Jesus havia dito: "Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas." (Mateus 10:16-17)
Com relação a este trecho bíblico, Antônio Luiz Sayão faz a seguinte elucidação: " Jesus se referia especialmente às perseguições de toda sorte que, naqueles tempos de ignorância e crueza, se desencadeariam contra seus apóstolos e discípulos. Suas palavras, no entanto, foram ditas também com relação aos que, nos tempos atuais, viriam a ser os pregoeiros da Nova Revelação, os porta-vozes do Consolador por ele prometido ao mundo.
Elas, pois, alcançam os espíritas que, se bem pouco devam temer as perseguições físicas, se acham, contudo, expostos às perseguições morais, partindo estas, por um lado, dos escribas e fariseus dos nossos dias, e, por outro lado, dos materialistas e dos incrédulos.
Os primeiros, previa-o Jesus, os perseguiriam com seus ódios e injúrias, formulando contra eles as mesmas acusações que contra o Mestre Divino formulavam os fariseus e os escribas de outrora: as de serem instrumentos do demônio, charlatães e loucos. Os segundos os perseguiriam com seus sarcasmos, zombarias e insultos. É o que, de fato, se verifica, tanto da parte de uns, como de outros." (Elucidações Evangélicas. Cap. 61. Antônio Luiz Sayão)
Allan Kardec afirma: "Ora, os curiosos e os indiferentes são um estorvo, e não auxiliares. Quanto aos incrédulos, seja por sistema, seja por orgulho, por mais que lho mostreis, não tratarão disso senão com zombaria, porque não o compreenderão e não querem dar-se ao trabalho de compreender." (Revista Espírita. Dezembro de 1861. Organização do Espiritismo. Allan Kardec)
"Em falta de razão, os adversários do Espiritismo ainda esperam derrubá-lo pela calúnia e pela repressão. Sem dúvida se equivocam, mas, enquanto esperam, fazem algumas vítimas. Ora, não é preciso dissimular que a luta não terminou; os adeptos devem, pois, armar-se de coragem para marchar com firmeza na via que lhes é traçada."(Revista Espírita. Agosto de 1868. Perseguições. Allan Kardec)
Segundo Antônio Luiz Sayão, "Para triunfarmos de tais perseguições, precisamos munir-nos das armas indicadas pelo manso Cordeiro de Deus, quando recomendava a seus discípulos que fossem prudentes, como as serpentes, e simples, como as pombas. Essas armas são o raciocínio, com que devemos enlear os nossos perseguidores, e, sobretudo, a prática das boas obras e o exemplo das virtudes cristãs. Empregadas que sejam essas armas, no cumprimento do dever que nos corre de proclamar a verdade e só a verdade, aqueles para com quem delas usarmos, quando perceberem que os queremos ganhar, não mais poderão fugir ao contágio benéfico da moral prática.
Não vos cause inquietação como haveis de falar, nem o que direis. O que houverdes de dizer vos será dado na ocasião, porquanto não sois vós quem fala, é o Espírito de vosso Pai quem fala em vós. Era preciso que os apóstolos e discípulos, homens saídos do povo, sem educação, sem desembaraço perante as autoridades, confiassem na inspiração que lhes viria do Alto, a fim de poderem avançar no desempenho da missão que lhes cabia. Médiuns que eram, inspirados seriam pelos Espíritos puros, pelos Espíritos superiores e pelos bons Espíritos, a cuja assistência aludia Jesus, ao lhes declarar: "é o Espírito de vosso Pai quem fala em vós"...
É exatamente o que se dá nos tempos de hoje, em que os bons médiuns vêem, sentem, ouvem e falam, traduzindo o que lhes transmitem do plano invisível os enviados do Senhor." (Elucidações Evangélicas. Cap. 61. Antônio Luiz Sayão)
De acordo com Eliseu Rigonatti, "Na simplicidade das pombas, Jesus simboliza a humildade de que devemos nos revestir no desempenho do labor de nosso aperfeiçoamento espiritual; porque aos humildes nunca faltará o auxílio do Altíssimo. E nossa humildade será provada diante dos reveses da vida, quando sofremos as provas e as expiações reservadas para o progresso e purificação de nosso espírito. Entretanto, Jesus quer também que tenhamos a prudência das serpentes." (O Evangelho dos humildes. Cap. 10. Eliseu Rigonatti)
Paulo Alves Godoy esclarece que, "A prudência é, pois, um atributo relevante em nossa vida. Devemos usá-la do melhor modo possível, pois, sem ela, dificilmente poderemos equacionar os problemas agudos que fustigam as nossas almas e que se nos deparam no decurso do nosso aprendizado terreno.
Se formos prudentes, não alimentaremos ódio, inveja, orgulho ou ciúme, contra os nossos irmãos, jamais chafurdaremos nossas almas no lodaçal dos vícios, da intemperança e do descalabro moral.
Agindo de modo prudente, nunca perderemos os frutos que devem advir de uma vida pautada nas normas sadias prescritas pelos Evangelhos de Jesus.
As regras de prudência nos indicam que devemos viver os Evangelhos de Jesus, manancial de vida eterna, que contribuirá de modo decisivo para impulsionar as nossas almas para o Meigo Rabi. "(Os padrões evangélicos. A prudência. Paulo Alves Godoy)
Sendo assim, o Espírito São Luís fez a seguinte recomendação: " Meus filhos: Estas perseguições, como tantas outras, cairão e não podem ser prejudiciais à causa do Espiritismo. Os Espíritos bons velam pela execução das ordens do Senhor; nada tendes a temer. Contudo, é uma advertência para vos manterdes em guarda e agir com prudência. É uma tempestade que rebenta, porque deveis esperar e ver rebentar muitas outras, conforme vos temos anunciado, pois não deveis pensar que os vossos inimigos se dêem facilmente por vencidos. Não; eles lutarão passo a passo, até se convencerem de sua impotência. Deixai, pois, que lancem o seu veneno, sem vos inquietardes com o que possam dizer, porque bem sabeis que nada podem contra a Doutrina que, a despeito de tudo, deve triunfar. Eles bem o sentem, e é isto que os exaspera e redobra o seu furor.
(...)Não vos inquieteis com o futuro da Doutrina. Entre os que a combatem hoje, mais de um será o seu defensor amanhã. Os adversários se agitam; em dado momento quererão reunir-se para desferir um grande golpe e derrubar o edifício começado, mas seus esforços serão vãos e far-se-á a divisão em suas fileiras.
Aproximam-se os tempos em que os acontecimentos favorecerão a eclosão do que semeais. Considerai a obra na qual trabalhais, sem vos preocupardes com o que possam dizer ou fazer. Vossos inimigos fazem tudo o que podem para vos levar além dos limites da moderação, a fim de poder dar um pretexto às suas agressões; seus insultos não têm outro objetivo, mas a vossa indiferença e vossa longanimidade os confundem. À violência, continuai, pois, a opor a doçura e a caridade; fazei o bem aos que vos querem mal, a fim de que possam distinguir, mais tarde, o verdadeiro do falso.
Tendes uma arma poderosa: a do raciocínio. Servi-vos dela, mas não a mancheis jamais pela injúria, o supremo argumento dos que não têm boas razões para dar; esforçai-vos, enfim, pela dignidade de vossa conduta, para fazer respeitar em vós o título de espírita. "(Revista Espírita. Agosto de 1868. Perseguições. Médium: Sr. Delanne. São Luís / Allan Kardec)
Allan Kardec também disse: "Fique, pois, bem entendido, que cada um pode e deve externar a sua opinião; mas há pessoas que discutem para impor a sua, e não para se esclarecer. É contra o espírito de oposição sistemático que nos levantamos; contra as idéias preconcebidas, que não cedem nem mesmo perante a evidência. Tais pessoas incontestavelmente são uma causa de perturbação, que é preciso evitar." (Revista Espírita. Dezembro de 1861. Organização do Espiritismo. Allan Kardec)
Por isso, Jesus fez a seguinte advertência: "Não deem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos". (Mateus 7:6). "Quer isto dizer: procedei sempre de acordo com as circunstâncias de ocasião. Sondai o terreno, preparai-o e, se o reconhecerdes fértil, por pouco que seja, semeai com prudência e precaução. Cultivai depois com cuidado a semente. Se, ao contrário, o terreno vos parecer árido e ingrato, guardai silêncio, demonstrando que não quereis falar. "(Elucidações Evangélicas. Cap. 36. Antônio Luiz Sayão)
Não devemos perder o nosso tempo ensinando os divinos ensinamentos da Doutrina Espírita para indivíduos que já possuem outras convicções e que não estão dispostos a ouvirem e aprenderem.
Jesus Cristo já havia recomendado aos seus apóstolos: "Se alguma casa ou alguma cidade se recusar a recebê-los ou a ouvir o que vocês têm para dizer, então saiam de lá." (Mateus 10:14) Em outras palavras, isto quer dizer: "procure silenciar onde você não possa prestar auxílio." (Sinal Verde. Cap. 36. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
O Espírito André Luiz também faz a seguinte recomendação aos Espíritas: "Sistematicamente, não impor ou forçar a transformação religiosa dos irmãos alheios à fé que lhe consola o coração. Toda imposição, em matéria religiosa, revela fanatismo. Silenciar todo impulso a polêmicas com irmãos aprisionados a caprichos de natureza religiosa. Discussão, em bases de ironia e azedume, é pancadaria mental." (Conduta Espírita. Cap. 23. Espírito André Luiz. Psicografado por Waldo Vieira)