O sonho

    Dois meninos, Marcelo e João, conversavam animadamente. Falavam sobre o tempo. Marcelo disse:
      - Puxa, que tarde jóia! Os pássaros estão cantando porque a primavera chegou.
      - É mesmo, disse João, veja como as flores estão lindas, o céu azul e o sol quente e brilhante. Deus é tão bom para nós, temos o ar para respirar, a água para beber, a terra para plantar, os rios cheios de peixes, o mar tão majestoso e o céu cheio de estrelas reluzentes.

      Nisto, passou dona Lucélia com seu filho Caio pela mão.
      - Bom dia , Caio, disseram João e Marcelo.
      - Bom dia, respondeu Caio.
      Dona Lucélia diz então:
      - Vamos, Caio, que eu vou preparar-te um lanche bem gostoso. Já está na hora da merenda e você deve tomar leite com pão e queijo.

      Um dos meninos chora. É João que reclama:
      - A mamãe de Caio disse que vai preparar um lanche para ele. Pobre de mim que não tenho mamãe para cuidar de mim. Sou tão infeliz! _ E pôs-se a chorar.
      A mamãe de João havia desencarnado.

      Marcelo, o outro menino, diz:
      - Peça ao Bom Deus para ser visitado pela mamãe desencarnada quando você estiver dormindo.
      - Você acha que vai dar certo?
      - Claro, quando estamos dormindo, nosso espírito desprende-se do corpo e vai visitar os familiares que estão no plano espiritual.
      - Vamos tentar agora? Mas precisamos orar com muita fé.
      Então os dois ajoelharam-se e pediram em oração: "Prezado Senhor Deus!"
      - Está certo assim? - disse João.
      - Está certo sim. - disse Marcelo. Firme o seu pensamento e fale com o coração. Não precisa falar bonito. O fato de sua mãe ter falecido não quer dizer que você não possa vê-la.
      Adormecido o corpo, o espírito se desprende e vai para o espaço onde sua mamãe já estará esperando por você. Esses passeios chegam à nossa consciência depois de acordados e são chamados sonhos.
      No fim da oração, e porque já estava muito cansados, João adormeceu, e se desprendeu em espírito, enquanto Marcelo aguardava os acontecimentos.
      Engraçado que João percebia o que ia acontecendo. Sentiu que estava se desprendendo, lentamente. Viu seu próprio corpo deitado na relva e notou que andava com muita agilidade, quase deslizando. Sentiu-se feliz e leve. Viu um vulto luminoso que se achegava a ele.

      Um vulto de mulher.
      - É a mamãe, e como está linda!
      A mamãe aproximou-se envolta em brilhante luz e sempre sorrindo, abraçou seu querido filhinho que também estava alegre e feliz.
      Conversaram longamente e João recebeu conselhos e orientações a respeito dos estudos e de obediência ao papai, aos tios e avós.
      Disse a mamãe:
      - Olha, filhinho, soube de seu chamado e vim...mas saiba que preciso ir-me logo, porque estou trabalhando aqui para as crianças. Temos um lar onde recebemos as criancinhas que desencarnaram e precisam ser cuidadas aqui. Você não está só. Jesus permite que eu seja espírito familiar e amigo e estou sempre velando por você. Ademais, seu papai e seus tios, assim como a vovó e o vovô estão sempre cuidando de você.
      - Abraçaram-se e se despediram.
      João sentiu-se reconfortado. Voltou para o seu corpo que descansava sobre a relva e acordou satisfeito.
      Acordou e Marcelo lhe perguntou:
      - Como foi, João, viu a mamãe?
      - Sim, respondeu. Ela estava linda e me beijou muito. Disse que está contente comigo e que vai me ajudar nos estudos. Agora estou feliz e peço a Jesus que a proteja sempre e que me deixe visitá-la quando for permitido.
      - Os dois amiguinhos continuaram brincando pela tarde afora e voltaram para casa a fim de fazerem a tarefa da escola e jantarem.
      João perguntou a Marcelo:
      - Onde você aprendeu essas coisas que me ensinou? No catecismo, né?
      Lá no "Obreiros do Bem"...

(Extraída do jornal Folha Espírita – LVI e LV)

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