OS PAIS DEVEM OBRIGAR SEUS FILHOS A FREQUENTAR UMA RELIGIÃO, MESMO QUE A CRIANÇA NÃO SE INTERESSE PELO ASSUNTO?

Divaldo Franco esclarece, dizendo: "Temos ouvido alguns confrades afirmarem: Eu não forço os meus filhos para a evangelização espírita porque sou muito liberal. Ao que poderia acrescentar: " Porque não tenho força moral". Se o filho está doente, ele o força a tomar remédios, se o filho não quer ir à escola, ele o força. Isto porque acredita no remédio e na educação. Mas não crê na religião que abraçou, quando afirma: "Vou deixá-lo crescer e depois ele escolherá".

"Para mim" - acrescentou Divaldo - " representa o mesmo que o deixar contaminar-se pelo tétano ou outra enfermidade, para depois aplicar o remédio", e elucidou: "Você viu que não deve pisar em prego enferrujado. Agora irei medicá-lo". E, também, deu outro exemplo, isto é, quando frente a um tuberculoso, falar-lhe:" você deve cuidar da higiene, de sua alimentação e de sua saúde. Isto é, no nosso entender, quis Divaldo mostrar: Fechar a porta depois dela ser arrombada.

Prosseguindo, o grande tribuno espírita quis mostrar, resumindo, que os pais dão a melhor alimentação, o melhor vestuário, o melhor colégio dentro de suas possibilidades, mas na hora de dar a melhor religião, eles se acomodam, amedrontam-se. Aos pais é incumbido o dever de oferecer aos filhos o que há de melhor, cabendo aos filhos, ao se tornarem adultos, fazerem, aí sim, as suas opções de ordem religiosa. Necessário é motivar os filhos, enquanto crianças, através dos exemplos em casa, que o Espiritismo é, sem dúvida, a melhor de todas as religiões, imprimindo em si mesmos todo o comportamento espírita. Uns obrigam os filhos a irem à evangelização; todavia, em casa, não mantêm uma atitude espírita. O exemplo dos pais espíritas em casa tem efeito altamente convincente." (Trecho de artigo da Revista Internacional de Espiritismo - Out/01, em comentário ao livro: Diálogo, pág. 68 por Divaldo Pereira Franco.)

" A primeira cartilha da criança, na escola da vida, é o exemplo dos adultos que a cercam". (Excursão de Paz. Evangelização para crianças. Espírito Bezerra de Menezes. Psicografado por Chico Xavier)

"Nossos exemplos exercem maior influência sobre elas do que as nossas palavras. Nosso ensino oral é quase sempre falso, insincero. Ensinamos o que não fazemos e queremos que as crianças sigam as nossas palavras. Mas elas não podem fazer isso porque aprendem muito mais pela observação, pelo contágio social do que pelo nosso palavrório vazio.

Renouvier dizia que aprender é fazer e fazer é aprender. Nós mesmos, os adultos, só aprendemos realmente alguma coisa quando a fazemos. Na criança o aprendizado está em função do seu instinto de imitação. A menina imita a mãe (e a professora), o menino imita o pai (e o professor). De nada vale a mãe e o pai, a professora e o professor ensinarem bom comportamento se não derem o exemplo do que ensinam. As palavras entram por um ouvido e saem pelo outro, mas o exemplo fica, o exemplo cala na alma infantil."  (Pedagogia Espírita. O perigo do exemplo. J. Herculano Pires)

"Ensinar às crianças o princípio da reencarnação, da lei de causas e efeitos, da presença do anjo-guardião em suas vidas, da comunicabilidade dos espíritos e assim por diante, é um dever inalienável dos pais. Pensar que isso pode assustar as crianças e criar temores desnecessários é ignorar que as crianças já trazem consigo o germe desses conhecimentos e também que estão mais próximos do mundo espiritual do que os adultos.

Descuidar da educação espírita dos filhos é negar-lhes a verdade. O maior patrimônio que os pais podem legar aos filhos é o conhecimento de uma doutrina que vai garantir-lhes a tranqüilidade e a orientação certa no futuro. Os pais que temem dar educação espírita às crianças não têm uma noção exata do Espiritismo e por isso mesmo não confiam no valor da doutrina que esposam.

Porque razão os católicos e os protestantes podem ensinar aos filhos que existe o inferno e o diabo, que a condenação eterna os ameaça e que o anjo da guarda pode protegê-los, e o espírita não pode ensinar princípios muito mais confortadores e racionais? Se o medo do diabo e do inferno não traumatiza as crianças das religiões formalistas, por que razão o ensino de que não existe o inferno nem existe o diabo vai apavorá-las? Não há lógica nenhuma nessa atitude que decorre apenas de preconceitos ainda não superados pelos pais, na educação errônea que receberam quando crianças.

As crianças de hoje estão preparadas para enfrentar a realidade do novo mundo que está nascendo. Esse novo mundo tem por alicerce os fundamentos do Espiritismo, porque os princípios da doutrina estão sendo confirmados dia a dia pelas Ciências. A mente humana se abre neste século para o conhecimento racional dos problemas espirituais. Chegou o momento do Consolador prometido pelo Cristo. Os pais espíritas precisam compreender isso e iniciar sem temor os seus filhos na doutrina que lhes garantirá tranqüilidade e confiança na vida nova que iniciam.

A melhor maneira de desenvolver a educação espírita no lar é organizar  festinhas domingueiras com prece, recitativos infantis de tema evangélico, explicação de parábolas, canções espíritas e brincadeiras criativas, que ajudem a despertar a criatividade das crianças. Espiritismo é alegria, espontaneidade, sociabilidade. Essas festinhas preparam o espírito da criança para o aprendizado nas aulas dos Centros e para as aulas de Espiritismo na escola.

Esconder às crianças de hoje a verdade espírita é cometer um verdadeiro crime contra o seu progresso espiritual e a sua integração na cultura espírita do novo mundo que está nascendo. Que os pais espíritas não se furtem a esse dever. A educação no lar é a base de todo o processo posterior de educação escolar e de educação social, que os adolescentes e os jovens irão enfrentar na vida.

Não importa que alguns espíritas metidos a sabichões combatam a educação espírita. Deus os perdoará, porque eles não sabem o que fazem. O que importa é os pais se inteirarem de suas responsabilidades pessoais, que não podem transferir a ninguém, e tratem de cumpri-las. Se forem realmente espíritas, os pais saberão quanto o Espiritismo lhes tem valido na vida. Que direito terão de negar aos filhos o conhecimento dessa doutrina que tanto bem lhes faz? Quererão que os filhos se extraviem no materialismo e na irresponsabilidade que desgraça tantos jovens de hoje? "(Pedagogia Espírita. Educação no lar. J. Herculano Pires)

Entretanto, quando,  o jovem adquirir o discernimento referido terá alguns elementos para comparar com os que vai tomando conhecimento e melhor poderá escolher a religião que lhe pareça mais compatível com as suas necessidades emocionais e intelectuais.

O Espírito Bezerra de Menezes afirma: "Consideramos que o Culto do Evangelho em casa pode funcionar e deve funcionar em apoio da Escola Espírita de Evangelização, sob amparo e supervisão dos pais que, a rigor, são os primeiros orientadores dos filhinhos.

Somos de opinião que o recinto de evangelização pública, num templo espírita, é sempre o lugar mais adequado à evangelização da criança, porquanto semelhante cenáculo do pão espiritual guarda consigo a natureza da escola." (Excursão de Paz. Evangelização para crianças.  Espírito Bezerra de Menezes. Psicografado por Chico Xavier)

''Os pais espíritas podem e devem matricular os filhos nas escolas de moral espírita cristã, para que os companheiros recém-encarnados possam iniciar com segurança a nova experiência terrena.''(Conduta espírita. Perante a criança.  Espírito André Luiz. Psicografado por Waldo Vieira)

O período infantil é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios educativos.  Até aos sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação para a nova existência que lhe compete no mundo. Nessa idade, ainda não existe uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica. Suas recordações do plano espiritual são, por isso, mais vivas, tornando-se mais suscetível de renovar o caráter e estabelecer novo caminho, na consolidação dos princípios de responsabilidade." ( O consolador. Questão 109. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

" Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas."  (O Livro dos Espíritos. Questão 385. Allan Kardec)

"É notável que as crianças educadas nos princípios espíritas desenvolvem um raciocínio precoce que as torna infinitamente mais fáceis de governar;(...)revelam um fundo de docilidade, de ternura e de respeito filial que as leva a obedecer sem esforço e as torna mais estudiosas. (...)Essas crianças, por sua vez, educarão seus filhos nos mesmos princípios e, enquanto isso, desaparecerão os velhos preconceitos com as velhas gerações. Torna-se evidente que a idéia espírita alcançará, um dia, o status de crença universal." (Allan Kardec.Viagem Espírita em 1862)

  ''A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral'' (O Livro dos Espíritos. Questão 917. Allan Kardec.)

"(...) Se a educação não se houver feito no lar, então, só o processo violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o pensamento e a concepção das criaturas, porquanto a alma reencarnada terá retomado todo o seu patrimônio nocivo do pretérito e reincidirá nas mesmas quedas, se lhe faltou a Luz interior dos sagrados princípios educativos. "(O Consolador. Questão 109. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

"Há pais espíritas que, erroneamente, têm deixado, em nome da liberdade e do livre-arbítrio, que os filhos avancem na idade cronológica para então escolherem este ou aquele caminho religioso que lhes complementem a conquista educativa no mundo.

Tal medida tem gerado sofrimento e desespero, luto e mágoa, inconformação e dor. Porque, uma vez perdido o ensejo educativo na idade propícia à sementeira evangélica, os corações se mostram endurecidos, qual terra ressequida, árida, rebelde ao bom plantio, desperdiçando-se valioso período de ajuda e orientação.

É então que somente a dor, a duros golpes provacionais, poderá despertar para refazer e construir."  (Opinião dos Espíritos sobre a Evangelização - Bezerra de Menezes. Fonte: Mensagem recebida pelo médium Júlio Cezar Grandi Ribeiro, em sessão pública no dia 2.8.1982, na Casa Espírita Cristã, em Vila Velha, Espírito Santo - Revista Reformador - Outubro de 1982)

Por isso, é muito importante que sigamos uma antiga recomendação bíblica: ''Eduque a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.'' (Provérbios 22:6)

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