"Em princípio, o futuro lhe é oculto e só em casos raros e excepcionais permite Deus que seja revelado." ( O Livro dos Espíritos. Questão 868. Allan Kardec)
" Os sonhos não são verdadeiros como o entendem os ledores de buena-dicha, pois fora absurdo crer-se que sonhar com tal coisa anuncia tal outra. São verdadeiros no sentido de que apresentam imagens que para o Espírito têm realidade, porém que, freqüentemente, nenhuma relação guardam com o que se passa na vida corporal. São também, como atrás dissemos, um pressentimento do futuro, permitido por Deus, ou a visão do que no momento ocorre em outro lugar a que a alma se transporta. Não se contam por muitos os casos de pessoas que em sonho aparecem a seus parentes e amigos, a fim de avisá-los do que a elas está acontecendo? Que são essas aparições senão as almas ou Espíritos de tais pessoas a se comunicarem com entes caros? Quando tendes certeza de que o que vistes realmente se deu, não fica provado que a imaginação nenhuma parte tomou na ocorrência, sobretudo se o que observastes não vos passava pela mente quando em vigília?" ( O Livro dos Espíritos. Questão 404. Allan Kardec).
Geralmente, o espírito protetor revela certos acontecimentos futuros para nos preparar para o evento. Em "O Livro dos Espíritos" os Espíritos Superiores fazem o seguinte esclarecimento sobre o assunto:
O pressentimento é sempre um aviso do Espírito protetor?
"É o conselho íntimo e oculto de um Espírito que vos quer bem. Também está na intuição da escolha que se haja feito; é a voz do instinto. Antes de encarnar, tem o Espírito conhecimento das fases principais de sua existência, isto é, do gênero das provas a que se submete. Tendo estas caráter assinalado, ele conserva, no seu foro íntimo, uma espécie de impressão de tais provas e esta impressão, que é a voz do instinto, fazendo-se ouvir quando se aproxima o momento de sofrê-las, se torna pressentimento."(O Livro dos Espíritos. Questão 522. Allan Kardec)
"Podem os Espíritos advertir-nos diretamente de um perigo? Eis um fato que parece confirmá-lo: Uma senhora sai de casa e segue pela avenida. Uma voz íntima lhe diz: Volta para casa. Ela vacila. A mesma voz faz-se ouvir várias vezes. Então ela volta, mas, refazendo-se, exclama: Mas... que vim fazer em casa? Vou sair mesmo. Sem dúvida isto é efeito de minha imaginação. Então retoma o caminho. Dados alguns passos, uma viga que tiravam de uma casa bate-lhe na cabeça e ela cai desacordada. Que voz era aquela? Não era um pressentimento do que lhe ia acontecer?
─ Era o instinto. Aliás, nenhum pressentimento tem essas características: são sempre vagos.
Que entendeis por voz do instinto?
─ Entendo que, antes de encarnar-se, o Espírito tem conhecimento de todas as fases de sua existência. Quando essas fases têm um caráter essencial, ele conserva uma espécie de impressão em seu foro íntimo e tal impressão, despertando ao aproximar-se o instante, torna-se pressentimento." (Revista Espírita. Março de 1858. A fatalidade e os pressentimentos. São Luis/ Allan Kardec)
Servindo-no do direito que a Ciência Espírita concede ao seu adepto, de procurar instruir-se com os seus guias e amigos espirituais, sobre pontos ainda obscuros da mesma, como o fenômeno das premonições, Yvonne A. Pereira, interroga o Espírito amigo Charles sobre a questão: Podeis esclarecer-nos sobre o processo pelo qual somos avisados de certos acontecimentos, geralmente importantes e graves, a se realizarem conosco, e que muitas vezes se cumprem como os vimos em sonhos ou em visões?
E ele respondeu, psicograficamente: - "Existem vários processos pelos quais o homem poderá ser informado de um ou outro acontecimento futuro importante da sua vida. Comumente, se ele fez jus a essa advertência, ou lembrete, pois isso implica certo mérito, ou ainda certo desenvolvimento psíquico, de quem o recebe, é um amigo do Além, um parente, o seu Espírito familiar ou o próprio Guardião Maior que lhe comunicam o fato a realizar-se, preparando-o para o evento, que geralmente é grave, doloroso, fazendo-se sempre em linguagem encenada, ou figurada, como de uso no Invisível, e daí o que chamais "avisos pelo sonho", ou seja, "sonhos premonitórios". De outras vezes, é o próprio indivíduo que, recordando os acontecimentos que lhe serviriam de testemunhos reparadores, perante a lei da criação, delineados no mundo Espiritual às vésperas da reencarnação, os vê tais como acontecerão, assim os casos de morte, sua própria ou de pessoas da família, desastres, dores morais, etc., etc. E os seus protetores espirituais, que, igualmente conhecem o programa de peripécias do pupilo, delineado no evento da reencarnação, com mais razão o advertirão no momento necessário, seja através do sonho ou intuitivamente." (Recordações da mediunidade. Cap. 9 - Premonições. Yvonne A. Pereira)
Na Bíblia relata a história de que o faraó havia sonhado com sete vacas gordas e sete vacas magras, estas últimas devoravam as gordas. E também sonhou com sete espigas secas e feias que devoravam sete espigas cheias. Deus revelou a José o significado: sete vacas gordas e sete espigas cheias significavam sete anos de fartura e sete vacas magras e sete espigas secas significavam sete anos de seca. O sonho foi repetido duas vezes ao Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e Deus se apressa em fazê-la. Então José disse ao Faraó que ele deveria se prevenir, colocar governadores sobre a terra e guardar o alimento no período de fartura. O faraó seguiu seus conselhos e fez de José o vice-rei do Egito. (Vide: Gênesis 37:1 a 46:6)
"A mencionada Jeane Dixon é bem conhecida por suas profecias, a mais famosa das quais foi o assassinato do Presidente Kennedy, dada com detalhes. Um dia, ao ser apresentada à estrela de cinema Carole Lombard, exclamou impulsivamente, "oh Miss Lombard! Não deve viajar de avião nas próximas seis semanas!" Carole tomou a nave e morreu na queda desta." (Evolução para o terceiro milênio. Parte 2. Cap. 4. Carlos Toledo Rizzini).
No entanto, segundo Yvonne A. Pereira, "(...) existem sonhos que não passam de frutos do nosso estado mental, ou nervoso, esgotado ou preocupado com afazeres e peripécias cotidianos. Outros são reflexos que nossa mente conserva dos fatos comuns da vida diária, e agora repetidos como num espelho: fazemos então, durante o sono, os mesmos trabalhos a que nos habituamos durante a vigília; tornamos às mesmas conversações, discussões, etc., ou realizamos, por uma espécie de autossugestão, os desejos conservados em nosso íntimo, os quais não tivemos possibilidade de realizar objetivamente: viagens, visitas, posse de alguma coisa e, às vezes, algo nem sempre confessável. Esses sonhos são medíocres e, geralmente, se confundem com outras cenas, num embaralhamento incômodo, que bem atestam perturbações físicas: má digestão, excitação nervosa, depressão etc. São, pois, mais reflexos da nossa vida cotidiana reagindo sobre o cérebro do que mesmo acontecimentos oriundos da verdadeira emancipação da alma. Comumente, tais sonhos acontecem durante o primeiro sono, quando as impressões adquiridas durante a agitação do dia ainda vibram em nossa organização cerebral não tranquilizada pelo repouso." (À Luz do Consolador. Sonhos...Yvonne A. Pereira)
Esses sonhos, portanto, são imagens criadas pela nossa mente, não devemos confudi-los com previsões do futuro, lembranças de vidas passadas ou recordações dos lugares e das pessoas que vistes no mundo espiritual.