"Ouve-se frequentemente a pergunta: “O Espiritismo é religião?” E muitas vezes os espíritas não sabem respondê-la. A confusão a respeito provém das campanhas religiosas contra o Espiritismo. As Igrejas Cristãs, descendentes diretas da Igreja Judaica, definem-se como religiosas nos termos tradicionais do formalismo de suas organizações e do culto exterior calcado nos vários cultos dessa natureza que lhes serviram de modelo, em primeiro lugar o judeu e depois os mitológicos, com substanciais influenciais de Ordens Ocultas como a Maçonaria. As vestes sacerdotais, os paramentos do culto, os instrumentos sagrados — nada disso é de origem cristã, pois o Cristo não se interessou pelos cultos formais e só ensinou o cultivo interior do espírito. Algumas expressões do Evangelho, alguns gestos e atitudes do Cristo deram motivo à adaptação de ritos e sacramentos judeus ou pagãos pelos cristãos. Como o Espiritismo, fiel ao espírito da renovação cristã, não aceitou o culto exterior, a organização clerical profissional, nem rituais, as Igrejas Cristãs fundaram-se nisso para declarar que o Espiritismo não era religião. Ligadas aos Estados, elas tiveram facilidade de influir nos organismos estatais para fazerem prevalecer a sua tese. Até hoje, no Brasil e em muitos países certos organismos estatais, principalmente quando influenciados pela Igreja, negam ao Espiritismo o seu caráter de religião. MAS OS ESPÍRITAS PRECISAM SABER QUE O ESPIRITISMO É RELIGIÃO e o Centro Espírita, geralmente religioso, deve insistir no esclarecimento desse problema em suas reuniões." (O Centro Espírita. Cap.9. J. Herculano Pires)
Quando perguntaram a Allan Kardec se o Espiritismo era uma religião, ele respondeu da seguinte forma:
"Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, O ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.
Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma idéia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou.
Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral." (Revista Espírita. Dezembro de 1868. Sessão Anual Comemorativa do dia dos Mortos. Discurso de abertura pelo Sr. Allan Kardec )
Segundo Herculano Pires, "O problema da religião no Espiritismo tem provocado discussões e controvérsias infindáveis, porque essa doutrina não se apresenta como religião no sentido comum do termo. Allan Kardec, discípulo de Pestalozzi, adotava a posição de seu mestre no tocante à classificação das religiões. Pestalozzi admitia a existência de três tipos de religião: a animal ou primitiva, a social e a espiritual. Mas recusava-se a chamar esta última de religião, dando-lhe a designação de moralidade. Isso porque a religião superior ou espiritual, segundo ele, só era professada individualmente pela criatura que superava o ser social e desenvolvia em si o ser moral. Kardec recusou-se a falar em Religião Espírita, sustentando que o Espiritismo é doutrina científica e filosófica, de conseqüências morais. Mas deu a essas conseqüências enorme importância ao considerar o Espiritismo como desenvolvimento histórico do Cristianismo, destinado a restabelecer a verdade dos princípios cristãos, deformados pelo processo natural de sincretismo-religioso que originou as igrejas cristãs." (Agonia das religiões. Cap. 1. J. Herculano Pires)
De acordo com Allan Kardec, " O Espiritismo é chamado a desempenhar imenso papel na Terra. Ele reformará a legislação ainda tão frequentemente contrária às leis divinas; retificará os erros da História; RESTAURARÁ A RELIGIÃO DO CRISTO, que se tornou, nas mãos dos padres, objeto de comércio e de tráfico vil; instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai diretamente a Deus, sem se deter nas franjas de uma sotaina, ou nos degraus de um altar." (Obras Póstumas. 2° parte. Futuro do Espiritismo. Allan Kardec)
"Então, o Espiritismo é a religião do futuro?
R. Ele é, antes de tudo, o futuro da religião. O Espiritismo, como seu nome indica, é a mais alta e a mais científica forma do espiritualismo. Ele é, ao mesmo tempo, já o dissemos, uma ciência positiva, uma filosofia moral, uma solução social. Sob todos esses títulos, ele responde admiravelmente às exigências do pensamento moderno, às necessidades do coração humano, às aspirações elevadas da alma. Os progressos do futuro confirmarão cada dia mais seus ensinamentos e sua doutrina. Podemos, pois, afirmar que o Espiritismo é o Credo futuro da humanidade." (Síntese doutrinária - Prática do Espiritismo . Questão 142. Léon Denis)
"O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais decorrentes dessas relações." (Revista Espírita. Abril de 1864. Resumo da lei dos fenômenos Espíritas. Allan Kardec)
O Espírito Bernadin confirma o que Allan Kardec diz:
"Meus amigos, falamos do Espiritismo do ponto de vista religioso. Agora que está bem estabelecido que ele não é uma religião nova, mas a CONSAGRAÇÃO DESSA RELIGIÃO UNIVERSAL CUJAS BASES LANÇOU O CRISTO, a que hoje ele vem trazer o coroamento, vamos encarar o Espiritismo do ponto de vista moral e filosófico. Para começar expliquemo-nos quanto ao exato sentido do vocábulo filosofia. A Filosofia não é a negação das leis estabelecidas da Divindade, da religião. Longe disto. A Filosofia é a busca do que é sábio; do que é o mais exatamente razoável. E o que pode ser mais sábio, mais razoável que o amor e o reconhecimento que se deve ao Criador e, consequentemente, o culto, seja qual for, que pode servir para lhe provar esse reconhecimento e esse amor? A religião, e tudo quanto a isto vos pode levar, é pois, uma filosofia, porque é uma sabedoria do homem que a isso se submete com alegria e docilidade. Isto posto, vejamos o que podeis tirar do Espiritismo, posto em prática seriamente." (Revista Espírita. Junho de 1862. Ensinos e dissertações espíritas. Médium: Sra. Collignon. Allan Kardec)
Segundo o Espírito Emmanuel, "Com a ciência o homem descobre a casa em que nasceu para a imortalidade, com a filosofia, aprende a viver e com a religião desenvolve as próprias asas que o transportarão à excelsitude imperecível a que se destina. Façamos, assim, de nosso roteiro espiritista, com Jesus, o templo vivo, em que a ciência seja cultivada, em que a filosofia se erga em altar de nosso respeito e em que a religião seja alimento de cada dia em nossos pensamentos, palavras e ações. E, alicerçados nessa trilogia de valores universais, estejamos convictos de que faremos de nossa fé o santuário sublime que nos conduzirá do mundo renovado aos Eternos braços de Deus." (Vida e caminho. A divina trilogia. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
A DOUTRINA ESPÍRITA É, PORTANTO, DE NATUREZA TRÍPLICE: CIÊNCIA - FILOSOFIA - RELIGIÃO!