POR QUE ALGUNS PARECEM TER "SORTE" E OUTROS "AZAR" NOS SEUS EMPREENDIMENTOS FINANCEIROS?

Para compreender este assunto é preciso saber o significado de algumas expressões, conforme o entendimento das pessoas. De acordo com o dicionário Michaelis, a palavra "sorte" possui o seguinte significado: 1. Força desconhecida e poderosa a que supostamente se atribuem os acontecimentos e o seu desenrolar e que independe da vontade do ser humano. 2. Resultado imprevisível.3. O que caracteriza uma pessoa favorecida pela felicidade, boa estrela; fortúnio. Por outro lado, a palavra "azar" tem um significado oposto: 1. Lance adverso, má sorte; caiporismo, infelicidade, mofina, revés, zica, ziguizira. 2. Acontecimento incerto ou imprevisível; acaso, casualidade, eventualidade. (Fonte: https://michaelis.uol.com.br - Data: 29/03/25)

Segundo o Espiritismo, não existe "sorte" ou "azar" em relação aos bens terrenos,  ou seja, não existe algo "bom" ou "ruim" que recebemos, que independe da vontade humana, conforme a crença popular. Quando um empreendimento financeiro não tem bom êxito, isto decorre do gênero de provas escolhido pelo indivíduo antes de reencarnar, se este quis ser provado por uma vida de decepções, a fim de exercitar a paciência e a resignação. Ou ainda, isto pode ser resultado muitas vezes da escolha errada feita pela pessoa nesta existência, devido, principalmente, à falta de planejamento financeiro e habilidade para administrar uma empresa. Fracassa por sua culpa e pelas suas próprias ambições. Aliás, não devemos também, conforme a crendice popular, culpar os maus Espíritos pelos obstáculos nos nossos projetos, pois apesar de poderem nos influenciar a tomar decisões ruins, sabemos que não há arrastamento irresistível, ou seja, podemos sempre resistir a tentação do mal, através do nosso livre-arbítrio.

Em "O Livro dos Espíritos" Allan Kardec faz algumas perguntas sobre este assunto e obtemos as seguintes respostas dos Espíritos Superiores:

Pessoas existem que nunca logram bom êxito em coisa alguma, que parecem perseguidas por um mau gênio em todos os  seus   empreendimentos. Não se pode chamar a isso fatalidade?
"Será uma fatalidade, se lhe quiseres dar esse nome, mas que decorre do gênero da existência escolhida. É que essas pessoas quiseram ser provadas por uma vida de decepções, a fim de exercitarem a paciência e a resignação. Entretanto, não creias seja absoluta essa fatalidade. Resulta muitas vezes do caminho falso que tais pessoas tomam, em discordância com sua inteligência e suas aptidões. Grande probabilidade tem de se afogar quem pretender atravessar a nado um rio, sem saber nadar. O mesmo se dá relativamente à maioria dos acontecimentos da vida. Quase sempre obteria o homem bom êxito, se só tentasse o que estivesse em relação com as suas faculdades. O que o perde são o seu amor-próprio e a sua ambição, que o desviam da senda que lhe é própria e o fazem considerar vocação o que não passa de desejo de satisfazer a certas paixões. Fracassa por sua culpa. Mas, em vez de culpar-se a si mesmo, prefere queixar-se da sua estrela. Um, por exemplo, que seria bom operário e ganharia honestamente a vida, mete-se a ser mau poeta e morre de fome. Para todos haveria lugar no mundo, desde que cada um soubesse colocar-se no lugar que lhe compete." (O Livro dos Espíritos. Questão 862. Allan Kardec)

Os costumes sociais não obrigam muitas vezes o homem a enveredar por um caminho de preferência a outro, e não se acha ele submetido à opinião dos outros, quanto à escolha de suas ocupações? O que se chama respeito humano não constitui obstáculo ao exercício do livre-arbítrio?
"São os homens, e não Deus, quem faz os costumes sociais. Se eles a estes se submetem, é porque lhes convêm. Tal submissão, portanto, representa um ato de livre-arbítrio, pois que, se o quisessem, poderiam libertar-se de semelhante jugo. Por que, então, se queixam? Falece-lhes razão para acusarem os costumes sociais. Devem lançar a culpa ao tolo amor-próprio de que vivem cheios e que os faz preferirem morrer de fome a infringi-los. Ninguém lhes agradecerá esse sacrifício feito à opinião pública, ao passo que Deus lhes levará em conta o sacrifício que fizerem de suas vaidades. Não quer isto dizer que o homem deva afrontar sem necessidade aquela opinião, como fazem alguns em que há mais excentricidade do que verdadeira filosofia. Tanto desatino há em procurar alguém ser apontado a dedo, ou considerado animal curioso, quanto sabedoria em descer voluntariamente e sem murmurar, quando não possa manter-se no alto da escala." (O Livro dos Espíritos. Questão 863. Allan Kardec)

Obs.:  Por exemplo, se um homem escolhe ser monge, seja no budismo, judaísmo ou catolicismo, e resolve seguir rituais severos de jejum alimentar, não deve atribuir a culpa de sentir fome ou ficar doente aos seus costumes sociais,  pois se possui livre-arbítrio, poderia fazê-lo de outro modo, sabendo que o verdadeiro sacrifício é fazer a caridade ao próximo.

Assim como há pessoas a quem a sorte em tudo é contrária, outras parecem favorecidas por ela, pois que tudo lhes sai bem. A que atribuir isso?
"É, muitas vezes, que essas pessoas sabem conduzir-se melhor. Mas também pode ser um gênero de prova. O bom êxito as embriaga; fiam-se no seu destino e muitas vezes pagam mais tarde esse bom êxito, mediante revezes cruéis, que a prudência as teria feito evitar." (O Livro dos Espíritos. Questão 864. Allan Kardec)

"Os estudos espíritas nos mostram, de fato, que mais de um homem, nascido na miséria, foi rico e considerado em uma existência anterior, na qual fez mau  uso da fortuna que Deus o encarregara de gerir." (O que é o Espiritismo. Cap.3. Item 134. Allan Kardec)

Por que Deus a uns concedeu as riquezas e o poder, e a outros, a miséria?

"Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso, como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com freqüência." (O Livro dos Espíritos.  Questã 814. Allan Kardec)

"Há ricos e pobres, porque sendo Deus justo, como é, a cada um prescreve trabalhar a seu turno. A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação. "(O Evangelho Segundo o Espiritismo.  Cap. 16. Item. 8. Allan Kardec)

Não podem os Espíritos levianos e zombeteiros criar pequenos embaraços à realização dos nossos projetos e transtornar as nossas previsões? Serão eles, numa palavra, os causadores do que chamamos pequenas misérias da vida humana?

"Eles se comprazem em vos causar aborrecimentos que representam para vós provas destinadas a exercitar a vossa paciência. Cansam-se, porém, quando vêem que nada conseguem. Entretanto, não seria justo, nem acertado, imputar-lhes todas as decepções que experimentais e de que sois os principais culpados pela vossa irreflexão. Fica certo de que, se a tua louça se quebra, é mais por desazo teu do que por culpa dos Espíritos." (O Livro dos Espíritos.  Questã 530. Allan Kardec)

Poderiam maus Espíritos suscitar-lhe planos errôneos com o fim de levá-lo à derrota?

"Podem; mas, não tem ele o livre-arbítrio? Se não tiver critério bastante para distinguir uma idéia falsa, sofrerá as conseqüências e melhor faria se obedecesse, em vez de comandar." (O Livro dos Espíritos.  Questã 544. Allan Kardec)

Será por influência de algum Espírito que, fatalmente, a realização dos nossos projetos parece encontrar obstáculos?

"Algumas vezes é isso efeito da ação dos Espíritos; muito mais vezes, porém, é que andais errados na elaboração e na execução dos vossos projetos. Muito influem nesses casos a posição e o caráter do indivíduo. Se vos obstinais em ir por um caminho que não deveis seguir, os Espíritos nenhuma culpa têm dos vossos insucessos. Vós mesmos vos constituís em vossos maus gênios." (O Livro dos Espíritos.  Questã 534. Allan Kardec)

Tendo dado ao homem a necessidade de viver, Deus lhe facultou, em todos os tempos, os meios de o conseguir?
"Sim, e se ele os não encontra é que não os compreende. Não seria possível que Deus criasse para o homem a necessidade de viver sem lhe dar os meios de consegui-lo. Essa a razão por que faz que a Terra produza de modo a proporcionar o necessário aos que a habitam, visto que só o necessário é útil; o  supérfluo nunca o é." (O Livro dos Espíritos.  Questão 704. Allan Kardec)

Por que nem sempre a Terra produz bastante para fornecer ao homem o necessário?
"É que, ingrato, o homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe. Muitas vezes, também, ele acusa a natureza do que só é resultado da sua imperícia ou da sua imprevidência. A Terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades, é que ele emprega no supérfluo o que poderia ser aplicado no necessário. Olha o árabe no deserto. Acha sempre de que viver, porque não cria para si necessidades factícias. Desde que haja desperdiçado a metade dos produtos em satisfazer a fantasias, que motivos tem o homem para se espantar de nada encontrar no dia seguinte e para se queixar de estar desprovido de tudo, quando chegam os dias de penúria? Em verdade vos digo, imprevidente não é a natureza, é o homem, que não sabe regrar o seu viver." (O Livro dos Espíritos.  Questão 705. Allan Kardec)

É frequente a certos indivíduos faltarem os meios de subsistência, ainda quando os cerca a abundância. A que se deve atribuir isso?
"Ao egoísmo dos homens, que nem sempre fazem o que lhes cumpre. Depois, e as mais das vezes, devem-no a si mesmos.   Buscai e achareis: essas palavras não querem dizer que, para achar o que deseje, basta que o homem olhe para a terra, mas que lhe é preciso procurá-lo, não com indolência, e sim com ardor e perseverança, sem desanimar ante os obstáculos, que muito amiúde são simples meios de que se utiliza a Providência para lhe experimentar a constância, a paciência e a firmeza."

"Comentário de Allan Kardec: Se é certo que a civilização multiplica as necessidades, também o é que multiplica as fontes de trabalho e os meios de viver. Forçoso, porém, é convir em que, a tal respeito, muito ainda lhe resta por fazer. Quando ela houver concluído a sua obra, ninguém deverá haver que possa queixar-se de lhe faltar o necessário, a não ser por sua própria culpa. A desgraça, para muitos, provém de enveredarem por uma senda diversa da que a natureza lhes traça. É então que lhes falece a inteligência para o bom êxito. Para todos há lugar ao Sol, mas com a condição de que cada um ocupe o seu e não o dos outros. A natureza não pode ser responsável pelos defeitos da organização social, nem pelas consequências da ambição e do amor-próprio." (O Livro dos Espíritos.  Questão 707. Allan Kardec)

O Espiritismo esclarece, portanto, que não existe "azar" e nem "sorte" em relação a sua condição financeira. Isto, na realidade, depende das provas que foram escolhidas por nós antes de reencarnarmos que, às vezes, servem de expiação, em decorrência dos erros cometidos em vidas anteriores. Se um homem, por exemplo, em existência passada, foi rico, porém utilizou a fortuna para satisfação exclusiva da sua vaidade, das suas necessidades exageradas e dos vícios materiais, sofrerá as consequências do mau uso numa próxima existência, portanto, daí decorrem as dificuldades financeiras.

Em contrapartida, os Espíritos Superiores ensinam que Deus sempre proporcionou ao homem o necessário para viver, mesmo diante dos obstáculos da prova da pobreza. Se o indivíduo não consegue encontrar meios para sua sobrevivência é devido ao mau uso que faz da sua inteligência ou porque investe no supérfluo o que poderia ser aplicado no necessário. Alguns fracassam nos seus projetos, por não ter nenhuma aptidão para o negócio que idealizaram.  Outros estão na miséria, enquanto poderiam estar exercendo seu talento, oferecendo seus serviços ou produtos,  sem depender de um empregador,  porque ficam na inércia esperando propostas de empregos. Uns escolhem profissões desonestas, e são punidos materialmente pela lei, em decorrência dos seus próprios erros. A desgraça, para muitos, provém de escolherem ir por um caminho diverso do que a natureza lhes oferece.

Outros insucessos também ocorrem devido as pessoas deixarem se iludir por crenças falsas e superticiosas, onde religiosos aproveitam da fé cega, da ganância, da vulnerabilidade das pessoas, para explorar financeiramente os seus seguidores, por meio de práticas de rituais, trabalhos espirituais, contribuições do dízimo, prometendo obter prosperidade material de forma imediata. Há diversos relatos de indivíduos que doaram grande soma de dinheiro, realizaram empréstimos e ficaram endividados, inclusive perderam sua própria casa, por acreditarem que doando para o templo religioso receberiam multiplicadas as benções de Deus em sua vida. Se isto ocorre não deveriam colocar toda responsabilidade nos mercadores do templo, como alguns atribuem aos espíritos maus, mas devem também culpar a si mesmo, pela própria imprudência e ganância, pois todos podem fazer uso do livre-arbítrio, da lógica e da razão, inclusive buscar conhecimento por outros meios para livrar-se do mal.    

Infelizmente, também existem pessoas que se dirigem ao Espiritismo na procura de benefícios imediatos: cura, solução de problemas financeiros ou amorosos, arranjo da vida. Pretendem fazer do Espiritismo um meio para conquistar vantagens pessoais.

No entanto, Herculano Pires faz o seguinte esclarecimento: "Os resultados dessa atitude só podem ser negativos. Não é missão do Espiritismo "arranjar a vida" de quem quer que seja. Os Espíritos superiores não estão a serviço dos pequeninos e passageiros interesses humanos. Dessa maneira, a pessoa que deseja benefícios acaba perdendo a assistência dos Espíritos superiores e sofrendo o assédio dos inferiores. Estes, sim, estão sempre prontos a atender a todos os pedidos, mesmo os mais injustos. E, se às vezes fazem alguns benefícios imediatos, não raro cobram muito caro o que fizeram, causando, mais tarde, amargas decepções. O que se deve buscar no Espiritismo é a elevada compreensão do processo da vida, que ele oferece a todos os estudiosos. Buscando essa compreensão, colocamo-nos em sintonia espiritual com os Mensageiros do Alto, que por sua própria benevolência nos atendem e nos socorrem em tudo o que é possível. Cumpre-se aquele ensinamento de Jesus, que todos os cristãos estudiosos conhecem: "Busca primeiramente o Reino de Deus e a sua Justiça, e tudo o mais te será dado por acréscimo" (Mateus 6:33). (...) O Espiritismo ensina que a vida tem um objetivo e, esse objetivo é o aperfeiçoamento espiritual. O que importa, pois, do ponto de vista espírita, como ensinava Jesus, é o Reino e sua Justiça, e não o bem-estar imediato, a felicidade passageira e ilusória. Pessoas que se aproximam do Espiritismo, tangidas por necessidades e interesses, mas não lhe absorvem os ensinamentos superiores, são as que acabam por decepcionar-se com a doutrina. Elas mesmas causam as suas decepções. De outro lado, como são felizes as que se servem da oportunidade de uma angústia ou de uma dificuldade, para assimilarem a mensagem renovadora do Espiritismo! Essas são as que não se aproximam da luz de olhos fechados, e nunca se decepcionarão. Para elas, o Espiritismo se transforma naquilo que os místicos chamam, e com muita razão - a luz no caminho." (O mistério do bem e do mal. Cap. 18. J. Herculano Pires)

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