Prisma era um peixinho que vivia solitário em um pequeno rochedo submerso. Quase não saia de casa, devido a uma deficiência motora, que dificultava a sua locomoção.
Quando nasceu ninguém sabia dizer, e muito menos dizer quem eram seus pais.
Muitos moradores daquela aldeia sabiam apenas que Prisma era uma criaturinha diferente dos outros de sua espécie.
Às vezes o peixinho colocava sua cabecinha para fora do pequeno rochedo para abocanhar algas frescas.
Eu sabia da sua vida e das suas dificuldades, porque Prisma era meu vizinho.
Quem sou eu?
Meu nome é Conchilda e sou uma concha velha, mas muito observadora. Via Prisma sair quase todas as noites e ficar olhando para o grande clarão da lua que refletia nas águas, e isso chamava minha atenção.
Às vezes eu me perguntava o quê será que Prisma pensava!
Um dia tomei coragem e aproximei-me do peixinho, que estava envolto em seus pensamentos, a olhar distante para a luz, e disse:
- Por que olha tanto?
Sem tirar os olhos da luz, delicadamente disse:
- Procuro respostas.
- Respostas para quê?
- Resposta para compreender a minha existência – e prosseguiu: Às vezes a luz se torna forte, dando-me uma grande sensação de segurança, e posso até me sentir vitorioso.
Eu pensei: Como vitorioso?! Afinal, o pobre mal podia bater sua barbatana!
Dei um pequeno sorriso e tentei conter minha emoção, e lhe disse:
- Não compreendo você!
- Nem queira Conchilda, porque para sermos vitoriosos precisamos aceitar o inevitável.
Pensei... o quê seria inevitável?!
- Conchilda, nossa existência é a obra máxima do Criador.
- Como?!
- Olha, imploramos para ser criados e pouco agradecemos pela nossa existência. A vida, por si só, já é uma benção, e devemos agradecê-la sempre, ainda que não sejamos perfeitos, pois deve haver uma razão justa para isso.
- Você agradece ao Pai Criador, Prisma?
- Sim, todas as noites venho aqui e fico a admirar a luz, e oro ao Criador pelas dádivas maravilhosas que Ele nos concede.
Fiquei calada. Como podia um peixe feio, defeituoso e solitário pensar ainda em agradecer ao Criador?! Muitos outros sadios vivem a cobrar do Criador!
Mas refleti profundamente sobre como Prisma aceitava a sua vida, e reconheci a grandeza de sua alma superava as suas limitações físicas. Naquela noite, aprendi com ele a despertar para a vida e acender a minha luz interior, pela oração ao Pai.
Hoje, já sem Prisma ao meu lado, procuro ajudar meu semelhante, ensinando sobre o poder da prece e falando da importância da confiança na luz que existe em nós.
Crianças:
Para conquista a luz interior é necessário abrir o coração para Deus, agradecendo sempre a Sua Luz, que nunca nos falta.
(Tiamara - Boletim Informativo Ação Espírita)