Com relação as práticas antigas, Allan Kardec faz a seguinte explicação: "Para a edificação das pessoas alheias à ciência, diremos que não há, para se comunicar com os Espíritos, nem dias, nem horas, nem lugares que sejam mais propícios do que outros; que não é preciso, para evocá-los, nem fórmulas, nem palavras sacramentais ou cabalísticas; que não se precisa de nenhuma preparação nem de nenhuma iniciação; que o emprego de todo sinal ou objeto material, quer para atraí-los, quer para repeli-los, é sem efeito, e o pensamento basta; enfim, que os médiuns recebem as comunicações deles sem sair de seu estado normal, tão simples e naturalmente como se elas fossem ditadas por uma pessoa viva. (...) O apelo aos Espíritos faz-se em nome de Deus, com respeito e recolhimento; é a única coisa que se recomenda às pessoas sérias que desejem entrar em relação com Espíritos sérios." (O que é o Espiritismo. Cap. 2. Item 49. Allan Kardec)
"Os Espíritos não estão às ordens de ninguém, e que eles não vêm nem em obediência a voz de comando, nem pela influência de qualquer sinal cabalístico; que os Espíritos são as almas dos homens que viveram na Terra ou em outros mundos, nossos pais, nossos amigos, nossos contemporâneos ou nossos antepassados; que eles foram homens como nós, e que depois de nossa morte seremos Espíritos como eles; que os gnomos, duendes, trasgos, demônios, são criações de pura fantasia e só existem na imaginação; (...) O objetivo providencial das comunicações com os Espíritos é nossa instrução e nossa melhora moral, e não de ajudar-nos nas coisas materiais da vida, que podemos fazer ou encontrar por nós mesmos, e ainda menos de servir à cupidez; enfim, que, em razão de sua própria natureza e do respeito que devemos às almas dos que viveram, é tão irracional quanto imoral ter escritório de consulta e exibição dos Espíritos. Ignorar estas coisas é ignorar o á-bê-cê do Espiritismo, e quando a crítica o confunde com a cartomancia, a quiromancia, os exorcismos, as práticas de feitiçaria, os malefícios, os encantamentos, etc., ela prova que ignora todos os seus princípios." (Revista Espírita. Janeiro de 1869. Processo das envenenadoras de Marselha. Allan Kardec)
Que se deve pensar da crença no poder, que certas pessoas teriam, de enfeitiçar?
"Algumas pessoas dispõem de grande força magnética, de que podem fazer mau uso, se maus forem seus próprios Espíritos, caso em que possível se torna serem secundados por outros Espíritos maus. Não creias, porém, num pretenso poder mágico, que só existe na imaginação de criaturas supersticiosas, ignorantes das verdadeiras leis da Natureza. Os fatos que citam, como prova da existência desse poder, são fatos naturais, mal observados e sobretudo mal compreendidos." (O Livro dos Espíritos. Questão 552. Allan Kardec)
"Antes do conhecimento da lei da eletricidade, semelhante fato teria passado por magia , feitiçaria, diabrura ou milagre." (Revista Espírita. Maio de 1864. A vida de Jesus, de Renan. Allan Kardec)
De acordo com Herculano Pires, "Não se pode misturar uma Doutrina Científica e Filosófica com práticas de magia primitiva das selvas. Não se trata de repúdio ao mediunismo a sua mentalidade mágica, mas de uma questão de método e cultura.
A idéia popular de que os trabalhos de Umbanda e Candomblé são mais fortes e eficazes do que os trabalhos espíritas decorre de desconhecimento dos problemas espirituais. Quando se trata de questões espirituais, como Kardec ensinou de maneira bastante clara, de nada valem os objetos e ingredientes materiais usados nos cultos africanos e indígenas do Brasil. Não se resolve nenhum problema espiritual com explosões de pólvora, pontos riscados no chão, bebedeira da marafo (pinga) pés descalços terreiro, queima de velas, lançamento de flores e objetos vários no mar, raspança de cabelo, batismo com sangue de galinha preta e outras superstições dessa natureza. Que os negros africanos selvagens acreditassem em tudo isso e na força dessas práticas, era natural e justo. Mas que pessoas civilizadas, ou pelo menos nascidas em meio civilizado, ainda se apeguem a essas coisas, é simplesmente de espantar. Todas as práticas africanas foram trazidas ao Brasil e a outros países americanos pelo tráfico negreiro da escravidão. Já na África essas religiões primitivas foram misturadas com Catolicismo dos missionários brancos e com o Islamismo dos árabes. Aqui no Brasil foram acrescentadas as contribuições das religiões primitivas dos nossos índios. Desenvolveu-se então o que cientificamente se chama de Sincretismo Religioso AfroBrasileiro. Os santos católicos foram assimilados aos deuses africanos. Jesus passou a chamarse Oxalá, Nossa Senhora tornou-se Iemanjá, Santa Barbara virou Iansã e assim por diante. Das nossas religiões indígenas, a prática que mais se infiltrou no sincretismo foi a da Poracê, parceira nacional do Candomblé africano.
Como todas as religiões primitivas são voltadas para os interesses materiais - solução de problemas materiais através de processos mágicos - a crendice popular apegou-se a essas práticas, dando enorme expansão ao sincretismo entre nós. Por outro lado, as encenações rituais criadas pelo povo, enriquecendo o nosso folclore, atraíram multidões, incluindo estrangeiros de cultura européia. Graças a isso, já estamos exportando Umbanda, Candomblé e Quimbanda para o mundo. É uma vitória do primitivo sobre o civilizado, que traz sempre em si mesmo as raízes africanas do primitivismo. Compreende-se as razões de tudo isso, mas não se pode compreender que num Centro Espírita, iluminado pelas luzes da Doutrina Espírita, admita-se a introdução dessas práticas primitivas. As energias espirituais superiores, empenhadas pelos Espíritos Benevolentes nos trabalhos espíritas são muito mais poderosas do que todas as fórmulas mágicas das selvas. Não desprezamos essas práticas nem as condenamos, pois elas nos revelam as tentativas dos homens (...) para dominar a magia da Natureza.
(...)Mas não se pode admitir a mistura de práticas contraditórias num local espírita. Quem prefere o sincretismo que vá para os terreiros...(...) Muitos alegam que nessas práticas estão presentes os espíritos. Convém lembrar que os espíritos estão por toda parte...
(...) Muitos brancos orgulhosos do passado se manifestam hoje na mediunidade como negros e índios, pois tiveram, em encarnações dessa natureza a possibilidade de aprender as lições necessárias de humildade, corrigindo seus desmandos e sua arrogância de outros tempos." (Ciência espírita e suas implicações terapêuticas. Cap. 8. J. Herculano Pires)
Certa vez, "Pai Jacó explicou a Schutel que ele havia sido um médico holandês em encarnação anterior, mas na última viera como negro. E como nela aprendera e desenvolvera a virtude da humildade, preferia manifestar-se como preto velho." (Ciência espírita e suas implicações terapêuticas. Cap. 9. J. Herculano Pires)
"(...)Não podemos esquecer essa contribuição importante de negros e índios para o arejamento do nosso asfixiante clima religioso. Ante esses fatos históricos inegáveis temos de respeitar as formas do Sincretismo religioso afrobrasileiro como elementos pertencentes geneticamente à nossa formação nacional. Mas respeito e gratidão não autorizam o abuso da mistura de elementos diversos, decorrentes do processo da evolução nacional. (...) Cabe ao Centro Espírita a responsabilidade de vigilância na defesa da pureza doutrinária do Espiritismo..."(O Centro Espírita. Cap. 4 - Raízes Africanas. J. Herculano Pires)
"Todas as formas rituais do passado mágico e religioso não passam de adendos pretensiosos dos homens à técnica natural e simples do Evangelho. " (Ciência espírita e suas implicações terapêuticas. Cap. 8. J. Herculano Pires)
JESUS CRISTO RECOMENDAVA APENAS DIVULGAR O EVANGELHO, PARA TRANSFORMAÇÃO MORAL DA HUMANIDADE, CURAR PELA SIMPLES IMPOSIÇÃO DAS MÃOS E EXPULSAR OS MAUS ESPÍRITOS, POR MEIO DA PRECE E DO DIÁLOGO, SEM FAZER USO DE RITUAIS OU OBJETOS.
"O passe espírita é simplesmente a imposição das mãos usada e ensinada por Jesus como se vê nos Evangelhos." (Obsessão, Passe e Doutrinação. Cap. 2. J. Herculano Pires).
Jesus recomendou aos apóstolos: "Curem os enfermos, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça; deem também de graça." (Mateus 10:8) "E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." (Marcos 16:15)
O ESPIRITISMO TEM A MISSÃO DE RESTAURAR AS PRÁTICAS SIMPLES DO CRISTIANISMO.
"O conhecimento do Espiritismo não é indispensável à felicidade futura, porque não tem o privilégio de fazer eleitos. É um meio de chegar mais facilmente e mais seguramente ao objetivo, pela fé raciocinada que ele dá e pela caridade que ele inspira. Ele ilumina o caminho, e o homem, não mais seguindo às cegas, marcha com mais segurança . Por ele, melhor se compreende o bem e o mal. Ele dá mais força para praticar um e evitar o outro. Para ser agradável a Deus, basta observar suas leis, isto é, praticar a caridade, que resume todas elas. Ora, a caridade pode ser praticada por todos. Despojar-se de todos os vícios e de todas as inclinações contrárias à caridade é, pois, condição essencial da salvação." (Revista Espírita. Dezembro de 1864. Sessão comemorativa na sociedade de Paris. Allan Kardec)
Diante do exposto, é importante ressaltar que, não seremos julgados pela nossa religião (judaica, budista, católica, evangélica, umbandista, espírita, etc...), seremos analisados pelas nossas obras de caridade e amor ao próximo. Jesus disse: "Porque o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e, então, dará a cada um segundo as suas obras." (Mateus 16:27)