Justiça em nós mesmos

 Não nos esqueçamos do mundo vasto de nós mesmos, onde a consciência amparada pela razão, nos adverte, serena e incorruptível, quanto às normas que nos cabe esposar, em favor de nossa segurança e alegria.

 Muitas vezes, recorremos ao parecer dos outros nos assuntos que nos dizem de perto à paz espiritual, com receio do parecer de nossa própria alma e, quase sempre, apelamos para a orientação de muitos encarnados e desencarnados, por nos sentirmos incapazes de escutar os avisos de nossos templo interior, em cujo altar, a Bondade Divina nos concita às obrigações que a vida nos delegou.

 Em muitas ocasiões, queixamo-nos dos companheiros que nos partilham a luta, cegos para com a nossa posição reprovável diante deles; declaramo-nos desditosos e perseguidos, sem perceber os calhaus de amargura que lançamos, desassisados, no caminho dos outros e arrojamo-nos a reivindicações descabidas, sem observar que nós próprios fomos os autores da desconsideração que nos arrasa ou desprestigia...

 Em várias circunstâncias, reclamamos o trabalho do próximo sem dar a mínima parte da quota de serviço que lhe devemos, exigimos que a tranquilidade nos favoreça, alimentando a guerra silenciosa e tenaz contra os nossos vizinhos e bradamos contra as perturbações que nos visitam a casa, cultivando a leviandade e a calúnia, a destruição e a maledicência…

 Tenhamos, desta maneira, a coragem de examinar a nós mesmos, ouvindo a própria consciência que jamais nos engana quanto ao rumo que nos compete seguir.

 Decerto, é muito fácil julgar a conduta alheia e repetir a famosa frase: — “Se fosse comigo faria assim”.

 Mas, é sempre difícil atender à justiça em nós mesmos para retificar as próprias atitudes e corrigir os próprios atos.

 Acendamos, cada dia, por alguns instantes, a luz da prece em nosso próprio íntimo e roguemos a Jesus nos ensine a ver e a discernir para que, através da oração, possamos aprender e servir sem compromissos escuros nos laços da tentação.

(Semeador em tempos novos. Espírito Emmanuel.  Psicografado por Chico Xavier )

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