. Cecília Rocha . Março de 2012)