Eram dois filhos: Teruz e Abdul.
Teruz, o filho mais velho, era muito preguiçoso, não gostava de trabalhar, muito embora tivesse músculos de aço e vigorosa mocidade. Vivia sem fazer nada e era muito ganancioso.
Abdul, ao contrário do irmão, levantava cedo, e ia direto para o campo, trabalhava até o entardecer e lamentava o dia ser tão breve. Tinha um coração muito bom e tudo dava a quem precisasse do seu auxílio.
Quando o pai ficou muito doente, chamou os dois filhos. Entregou a cada um, um pacotinho, dizendo: Aí tendes o vosso legado. Nada mais possuo, nada mais vos deixo a não ser a minha retidão e honestidade. E desencarnou.
Ao abrir seu pacote, Teruz viu se tratar de belíssima jóia, de grande valor. Se a vendesse, comentou muito contente, teria o necessário para viver folgadamente dez anos, sem trabalhar.
Abdul, muito calmo, sem se mostrar curioso, foi abrindo devagarzinho o pacote, até mostrar para o irmão o que ali havia: um grão de milho.
Teruz riu e riu muito.
— De que te valeu ser trabalhador? Vê como nosso pai te recompensou?
Depois disso, cada um tomou seu rumo. Quinze anos depois, os dois irmãos se encontraram, já homens maduros. Abdul trajava rica capa colorida e um bonito turbante. Estava forte, sua fisionomia deixava transparecer a mesma bondade do passado.
Teruz, coitado, estava magro e mal vestido e o seu rosto tinha a marca do sofrimento e da tristeza.
Abdul, ao vê-lo, correu abraçá-lo, e comovido, chorou de alegria.
Teruz por sua vez, envergonhado e ao mesmo tempo feliz pela bondade de seu irmão, entre abraços disse:
— Irmão! Quanto tempo perdido na vida. Quanto me arrependo de não ter seguido os conselhos sábios de nosso velho pai! Gastei todo o dinheiro da venda da jóia e nada mais tenho.
Abdul contou a Teruz, que plantara o grão de milho, que produziu belas espigas. Com paciência, ele plantou esses outros grãos, e assim foi fazendo até conseguir uma plantação, vendendo seu produto e comprando mais terras, trabalhando.
Fez fortuna, honesta, que lhe permitia viver bem e ajudar muita gente.
Bondoso, Abdul ofereceu sua casa para o irmão viver, ofertando-lhe ainda a possibilidade de trabalhar com ele, em suas terras.
(Autor desconhecido)