Dirigia José Petitinga distinta organização espírita na capital baiana, quando um rapaz, interessado em grandes projetos de assistência social, veio procurá-lo.
E entre ambos a conversação se alongou.
- Petitinga, não podemos ficar parados. A hora é de trabalho, trabalho....
- Também penso assim.
- Que acha você levantarmos um orfanato para as criancinhas desamparadas de Salvador?
- Excelente projeto.
- E um sanatório para obsidiados?
- Muito importante.
- E uma vila completa para os nossos irmãos infelizes que moram em casebres misérrimos? Uma vila, Petitinga, em que pudéssemos reunir muitas famílias?
- O plano é uma benção.
- Um lar para velhinhos é uma necessidade... Às vezes volto para a casa, à noite, e vejo anciãos na calçada. Que dia você de um albergue moderno, de amplas proporções?
- Isso seria uma concessão de Deus.
- Noto igualmente que precisamos de um instituto diferente para os alcoolizados. Uma casa-hospital, em que os internados esqueçam o vício... Que opinião é a sua?
- Nem tenho expressões. Uma obra dessas é um monumento de amor.
- É uma escola, em bases espíritas, é caminho do Reino de Deus.
Petitinga não cabia em si de contente.
Afinal – pensava – surpreendera ave rara.
Alguém iria longe, homem disposto a trabalhar e sofrer pela causa.
E como o tempo passava e tinha serviço urgente, convidou:
- Bem, meu amigo, a sua palavra brilha para mim. Continuemos conversando em serviço. Estou justamente na hora do passe a dois irmãos tuberculosos e terei muito prazer em seu concurso...
Mas o moço, incompreensivelmente, alterou o semblante. Fez-se lívido. Repetiu, várias vezes, o gesto de quem expulsa a poeira do paletó, e ele, que sonhava tantas obras de caridade, respondeu, desenxabido:
- Ora, Petitinga, isso não. Você compreende. Não posso buscar moléstias contagiosas.
Tenho família.
E lá se foi ....
(A vida escreve. Espírito Hilário Silva. Psicografado por Chico Xavier)