Se já acendeste a luz do conhecimento superior na própria vida, não desdenhes estende-la aos ângulos da jornada — que ainda mostrem a antiga dominação da sombra.
Disse-nos o Senhor — “Eu não vim para curar os sãos”. (Lc)
E nenhum de nós recolhe os talentos do Céu para encarcerá-lo na torre do egoísmo, a pretexto de sustentar a virtude.
Não olvides, agora que te refazes ao contato do Divino Médico, aqueles enfermos da própria senda que se nos afiguram perseguidores na marcha de cada dia.
Nossos desafetos do passado, qual acontece com os nossos amigos do pretérito, nos rodeiam, em toda parte.
Reencarnam-se, antes de nós, retomam os laços físicos, ao pé de nosso roteiro, ou reaparecem ao nosso lado, quando a nossa experiência na carne já se encaminha na direção do crepúsculo.
Aqui, são as criaturas que nos hostilizam no templo doméstico, ostentando o título de familiares queridos, ali, surgem na feição de companheiros repentinamente arrebatados a incompreensão e, mais além, às vezes, nos partilham a estrada até mesmo na condição de filhos de nosso amor.
Entretanto, é preciso considerar que não iluminamos para fugir às trevas, nem nos fazemos fortes para esquecer os fracos.
É imperioso saibamos transportar conosco, nos braços do serviço e da paciência, os próprios adversários reencarnados, muita vez, credores de nossa vida, sem cujo auxílio não nos retiraremos do vale da indecisão.
Unge-te de carinho e devotamento e ampara com segurança a quantos te fazem padecer e chorar.
As mãos ingratas ou infelizes, os corações enrijecidos e as almas doentes que nos cercam constituem hoje a colheita de nossa própria sementeira de ontem no terreno do destino. Imprescindível nos disponhamos a ajudá-los, restaurando-os para o bem, porque somente assim alijaremos dos próprios passos os espinheiros envenenados, que amontoamos, imprevidentes, em nosso próprio caminho.
Quando estiveres sob o impacto de tribulações e de agravos, não identifiques, dessa forma, por onde passes, a lamina da perversidade ou o ferrete da culpa, mas sim, a moléstia da ignorância ou a chaga da própria dívida, para que, usando a caridade, incessantemente, possas partir dos sofrimentos da noite para as alegrias do Grande Alvorecer.
(Escrínio de Luz. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)