Todos os anos na escola, os alunos participavam de uma peça teatral para alegrar as crianças doentes do hospital Santa Luzia. Bruno assistia todos os ensaios das apresentações pois tinha vontade de participar do teatro, mas nunca o convidaram.
Quando ele fez 11 anos o convidaram para participar da peça teatral e ficou muito feliz por poder ajudar. Mas sua felicidade durou pouco quando ele soube que iria representar um papel de pouca importância, e que seu rosto nem iria aparecer, pois estaria fantasiado de árvore. Sempre sonhou em fazer o papel principal do teatro.
Ele ficou muito triste, voltou para sua casa chorando. Sua mãe queria saber o que tinha acontecido e então ele contou sua história entre lágrimas e soluços.
Sem lhe dizer nada sua mãe colocou um relógio do seu pai em suas mãos e lhe perguntou:
- O que é que você está vendo?
- Um relógio de ouro com mostrador e ponteiros.
Em seguida, sua mãe abriu a parte traseira do relógio e lhe perguntou:
- E agora o que você está vendo?
- Ora, mamãe, aí dentro parece ter centenas de rodinhas e parafusos.
Bruno começou a ficar mais triste ainda, pois achava que o relógio não tinha nada haver com o que tinha acontecido.
Percebendo sua tristeza sua mãe lhe disse:
- Este relógio, meu filho, tão necessário ao seu pai e tão bonito, seria absolutamente inútil se nele faltasse qualquer parte, mesmo a mais insignificante das rodinhas ou dos parafusos. Portanto meu filho, se você quer realmente alegrar aquelas crianças do fundo do teu coração, não precisa ter o papel mais importante. Não precisa que elas te reconheçam fisicamente e que você receba aplausos pelo que fez. Ou seja, não importa que você seja o mais pequeno parafuso ou a mais ignorada rodinha, desde que o trabalho, em conjunto seja para o bem de todas as crianças.
Após esta explicação, Bruno ficou mais calmo e abraçou sua mãe, pois ele compreendeu o verdadeiro sentido de ajudar o próximo. Ele entendeu que o mais importante não é receber elogios e ser reconhecido, mas é ajudar as pessoas e torná-las um pouco mais alegres, mesmo através de um papel não tão importante.
(Adaptado do livro ''E para o resto da vida''. Wallace Leal Rodrigues)