De acordo com o Espírito Emmanuel, "O Cristianismo, inaugurando um novo ciclo de progresso espiritual, renovou as concepções de Deus no seio das idéias religiosas; todavia, após a sua propagação, várias foram as interpretações escriturísticas, dado azo a que as facções sectaristas tentassem isoladamente, ser as suas únicas representantes; a Igreja Católica e as numerosas seitas protestantes, nascidas do ambiente por ela formado, têm levado longe a luta religiosa, esquecidas de que a Providência Divina é Amor. Estabeleceram com a sua acanhada hermenêutica os dogmas de fé, nutrindo-se das fortunas iníquas a que se referem os Evangelhos, prejudicando os necessitados e os infelizes." (Livro: Emmanuel. Cap. 26. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
"A igreja de Roma, que antes da criação oficial do Papado considerava-se a eleita de Jesus, ao arvorar-se em detentora das ordenações de Pedro, não perdia ensejos de firmar a sua injustificável primazia junto às suas congêneres de Antioquia, de Alexandria e dos demais grandes centros da época. Herdando os costumes romanos e suas disposições multisseculares, procurou um acordo com as doutrinas consideradas pagãs, pela posteridade, modificando as tradições puramente cristãs, adaptando textos, improvisando novidades injustificáveis e organizando, finalmente, o Catolicismo sobre os escombros da doutrina deturpada.
Os bispos de Roma, abusando do fácil entendimento com as autoridades políticas do Estado, impunham suas inovações arbitrárias, contrariando as sublimes finalidades do ensinamento d'Aquele que preconizara a humildade e o amor como os grandes caminhos da redenção.
É assim que aparecem novos dogmas, novas modalidades doutrinárias, o culto dos ídolos nas igrejas, as espetaculosas festas do culto externo, copiados quase todos os costumes da Roma anticristã.
(...) Os chefes eclesiásticos, guindados à mais alta preponderância política, não se lembravam da pobreza e da simplicidade apostólicas, nem das palavras do Messias, que afirmara não ser o seu reino ainda deste mundo." (A caminho da luz. Cap. 18. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Segundo Allan Kardec, "Infelizmente, os adeptos da nova doutrina não se entenderam quanto à interpretação das palavras do Mestre, veladas, as mais das vezes, pela alegoria e pelas figuras da linguagem. Daí o nascerem, sem demora, numerosas seitas, pretendendo todas possuir, exclusivamente, a verdade e o não bastarem dezoito séculos para pô-las de acordo. "(O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 23. Item 15. Allan Kardec)
"Ao invés de se buscar a santidade da alma, buscava-se a santidade das coisas: crucifixos, medalhas, escapulários, bentinhos, rosários, fitas, velas, véus, paramentos, cálices de ouro e assim por diante.
(...) A fé cristã é direta, dirigida a Deus, que é o Pai, e não aos dogmas desta ou daquela igreja. A mulher com fluxo de sangue não precisou inscrever-se em qualquer instituição humana para que a sua fé a curasse. Bastou-lhe tocar a fímbria das vestes do Mestre, sem sequer lhe pedir licença, para que fosse curada. No tocante às obras, Paulo deixou claro que a fé vale pelas obras. Mas os teólogos confundiram as obras cristãs, que eram a prática da caridade, com as obras da lei do judaísmo, referentes aos compromissos dos fiéis com a Sinagoga e o Templo de Jerusalém. Nunca se viu um texto tão pequeno e claro ser tão mal compreendido pelos que o adotaram como válido, e durante tanto tempo, através de dois milênios. "(Revisão do Cristianismo. Cap. 3. J. Herculano Pires)
Por isso, "O Espiritismo é chamado a desempenhar imenso papel na Terra. Ele reformará a legislação ainda tão frequentemente contrária às leis divinas; retificará os erros da História; restaurará a religião do Cristo, que se tornou, nas mãos dos padres, objeto de comércio e de tráfico vil; instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai diretamente a Deus, sem se deter nas franjas de uma sotaina, ou nos degraus de um altar." (Obras Póstumas. 2° parte. Futuro do Espiritismo. Allan Kardec)
Entretanto, se o Cristo estivesse aqui novamente encarnado hoje, expulsaria muitos dos templos religiosos, inclusive alguns Espíritas, que esqueceram-se de preceitos básicos, abraçando a prática de rifas, bingos, instauração de bazar, lanchonete e "comes e bebes", técnicas inadequadas, tais como a apometria, uso de rituais e vestimentas especiais, palestras cobradas, congressos gigantescos e caros, venda de livros não espíritas que trazem conceitos estranhos ao Espiritismo, etc..