(...) Os judeus, abominando o tributo que os romanos lhes impunham, haviam feito do pagamento desse tributo uma questão religiosa. Numeroso partido se fundara contra o imposto. O pagamento deste constituía, pois, entre eles, uma irritante questão de atualidade, sem o que nenhum senso teria a pergunta feita a Jesus: "É-nos lícito pagar ou deixar de pagar a César o tributo?" Havia nessa pergunta uma armadilha. Contavam os que a formularam poder, conforme a resposta, excitar contra ele a autoridade romana, ou os judeus dissidentes. Mas "Jesus, que lhes conhecia a malícia", contornou a dificuldade, dando-lhes uma lição de justiça, com o dizer que a cada um seja dado o que lhe é devido. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 11. Itens 6 e 7. Allan Kardec)
Segundo o Espírito Emmanuel, "É imprescindível dar-lhe o que lhe pertence. O aprendiz do Evangelho não deve invocar princípios religiosos ou idealismo individual para eximir-se dessas obrigações. Se há erros nas leis, lembremos a extensão de nossos débitos para com a Providência Divina e COLABOREMOS COM A GOVERNANÇA HUMANA, oferecendo-lhe o nosso concurso em trabalho e boa-vontade, CONSCIENTES DE QUE DESATENÇÃO OU REVOLTA NÃO NOS RESOLVEM OS PROBLEMAS. Preferível é que o discípulo se sacrifique e sofra a demorar-se em atraso, ante as leis respeitáveis que o regem, transitoriamente, no plano físico, seja por indisciplina diante dos princípios estabelecidos ou por doentio entusiasmo que o tente a avançar demasiadamente na sua época." (Pão Nosso. Espírito Emmanuel. Item 102. Psicografado por Chico Xavier).
Esta sentença: "Dai a César o que é de César", não deve, entretanto, ser entendida de modo restritivo e absoluto. Como em todos os ensinos de Jesus, há nela um princípio geral, resumido sob forma prática e usual e deduzido de uma circunstância particular. Esse princípio é conseqüente daquele segundo o qual devemos proceder para com os outros como queiramos que os outros procedam para conosco. Ele condena todo prejuízo material e moral que se possa causar a outrem, toda postergação de seus interesses. Prescreve o respeito aos direitos de cada um, como cada um deseja que se respeitem os seus. Estende-se mesmo aos deveres contraídos para com a família, a sociedade, a autoridade, tanto quanto para com os indivíduos em geral. ( O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 11. Itens 6 e 7. Allan Kardec)
"Para bem entendermos isso devemos lembrar que O CRISTO NUNCA EXERCEU NENHUMA FUNÇÃO POLÍTICA, nunca pretendeu assumir posições políticas, recusou-se até mesmo nas lutas pelas libertações de Israel dominada pelos romanos (questão que os judeus consideravam como sagrada, pois misturavam as coisas do Céu com as da Terra), mas apesar de sua total abstinência política conseguiu injetar nas estruturas políticas do Mundo a seiva divina da orientação evangélica." (O Centro Espírita. Cap. 8. J. Herculano Pires)