Todos buscamos, em nossa fé, o dom de servir a Deus. Entretanto, a cada passo, ante a nossa bagagem de sombra, reconhecemos quão difícil se faz a concretização de nossos desejos, porquanto o nosso repositório de possibilidades guarda somente valores fragmentários e virtudes inexpressivas, que tremem e desaparecem, à maneira da chama frágil que bruxuleia e se apaga ao primeiro golpe de vento.
Nossa fé, quase sempre, não passa de vaga confiança, entre a firmeza e a indecisão, fanando-se, apressada, nos dias de temporal…
Nossa paciência é carinho confinado ao círculo doméstico, tolerando os mais caros e desmandando-se, em frases rudes, à menor aproximação daqueles que não vêm o mundo por nossos pontos de vista…
Nossa boa vontade é um jardim de exclusivismo incensando aqueles que nos merecem estima e reconhecimento, metamorfoseando-se, à frente dos que não se sintonizam conosco, em deplorável espinheiro de queixas e acusações…
Nosso amor, habitualmente, é simples capricho sentimental acomodando-se com os irmãos de nossa simpatia, de vez que o adversário é invariavelmente o ponto nevrálgico de nossa irascibilidade, arrancando-nos das promessas sublimes para a cova sombria da maledicência e da aversão.
Nunca sabemos se a nossa humildade vive emoldurada no orgulho e nunca podemos precisar até que ponto caminha a nossa caridade sem o travão do egoísmo.
Assim, se buscamos uma atitude que nos torne agradáveis ao Céu, integremo-nos na atividade incessante do bem, porque servindo e aprendendo sem repousar, não dispomos de tempo para o culto às nossas próprias fraquezas.
Consagremo-nos à tarefa que é nossa, melhorando-nos cada dia e, entre a renúncia aos nossos desejos e o serviço incansável aos nossos semelhantes, descobriremos em nós mesmos a inexprimível felicidade de quem encontrou na vida o esforço mais nobre e mais agradável a Deus.
(Indulgência. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)