Atenção é um estado de concentração de energia psíquica sobre um fato ou um objeto, destacando-o dos simultâneos.
A característica fundamental da atenção é a direção segura do pensamento. Quando mais tensão no pensamento, maior será a segurança. Normalmente, o espírito tende à dispersão, divagação, fenômeno intitulado ''disponibilidade mental''. Sem controle e segurança não há atenção.
Na atenção, existe naturalmente a seleção de imagens. Quando surge a tenção, automaticamente existe a seleção e a escolha da imagem que ocupará a consciência.
Quando o indivíduo permanece atento a algum objeto, há uma adaptação física e psíquica para melhor compreender o objeto. Quando atento, existe tensão no indivíduo, tensão essa dos movimentos, da mente e dos sentidos, num todo, na direção do objeto, redundando numa concentração de esforços.
Condições da Atenção:
1) Fisiológicas - motoras (concentração dos músculos frontais) - circulatórias (hiperemia cerebral) - respiratórias (modificação do ritmo respiratório).
2) Psicológicas - 1 - No estado de atenção, a energia psíquica se concentra em dado objeto, tornando-o mais nítido e iluminado (objeto intrínseco ou extrínseco).
a) Redireção da atividade psíquica na direção do estímulo selecionado pela consciência abandonando os demais (inibição mental e curso de idéias).
b) Interesse - Se não houver interesse não há atenção. Apesar de confundido, interesse não é atenção, mas um dos fatores para que ela exista. O interesse á a atenção latente, e a atenção é o interesse em ação.
Efeitos da atenção :
1) Aumenta a rapidez da percepção - Quanto mais atentos, mais percebemos.
2) Aumento da intensidade dos processos psíquicos - estes tornam-se mais nítidos.
3)Decompõe os elementos do todo.
4) Associação de idéias - coordenação das representações mentais.
Propriedade da atenção:
1) Campo da atenção - Dá-se este nome à totalidade dos objetos focalizados pela consciência. As experiências provam que, em média, o número de objetos focalizados não ultrapassa de 6 (seis), não havendo possibilidade de atentar para todo o conjunto. Muitas pessoas têm a ilusão de aplicar a atenção para muitas coisas simultaneamente. É errado, pois o foco atencional é dirigido a um objeto de cada vez. O resto do conjunto é percebido sem detalhes, superficialmente. Ex.: quando a criança olha uma boneca, só percebe os detalhes da boneca, permanecendo isolada do ambiente que a cerca, ou do que se passa à sua volta.
2) Duração da atenção - Varia, segundo: idade, capacidade de concentração, experiência, anterior e educação em geral. Ex.: quando crianças, a intensidade de atenção para um brinquedo, era muito maior que a intensidade que dispensamos ao mesmo brinquedo, quando adultos.
Patologia da atenção:
1)Hipertrofia - limitação do campo da atenção, que fica acorrentada a uma dada idéia, para a qual emerge toda atividade mental. Ex.: obsessão, êxtase, etc.
2) Instabilidade - No delírio, existe um ritmo desordenado no curso das idéias. Na embriaguez, não existe capacidade de selecionar os estímulos, havendo indecisão.
3) Atrofia - Estado mórbido, apresentado pelos dementes e retardados mentais (idiotias, imbecis). Não há atenção espontânea, nem voluntária a não ser esporadicamente, como em ''relâmpagos''.
Espécies de atenção:
1) Externa (o estímulo é externo) - Ex.: voltar-se para ouvir.
2) Interna (o estímulo é interno) - Ex.: pensar para falar.
3) Passiva - (independe da vontade). Resposta imediata ao estímulo. Ex.: Ao receber um empurrão, a pessoa grita imediatamente.
4) Espontânea (estimulado por interesse) - Ex.: examinar um objeto numa vitrina.
5) Esforçada (existe obrigação) : O aluno que faz exercícios escolares, embora preferisse brincar.
A atenção esforçada pode também ser voluntária. Ex.: a atenção que aplicamos numa tarefa que não é do nosso agrado, mas cuja utilidade reconhecemos.
Atenção e Fadiga:
Quando atentos a determinado fato, dissemos que existe adaptação física e mental ao fato. Consequentemente, surge desgaste na energia nervosa, dando aparecimento à fadiga.
A fadiga surge por:
1) desinteresse - Ao perceber desinteresse pelo assunto em pauta, o evangelizador deve mudar o foco atencional, a fim de retornar à dinâmica necessária.
2) doença - crianças enfermas e subalimentadas tendem à fadiga.
3) condições ambientais - frio ou calor intenso, falta de ventilação no ambiente, má acomodação, excessivo número de crianças.
4) atitudes anti-didáticas do evangelizador - tom de voz, excessiva repetição, movimentação cansativa, etc.
5) duração excessiva da aula - Há um limite para a atenção em direção ao mesmo objeto:
15 minutos para o Jardim (4 a 6anos)
20 minutos para o Primário (7 a 10 anos)
30 minutos para o Intermediário (11 a 14 anos)
O total da aula deve ser de 40 minutos: (Jardim)
15 minutos para a estória
15 minutos para a atividade recreativa
5 minutos para o canto
5 minutos para a prece.
O fator fundamental da aprendizagem é a atenção. Qualquer processo educativo tende a falhar sem existência de atenção. A melhor forma de captar a atenção da criança, é fazê-la participar ativamente das atividade em classe.
( Programa para a infância. Federação Espírita do Estado de São Paulo. Área da Infância, juventude e mocidade, 1998).