JESUS CRISTO É DEUS, OU SEJA, A SEGUNDA PESSOA DA SANTÍSSIMA TRINDADE?

De acordo com o dogma da Igreja Católica, "O Pai (Deus), o Filho (Jesus Cristo) e o Espírito Santo não são três princípios das criaturas, mas um só princípio". (Catecismo da Igreja Católica. Item 258. Vatican). Em outras palavras, significa que Deus é um só, representado por três pessoas, que é a santíssima trindade. 

No entanto, essa declaração está em contradição formal com as opiniões dos apóstolos, nos Evangelhos, como veremos a seguir:

Segundo Léon Denis, "Para justificar essa afirmação, apóia-se a Igreja em certas palavras do Cristo, que, se exatas, foram mal compreendidas, mal interpretadas."

Em João 10:30-33, por exemplo, Jesus Cristo disse: "Eu e o Pai somos um. Os judeus mais uma vez pegaram pedras para apedrejá‑lo, mas Jesus lhes disse: ― Eu mostrei muitas boas obras da parte do Pai. Por qual delas vocês querem me apedrejar? Os judeus responderam: ― Não queremos apedrejar você por nenhuma boa obra, mas por blasfêmia, pois você, embora seja homem, se apresenta como se fosse Deus."

A resposta de Jesus destrói essa acusação e revela o seu pensamento íntimo : "Jesus lhes respondeu: ― Não está escrito na lei de vocês: "Eu disse: Vocês são deuses ?   Se ele chamou "deuses" àqueles a quem veio a palavra de Deus - e a Escritura não pode ser anulada -,   que dizer a respeito daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo? Então, por que vocês me acusam de blasfêmia por eu ter dito: "Sou Filho de Deus"?    Se eu não realizo as obras do meu Pai, não creiam em mim. " (João 10:34-38)

"Todos sabem que os antigos, latinos e orientais, chamavam deuses a todos quantos, por qualquer motivo, se tornavam superiores ao comum dos homens. O Cristo preferia a essa qualificação abusiva, a de filho de Deus para designar os que investigavam e observavam os divinos ensinamentos. É o que ele expõe no versículo seguinte:

"Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus." (Mateus 5:9).

Os apóstolos atribuíam o mesmo sentido a essa expressão:

"Todos os que são levados pelo Espírito de Deus, esses tais são filhos de Deus." (Romanos 8:14) (Cristianismo e Espiritismo. Cap. 6. Léon Denis)

Outro trecho muito utilizado pela igreja para argumentar que Jesus Cristo é Deus, está descrito também no Evangelho de João, no qual diz:

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

(...) E o Verbo foi feito carne e habitou entre nós e vimos a sua glória, qual a que o Filho único havia de receber do Pai; e ele, digo, habitou entre nós, cheio de graça e de verdade." (João 1:1;14)

No entanto, no livro "Obras Póstumas" de Allan Kardec temos a verdadeira interpretação destas palavras, com o seguinte esclarecimento: "Tendo Jesus recebido a palavra diretamente de Deus, com a missão de revelá-la aos homens, assimilou-a; a palavra divina, da qual estava penetrado, se encarnou nele; trouxe-a ao nascer, e foi com razão que João pôde dizer: '' E o Verbo foi feito carne e habitou entre nós e vimos a sua glória... " (João 1: 14). Com efeito, o Verbo é Deus, porque é a palavra de Deus." (Obras Póstumas. 8. O verbo se fez carne. Allan Kardec).

Segundo Pastorino, "Por causa da aproximação do versículo 1 com o 14, houve confusão, e acreditou-se que o Verbo era o Filho, não se reparando na contradição dos termos: Verbo é palavra ativa, ao passo que Filho é palavra passiva. Verbo é o Criador, Filho é o Criado." (Sabedoria do Evangelho. Volume 1. Esquema eterno da missão de Jesus. Carlos Torres Pastorino)

Aliás, quando em Mateus 29:19, se diz: "Portanto, ide, ensinai todas as nações,  batizando-as (1) em nome do Pai , e do Filho, e do Espírito Santo",isto  não representa a santíssima trindade, como alguns alegam.

No livro "O Evangelho dos Humildes", Eliseu Rigonatti explica o verdadeiro sentido dessas palavras de Jesus, no trecho transcrito a seguir: "Ensinai a todos em nome do Pai, isto é, em nome de Deus, nosso Pai comum. E do Filho, isto é, em meu nome, porque sou o Mestre. E em nome do Espírito Santo, isto é, em nome dos espíritos do bem. Batizai a todos, isto é, fazei com que o maior número possível de criaturas tome conhecimento do Evangelho, e se redimam aplicando minhas lições no viver de cada dia." (O Evangelho dos Humildes. Cap. 28. Eliseu Rigonatti)

O Querido Mestre, em muitas circunstâncias, confirma que "Deus é Pai" e que é "Filho de Deus" :

Jesus Cristo disse: '' Não falei, de nenhum modo, de mim mesmo; mas meu Pai, que me enviou, foi quem me prescreveu, por seu poder, o que devo dizer, e como devo falar; - e eu sei que o seu poder é a vida eterna; o que eu digo, pois, o digo segundo o que meu Pai mo ordenou.''(João 12:49 e 50)

"Minha doutrina não é minha doutrina, mas a doutrina daquele que me enviou". (João 7:16)

''Desci do céu não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou''. (João 6:38)

E disse também "o Pai é maior do que Eu". (João 14:28) 

As seguintes palavras são ainda mais explícitas: "Procurais tirar-me à vida, a mim que sou um homem, que vos tenho dito a verdade que de Deus ouvi." (João 8:40)

"Jesus diz à Madalena: Vai a meus irmãos e dize-lhes que eu vou para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus." (João 20:17)

A um israelita redarguiu: "Porque me chamais bom? Ninguém é bom senão Deus, unicamente." (Lucas 18:19).

Diante dessas evidências, Allan Kardec afirma: "Não só Jesus não se deu, em nenhuma circunstância, por igual a Deus, como, neste passo, afirma positivamente o contrário: considera-se inferior a Deus em bondade. Ora, declarar que Deus lhe está acima, pelo poder e pelas qualidades morais, é dizer que ele não é Deus". (Obras Póstumas. 3. A divindade de Jesus está provada pelas suas palavras?  Allan Kardec)

"(...) Jesus é Filho de Deus, como todas as criaturas, que ele chama a Deus Pai, como nós aprendemos a tratá-lo de nosso Pai. É o Filho bem-amado de Deus, porque, tendo alcançado a perfeição, que aproxima de Deus a criatura, possui toda a confiança e toda a afeição de Deus. Ele se diz Filho único, não porque seja o único ser que haja chegado à perfeição, mas porque era o único predestinado a desempenhar aquela missão na Terra." (Obras Póstumas.  9. O Filho de Deus e O Filho do homem. Allan Kardec)

Segundo os Espíritos Superiores, "Para o homem,  Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo  e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava". (O Livro dos Espíritos. Questão 625. Allan Kardec).

De acordo com Léon Denis, " Jesus é um desses divinos missionários e é de todos o maior. Destituído da falsa auréola da divindade, mais imponente nos parece ele. Seus sofrimentos, seus desfalecimentos, sua resignação, deixam-nos quase insensíveis, se oriundos de um Deus, mas tocam-nos, comovem-nos profundamente em um irmão. Jesus é, de todos os filhos dos homens, o mais digno de admiração. É extraordinário no sermão da montanha, em meio à turba dos humildes. É maior ainda no Calvário, quando a sombra da cruz se estende sobre o mundo, na tarde do suplício.

(...)A humanidade e a divindade do Cristo representam os extremos de sua individualidade, como o são para todo ser humano. Ao termo de nossa evolução, cada qual se tornará um "Cristo", será um como Pai e terá alcançado a condição divina.

A passagem de Jesus pela Terra, seus ensinamentos e exemplos, deixaram traços indeléveis; sua influência se estenderá pelos  séculos vindouros. Ainda hoje, ele preside aos destinos do globo em que viveu, amou, sofreu. Governador espiritual deste planeta, veio, com seu sacrifício, encarreirá-lo para a senda do bem e é sob a sua direção oculta e com o seu apoio que se opera essa nova revelação, que, sob o nome de moderno espiritualismo, vem restabelecer sua doutrina, restituir aos homens o sentimento dos próprios deveres, o conhecimento de sua natureza e dos seus destinos." (Cristianismo e Espiritismo. Cap. 6. Léon Denis)

Em resumo, Herculano Pires faz a seguinte conclusão: "Para o Espiritismo, Jesus não é Deus, não participa do mistério da Pessoa Única, mas nem por isso deixa de ser divino. Os espíritas rejeitam, portanto, o dogma da Trindade e o mistério da participação da pessoa de Jesus na Suprema Pessoa. Segundo o Espiritismo, Deus é Uno. Dele procedem todas as coisas. Jesus é Seu filho, como todos nós o somos. Nesse ponto, estamos em pé de igualdade com Jesus, somos irmãos do Divino Mestre. Mas enquanto somos humanos, Jesus é divino. E o é, porque está muito acima de nós, no tocante à realização espiritual. Ele é, pois, o nosso Irmão Maior, que já conseguiu depurar-se das imperfeições humanas, atingindo a divindade do espírito, que o liga a Deus, como um filho dileto ao Pai amoroso. "(O homem novo. Vai para os meus irmãos e dize-lhes que eu subo para o Meu e Nosso Pai. J. Herculano Pires)

Obs.(1): Sabemos pelos registros do Evangelho que Jesus nunca batizou ninguém no Rio Jordão, portanto,  o batismo possui um significado simbólico.

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