OS ESPÍRITOS DESCANSAM APÓS A MORTE? 

Quando alguém desencarna, costumamos ouvir:

- Descansou...

Muitos equivocadamente acreditam que os Espíritos não fazem mais nada após morte, pois os religiosos que seguem trechos isolados da Bíblia, creem no que disse o profeta Isaías: "Aqueles que andam retamente entrarão na paz; acharão descanso na morte." (Isaías 57:2)

Entretanto, se esquecem que Jesus Cristo continuou trabalhando após seu sacrifício na cruz, dando instruções aos apóstolos, conforme está descrito no livro de Atos :" Depois do seu sofrimento, Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo. Apareceu-lhes por um período de quarenta dias falando-lhes acerca do Reino de Deus." (Atos 1:3)

O apóstolo Pedro disse também que Cristo pregou aos espíritos rebeldes que estavam em prisão no mundo espiritual, no seguinte relato:" (...) Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito. No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão." (1Pedro 3:18-19)

Por isso é que foi dito:
"Quando ele subiu em triunfo às alturas,
levou cativos muitos prisioneiros,
e deu dons aos homens".

Que significa "ele subiu", senão que também havia descido às profundezas da terra? (Efésios 4:8-9)

Jesus já havia dito: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também"( João 5:17 ).

"Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai." (João 14:11)

"Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar." (João 14:2)

"Não fiquem admirados por causa disso, pois está chegando a hora em que todos os mortos ouvirão a voz do Filho do Homem e sairão das suas sepulturas. Aqueles que fizeram o bem vão ressuscitar e viver, e aqueles que fizeram o mal vão ressuscitar e ser condenados. "(João 5:28-29)

Jesus ressuscitou no terceiro dia e disse que todos nós também iremos ressuscitar e viver, isto é, permaneceremos com a nossa alma e nosso corpo espiritual,  pois nosso Espírito é imortal e depois iremos "nascer de novo" (reencarnar), quantas vezes forem necessários para entrar no Reino de Deus (Vide: João 3:3) .

Paulo de Tarso afirma: "Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual." (1 Coríntios 15:44)

O Espiritismo esclarece que a alma,  após a morte, conserva a sua individualidade, porém ela passa algum tempo em estado de  perturbação, dependendo do grau de evolução do Espírito.

"Aquele que já está purificado se reconhece quase imediatamente, pois que já se libertou da matéria durante a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria." (O Livro dos Espíritos. Questão 164. Allan Kardec)

"Durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica. A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito (corpo espiritual) não se completa subitamente; que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos estudos feitos em todos os indivíduos que se têm podido observar por ocasião da morte. Essas observações ainda provam que a afinidade, persistente entre a alma e o corpo, em certos indivíduos, é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte. Verifica-se com alguns, suicidas." (O Livro dos Espíritos. Questão 155 e 155-a. Allan Kardec)

"Tanto maior é o sofrimento, quanto mais lento for o desprendimento do perispírito; a presteza deste desprendimento está na razão direta do adiantamento moral do Espírito; para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual um sono breve, isento de agonia, e cujo despertar é suavíssimo." (O Céu e o Inferno. Cap. 1. Itens 4 a 13. Allan Kardec)

Um exemplo deste fato é o relato do Sr. Sanson, membro da Sociedade Espírita de Paris, que faleceu a 21 de abril de 1862, depois de um ano de atrozes padecimentos. Quando o Espírito dele foi evocado, ele disse:

- "A minha situação é bem-ditosa; acho-me regenerado, renovado, como se diz entre vós, nada mais sentindo das antigas dores. (...)Oh! certamente, eu não sou mais desse mundo, porém, estarei sempre ao vosso lado para vos proteger e sustentar, a fim de pregardes a caridade e a abnegação, que foram os guias da minha vida. Depois, ensinarei a verdadeira fé, a fé espírita, que deve elevar a crença do bom e do justo; estou forte, robusto, em uma palavra - transformado. Em mim não reconhecereis mais o velho enfermo que tudo devia esquecer, fugindo de todo prazer e alegria." (O céu e o inferno. Cap. 2. Allan Kardec)

Simbolicamente, o que ocorre após a morte também foi descrito na parábola do rico e do Lázaro, contada por Jesus, no Evangelho de Lucas 16:19-31, no qual Abraão diz ao homem rico: "Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado."

Portanto, quando o profeta Isaías disse que aqueles que andam retamente  acharão descanso na morte, quis dizer que aqueles que fizeram o bem receberão alívio para o seu sofrimento físico e moral após morte,  pois não sofrerão mais.

É examente isto que ocorre no mundo espiritual, os Espíritos que possuem evolução moral, assim como o profeta Abraão, trabalham no mundo espiritual e acolhem a alma "do justo, como bem-amado irmão, desde muito tempo esperado. A do mau, como um ser desprezível. " (O Livro dos Espíritos. Questão 287. Allan Kardec)

" Muitas vezes aqueles seus conhecidos o vêm receber à entrada do mundo dos Espíritos e o ajudam a desligar-se das faixas da matéria. "(O Livro dos Espíritos. Questão 160. Allan Kardec)

Nossos parentes e amigos costumam vir-nos ao encontro quando deixamos a Terra?
"Sim, os Espíritos vão ao encontro da alma a quem são afeiçoados. Felicitam-na, como se regressasse de uma viagem, por haver escapado aos perigos da estrada, e ajudam-na a desprender-se dos liames corporais. É uma graça concedida aos bons Espíritos o lhes virem ao encontro os que os amam, ao passo que aquele que se acha maculado permanece em insulamento, ou só tem a rodeá-lo os que lhe são semelhantes. É uma punição."(O Livro dos Espíritos. Questão 289. Allan Kardec)

No mundo espiritual, os Espíritos têm ocupações conforme ao grau de adiantamento deles.
"Uns percorrem os mundos, instruem-se e se preparam para nova encarnação.
Outros, mais adiantados, ocupam-se com o progresso, dirigindo os acontecimentos e sugerindo ideias que lhe sejam propícias. Assistem os homens de gênio que concorrem para o adiantamento da humanidade.
Outros encarnam com determinada missão de progresso.
Outros tomam sob sua tutela os indivíduos, as famílias, as reuniões, as cidades e os povos, dos quais se constituem os anjos guardiães, os gênios protetores e os Espíritos familiares.
Outros, finalmente, presidem aos fenômenos da natureza, de que se fazem os agentes diretos.
Os Espíritos vulgares se imiscuem em nossas ocupações e diversões .
Os impuros ou imperfeitos aguardam, em sofrimentos e angústias, o momento em que praza a Deus proporcionar-lhes meios de se adiantarem. Se praticam o mal, é pelo despeito de ainda não poderem gozar do bem." (O Livro dos Espíritos. Questão 584-a. Allan Kardec)

A instrutora do espírito André Luiz traz mais detalhes e esclarecimentos sobre as condições dos Espíritos medianos (aqueles que não são maléficos) que trabalham e daqueles que ainda não trabalham, que estão temporariamente morando na colônia espiritual "Nosso Lar":

"O espírito que ainda não trabalha, poderá ser abrigado aqui; no entanto, os que cooperem podem ter casa própria. O ocioso vestirá, sem dúvida; mas o operário dedicado vestirá o que melhor lhe pareça; compreendeu? Os inativos podem permanecer nos campos de repouso, ou nos parques de tratamento, favorecidos pela intercessão de amigos; entretanto, as almas operosas conquistam o bônus-hora e podem gozar a companhia de irmãos queridos, nos lugares consagrados ao entretenimento, ou o contacto de orientadores sábios, nas diversas escolas dos Ministérios em geral. Precisamos conhecer o preço de cada nota de melhoria e elevação.  Cada um de nós, os que trabalhamos, deve dar, no mínimo, oito horas de serviço útil, nas vinte e quatro de que o dia se constitui. Os programas de trabalho, porém, são numerosos e a Governadoria permite quatro horas de esforço extraordinário, aos que desejem colaborar no trabalho comum, de boa-vontade. Desse modo, há muita gente que consegue setenta e dois bônus-hora, por semana, sem falar dos serviços sacrificiais, cuja remuneração é duplicada e, às vezes, triplicada." (Nosso Lar. Cap. 22. André Luiz. Psicografado por Chico Xavier).

No mundo espiritual,  o bônus - hora   não tem valor econômico. Ele representa o merecimento que o espírito adquire, por cada  hora  de trabalho realizado, que pode ser revertido em seu próprio benefício, ou em benefício de algum ente querido, seja ele encarnado ou desencarnado.

Os Espíritos (...) "não precisam de descanso corporal, como vós, pois que não possuem órgãos cujas forças devam ser reparadas. O Espírito, entretanto, repousa, no sentido de não estar em constante atividade. Ele não atua materialmente. Sua ação é toda intelectual e inteiramente moral o seu repouso. (...) A espécie de fadiga que os Espíritos são suscetíveis de sentir guarda relação com a inferioridade deles. Quanto mais elevados sejam, tanto menos precisarão de repousar." (O Livro dos Espíritos. Questão 254. Allan Kardec).

Chico Xavier afirma: "Não estamos nos habilitando a um descanso eterno; estamos nos preparando para mais amplo trabalho... Os Espíritos Superiores não descansam; para eles, o trabalho é sinônimo de alegria, de realização espiritual mais íntima...  Se esperamos por  descanso depois da morte , estamos mal-informados. A morte é a vida que se desdobra, plena de trabalho em todos os sentidos...  Descansar mesmo, o Espírito só descansa quando está no ventre materno!..." (O Evangelho de Chico Xavier. Item 347. Chico Xavier / Carlos A. Baccelli)

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