POR QUE A CRISTALOTERAPIA NÃO É UMA PRÁTICA RECOMENDADA PELOS ESPÍRITOS SUPERIORES?

Não existe comprovação científica da sua eficácia, portanto a "terapia com cristais" não deve ser implementada no Centro Espírita.

Segundo Allan Kardec, "um objeto magnetizado, pois, como se sabe, têm o poder de provocar o sonambulismo ou certos fenômenos nervosos sobre a economia orgânica. Mas, então, a virtude de tal objeto reside unicamente no fluido de que se acha momentaneamente impregnado e que assim se transmite, por via indireta, e não na forma, na cor, nem, principalmente, nos sinais de que possa estar sobrecarregado." (Revista Espírita. Os talismãs. Setembro de 1858. Allan Kardec).

Em outras palavras, o Codificador da Doutrina Espírita quis dizer que a cor e a forma de qualquer objeto, seja do cristal, por exemplo, não tem efeito algum sobre o indivíduo, apenas exerce influência a magnetização dele, que é feita de maneira "indireta", entretanto, é uma técnica desnecessária, pois podemos realizar a magetização "direta" através do passe, que é a simples imposição das mãos, ensinada por Jesus.

Além disso, Allan Kardec explica que, "Nenhum objeto, medalha ou  talismã  tem a propriedade de atrair ou repelir os Espíritos; a matéria não tem nenhuma ação sobre eles. Um bom Espírito nunca aconselha semelhantes absurdos. A virtude dos talismãs nunca existiu a não ser na imaginação das pessoas crédulas."  (O Céu e o inferno. Cap. 10. Item 10. Allan Kardec) "Desnecessário dizer que ele também se aplica a outros meios empregados supersticiosamente, como preservativos de doenças e acidentes." (Revista Espírita. Os talismãs. Setembro de 1858. Allan Kardec)

Se é possível transmitir os fluidos magnéticos para os objetos ou pessoas, estas energias poderiam sofrer a influência do magnetizador?  

Allan Kardec faz o seguinte esclarecimento: "Sendo esses fluidos o veículo do pensamento e podendo este modificar-lhes as propriedades, é evidente que eles devem achar-se impregnados das qualidades boas ou más dos pensamentos que os fazem vibrar, modificando-se pela pureza ou impureza dos sentimentos. 

(...)Como os odores, eles são designados pelas suas propriedades, seus efeitos e tipos originais. Sob o ponto de vista moral, trazem o cunho dos sentimentos de ódio, de inveja, de ciúme, de orgulho, de egoísmo, de violência, de hipocrisia, de bondade, de benevolência, de amor, de caridade, de doçura, etc. Sob o aspecto físico, são excitantes, calmantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, suporíficos, narcóticos, tóxicos, reparadores, expulsivos; tornam-se força de transmissão, de propulsão, etc. O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixões, das virtudes e dos vícios da humanidade e das propriedades da matéria, correspondentes aos efeitos que eles produzem." (A Gênese. Cap. 14. Item 16 e 17. Allan Kardec)

O que seria o sonambulismo provocado ou a clarividência sonambúlica? Por que um objeto pode provocar o sonambulismo através do fluido magnético?

A Clarividência é a "faculdade de ver sem auxílio dos órgãos da visão. É uma faculdade inerente à natureza mesma da alma ou do Espírito, e que reside em todo o seu ser. Por isso, em todos os casos em que há emancipação da alma, o homem tem percepções independentes dos sentidos. (...) Pode, pois, dizer-se que o sonâmbulo vê pela luz da alma. O vocábulo  clarividência  é mais geral. Lucidez se diz mais particularmente da clarividência sonambúlica. Um sonâmbulo é mais ou menos lúcido, conforme seja mais ou menos completa a emancipação da alma." (Instruções práticas sobre as manifestações espíritas. Vocábulo Espírita. Lucidez. Allan Kardec)

"A visão a distância, que alguns sonâmbulos possuem, provém de um deslocamento da alma, que então vê o que se passa nos lugares a que se transporta. (...) Vê as coisas distantes; tem percepções e sensações que desconhecemos; às vezes, tem a presciência de alguns acontecimentos futuros pela ligação que percebe existir entre eles e os fatos presentes. Penetrando no mundo invisível, vê os Espíritos com quem lhe é possível entabular conversação e cujos pensamentos lhe é dado transmitir." (Obras Póstumas. IV - Emancipação da alma. Item 25 e 26. Allan Kardec).

Na obra "Nos domínios da mediunidade", ditada pelo Espírito André Luiz,  o autor utiliza a palavra "psicometria" para se referir ao "objeto magnetizado que têm o poder de provocar o sonambulismo", conforme Allan Kardec havia comentado e explica que este fenômeno  significa "registro, apreciação da atividade intelectual", entretanto, nos trabalhos mediúnicos, esta palavra designa a faculdade de ler impressões e recordações ao contacto de objetos comuns."

Nesta obra, o instrutor Áulus esclarece que um relógio, por exemplo, pode estar "envolvido pelas correntes mentais dos irmãos que ainda se apegam a ele, assim como o fio de cobre na condução da energia está sensibilizado pela corrente elétrica. Auscultando-o, na fase em que se encontra, relacionamo-nos, de imediato, com as recordações dos amigos que o estimam".

"(...)O pensamento espalha nossas próprias emanações em toda parte a que se projeta. Deixamos vestígios espirituais, onde arremessamos os raios de nossa mente, assim como o animal deixa no próprio rastro o odor que lhe é característico, tornando-se, por esse motivo, facilmente abordável pela sensibilidade olfativa do cão."

Portanto, "(...) Cada objeto (...) pode ser um mediador para entrarmos em relação com as pessoas que se interessam por ele e um registro de fatos da Natureza..."

"(...)Quando se nos apura a sensibilidade de maneira mais intensiva, em simples objetos relegados ao abandono podemos surpreender expressivos traços das pessoas que os retiveram ou dos sucessos de que foram testemunhas, através das vibrações que eles guardam consigo."

Nesta obra, o instrutor Áulus também relata o caso de uma médium encarnada que sentiu a presença, através de um inesperado calafrio, de uma jovem desencarnada que estava entristecida  ao lado de um espelho num museu. O orientador espiritual explica que  se a médium encarnada, portadora de notável sensibilidade mediúnica," educasse as suas forças e sondasse o espelho, entraria em relação imediata com a moça que ainda se apega a ele desvairadamente. Receber-lhe-ia as confidências, conhecer-lhe-ia o drama íntimo, porque imediatamente lhe assimilaria a onda mental, senhoreando-lhe as imagens..."

Além disso, ao tocar o espelho, fez o seguinte esclarecimento: "(...) Este espelho originalíssimo foi confiado à jovem por um rapaz que lhe prometeu casamento. (...) Encontrou-a e conquistou-lhe o coração. Quando arquitetavam projetos de casamento, depois da mais íntima ligação afetiva, a família estrangeira, animada com os sucessos de Napoleão, na Europa, deliberou o retorno à pátria. O moço pareceu desolado, mas não desacatou a ordem paterna. Despediu-se da noiva e lhe implorou guardasse a peça como lembrança, até que pudesse voltar, e serem então felizes para sempre... Contudo, distraído na França pelos encantos de outra mulher, não mais regressou... Depressa esqueceu responsabilidades e compromissos, tornando-se diferente. A pobrezinha, no entanto, fixou-se na promessa ouvida e continua a esperá-lo. O espelho é o penhor de sua felicidade. Imagino a longa viagem que terá feito no tempo, vigiando-o como sendo propriedade sua, até que a lembrança viesse por fim repousar no museu." (Nos domínios da Mediunidade. Cap. 26. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

De acordo com Ernesto Bozzano, " a psicometria não passa de uma das modalidades da clarividência, a esta pertencem, também, os seus enigmas. (...)Na psicometria, (...) parece evidente que os  objetos apresentados ao sensitivo, longe de atuarem como simples estimulantes, constituem verdadeiros intermediários adequados, que, à falta de condições experimentais favoráveis, servem para estabelecer a relação entre a pessoa ou meio distantes, mercê de uma influência real, impregnada no objeto, pelo seu possuidor.

Essa influência, de conformidade com a hipótese psicométrica, consistiria em tal ou qual propriedade da matéria inanimada para receber e reter, potencialmente, toda espécie de vibrações e emanações físicas, psíquicas e vitais, assim como se dá com a substância cerebral, que tem a propriedade de receber e conservar em latência as vibrações do pensamento." (Enigmas da psicometria. Os Fenômenos de Psicometria. Ernesto Bozzano)

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