Segundo o Espiritismo, o vampirismo do sexo é provocado por um espírito obsessor, com a finalidade de absorver os fluidos vitais do obsedado.
"Os íncubos e súcubus da Idade Média são exemplos dessas formas grosseiras de Espíritos inferiores. As manifestações desses seres inferiores confundem muitos estudiosos e médiuns-videntes que não aceitam a tese espírita de que os Espíritos não têm sexo. Simples falta de melhor discernimento doutrinário. " (Na era do Espírito. Acústica psicológica. Irmão Saulo. Psicografado por Chico Xavier/ J. Herculano Pires)
Conforme as lendas medievais, " Súcubos tomam forma feminina para atacar homens durante seus sonhos, enquanto íncubos fazem o contrário. O objetivo deles é roubar a energia vital da vítima. A palavra "íncubo" vem do latim "incubare" (deitar em cima) e "súcubo" deriva de "succumbere" (deitar debaixo). Os primeiros relatos sobre essas entidades surgiram na Mesopotâmia, por volta de 2400 a.C., mas o mito ganhou popularidade na Idade Média, quando mulheres foram acusadas de encontrar demônios e de praticar bruxaria em troca. " (Fontes : Livro The Encyclopedia of Demons and Demonology e revista Dossiê SUPERINTERESSANTE - Lendas Medievais )
"Concebe-se que povos atrasados, os quais, por desconhecerem os atributos de Deus, admitem em suas crenças divindades maléficas, também admitam demônios." (O Livro dos Espíritos. Questão 131. Allan Kardec)
De acordo com o Espírito André Luiz, "encontramos os circuitos de obsessão e de vampirismo entre encarnados e desencarnados, desde as eras recuadas em que o Espírito humano, iluminado pela razão, foi chamado pelos princípios da Lei Divina a renunciar ao egoísmo e à crueldade, à ignorância e ao crime." (Evolução em dois mundos. Cap. 15. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira)
"A obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir e que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação." (O Livro dos Médiuns. Cap. 23. Item 237. Allan Kardec)
"O grau de constrangimento e a natureza dos efeitos que ele produz marcam a diferença entre a obsessão, a subjugação e a fascinação.
A obsessão é a ação quase permanente de um Espírito estranho, que leva a pessoa a ser solicitada por uma necessidade incessante de agir desta ou daquela maneira e de fazer isto ou aquilo.
A subjugação é uma ligação moral que paralisa a vontade de quem a sofre e que impele a pessoa às mais desarrazoadas atitudes, frequentemente as mais contrárias ao seu próprio interesse.
A fascinação é uma espécie de ilusão produzida pela ação direta de um Espírito estranho ou por seus raciocínios capciosos. Essa ilusão produz alteração na compreensão das coisas morais, falseia o julgamento e leva a tomar-se o mal pelo bem." (Revista Espírita. Outubro de 1858. Obsedados e subjugados. Allan Kardec).
Desde que não há possessão propriamente dita, isto é, coabitação de dois Espíritos no mesmo corpo, pode a alma ficar na dependência de outro Espírito, de modo a se achar subjugada ou obsidiada ao ponto de a sua vontade vir a achar-se, de certa maneira, paralisada?
"Sem dúvida, e são esses os verdadeiros possessos. Mas é preciso saibas que essa dominação não se efetua nunca sem que aquele que a sofre o consinta, quer por sua fraqueza, quer por desejá-la. Muitos epiléticos ou loucos, que mais necessitavam de médico que de exorcismos, têm sido tomados por possessos." (O Livro dos Espíritos. Questão 474. Allan Kardec)
"(...)Mas a ignorância e os preconceitos muitas vezes tomaram como possessão aquilo que não passava de um estado patológico. Para nós, a possessão seria sinônimo de subjugação. Não adotamos esse termo por dois motivos: primeiro porque implica a crença em seres criados para o mal e a ele votados perpetuamente, quando apenas existem seres mais ou menos imperfeitos, e todos podem melhorar; segundo, porque ele implica igualmente a ideia de tomada de posse do corpo pelo Espírito estranho, uma espécie de coabitação, ao passo que existe apenas uma ligação. O vocábulo subjugação dá uma ideia perfeita. Assim, para nós, não há possessos, no sentido vulgar da palavra; há simplesmente obsedados, subjugados e fascinados." (Revista Espírita. Outubro de 1858. Obsedados e subjugados. Allan Kardec).
"Os maus Espíritos somente procuram os lugares onde encontrem possibilidades de dar expansão à sua perversidade. Para os afastar, não basta pedir-lhes, nem mesmo ordenar-lhes que se vão; é preciso que o homem elimine de si o que os atrai. Os Espíritos maus farejam as chagas da alma, como as moscas farejam as chagas do corpo. Assim como se limpa o corpo, para evitar a bicheira, quese deve limpar de suas impurezas a alma, para evitar os maus Espíritos. Vivendo num mundo onde estes pululam, nem sempre as boas qualidades do coração nos põem a salvo de suas tentativas; dão, entretanto, forças para que lhes resistamos." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 28. Item 16. Allan Kardec)
No livro "Missionários da Luz", o Espírito André Luiz relata um caso de um médium que estava numa reunião mediúnica, sofrendo vampirização do sexo. Ele faz a seguinte observação, enquanto recebia orientações do instrutor espiritual Alexandre:
" - Fiquei estupefato. As glândulas geradoras emitiam fraquíssima luminosidade, que parecia abafada por aluviões de corpúsculos negros, a se caracterizarem por espantosa mobilidade. Começavam as movimentações sob a bexiga urinária e vibravam ao longo de todo o cordão espermático, formando colônias compactas, nas vesículas seminais, na próstata, nas massas mucosas uretrais, invadiam os canais seminíferos e lutavam com as células sexuais, aniquilando-as. As mais vigorosas daquelas feras microscópicas situavam-se no epidídimo, onde absorviam, famélicas, os embriões delicados da vida orgânica. Estava assombrado. Que significava aquele acervo de pequeninos seres escuros? Pareciam imantados uns aos outros, na mesma faina de destruição. Seriam expressões mal conhecidas da sífilis?
Enunciando semelhante indagação íntima, explicou-me Alexandre, sem que eu lhe dirigisse a palavra falada:
- Não, André. Não temos sob os olhos o espiroqueta de Schaudinn, nem qualquer nova forma suscetível de análise material por bacteriologistas humanos. São bacilos psíquicos das torturas sexuais, produzidos pela sede febril de prazeres inferiores. O dicionário médico do mundo não os conhece e, na ausência de terminologia adequada aos seus conhecimentos, chamemos-lhes larvas, simplesmente. Têm sido cultivados por este companheiro, não só pela incontinência no domínio das emoções próprias, através de experiências sexuais variadas, senão também pelo contacto com entidades grosseiras, que se afinam com as predileções dele, entidades que o visitam com freqüência, à maneira de imperceptíveis vampiros. O pobrezinho ainda não pôde compreender que o corpo físico é apenas leve sombra do corpo perispiritual...(...)A pretexto de aceitar o império da razão pura, na esfera da lógica, admite que o sexo nada tem que ver com a espiritualidade...
(...)É imprescindível santificar essa faculdade, convertendo-a no ministério ativo do bem. A maioria dos candidatos ao desenvolvimento dessa natureza, contudo, não se dispõe aos serviços preliminares de limpeza do vaso receptivo. (...)Atender a santificada missão do sexo, no seu plano respeitável, usar um aperitivo comum, fazer a boa refeição, de modo algum significa desvios espirituais; no entanto, os excessos representam desperdícios lamentáveis de força, os quais retêm a alma nos círculos inferiores. Ora, para os que se trancafiam nos cárceres de sombra, não é fácil desenvolver percepções avançadas. Não se pode cogitar de mediunidade construtiva sem o equilíbrio construtivo dos aprendizes, na sublime ciência do bem-viver. (...) Excetuando-se, porém, essas ilusões infantis, são bons companheiros de luta...(...) Por isso mesmo, todas as nossas reuniões são proveitosas e, ainda que os seus passos sejam vacilantes na senda, tudo faremos por defendê-los contra as perigosas malhas do vampirismo. "(Missionários da luz. Cap. 3. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
Segundo o Espírito Emmanuel, "A energia sexual, como recurso da lei de atração, na perpetuidade do Universo, é inerente à própria vida, gerando cargas magnéticas em todos os seres, à face das potencialidades criativas de que se reveste. Nos seres primitivos, situados nos primeiros degraus da emoção e do raciocínio, e, ainda, em todas as criaturas que se demoram voluntariamente no nível dos brutos, a descarga de semelhante energia se opera inconsideradamente. Isso, porém, lhes custa resultados angustiosos a lhes lastrearem longo tempo de fixação em existências menos felizes, nas quais a vida, muito a pouco e pouco, ensina a cada um que ninguém abusa de alguém sem carrear prejuízo a si mesmo. "(Vida e sexo. Cap. 5. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
"As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. É, às vezes, uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda queixas da sua vida presente ou do tempo de outra existência. Muitas vezes, também, não há mais do que o desejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer que os outros sofram; encontra uma espécie de gozo em os atormentar, em os vexar, e a impaciência que por isso a vítima demonstra mais o exacerba, porque esse é o objetivo que colima, ao passo que a paciência o leva a cansar-se. "(O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Cap.23. Item 245. Allan Kardec)
"As obsessões não surgem apenas na fase de eclosão e desenvolvimento da mediunidade. As mais graves obsessões estão genesicamente ligadas aos problemas anímicos das vítimas. O espírito reencarna, como ensina Kardec, já trazendo consigo problemas graves de encarnações anteriores.
(...) O problema sexual é extremamente melindroso, pois tanto o homem como a mulher dispõem de tendências de ambos os sexos, podendo cair em desvios provocados por excitações de após nascimento. No alcoolismo temos situação idêntica: tendências inatas e tendências adquiridas, que atraem obsessores. Em todos os campos de atividades viciosas os obsessores podem ser atraídos pelos obsedados que se deixaram levar por excitações do meio em que se educaram ou em que vivem. As más companhias que influem no ânimo de crianças, adolescentes e jovens, e até mesmo em adultos, podem levar qualquer pessoa a situações penosas, e não são apenas companhias encarnadas, mas também espíritos viciosos. O simples fato de morrer não modifica ninguém. O sensual continua sensual depois da morte, o alcoólatra não perde o seu vício, o bandido continua bandido. A morte é apenas a libertação do corpo material. " (Mediunidade - Vida e Comunicação. Cap. 16. J. Herculano Pires)
"Sendo o homem composto de Espírito, perispírito e corpo, durante a vida as percepções e sensações se produzem simultaneamente pelos sentidos orgânicos e pelo sentido espiritual; depois da morte, os sentidos orgânicos são destruídos mas, restando o perispírito, o Espírito continua a perceber pelo sentido espiritual, cuja sutileza aumenta em razão do desprendimento da matéria."(Revista Espírita. Outubro de 1864. O Sexto sentido e a visão espiritual. Allan Kardec)
"Dizendo que os Espíritos são inacessíveis às impressões da matéria que conhecemos, referimo-nos aos Espíritos muito elevados, cujo envoltório etéreo não encontra analogia neste mundo. Outro tanto não acontece com os de perispírito mais denso, os quais percebem os nossos sons e odores, não, porém, apenas por uma parte limitada de suas individualidades, conforme lhes sucedia quando vivos.
Pode-se dizer que, neles, as vibrações moleculares se fazem sentir em todo o ser e lhes chegam assim ao sensorium commune, que é o próprio Espírito, embora de modo diverso e talvez, também, dando uma impressão diferente, o que modifica a percepção. "(O Livro dos Espíritos. Item 257. Allan Kardec )
"Sabemos que os Espíritos têm as nossas sensações e percebem os odores tão bem quanto os sons. Não podendo comer, um Espírito material e sensual se repasta da emanação dos alimentos; saboreia-os pelo olfato, como em vida o fazia pelo paladar. Há, pois, algo de material em seu prazer; mas como, na verdade, há mais desejo do que realidade, este mesmo prazer, aguilhoando os desejos, torna-se um suplício para os Espíritos inferiores, que ainda conservaram as paixões humanas." (Revista Espírita. Novembro de 1860. Palestras familiares de além-túmulo - Baltazar, o Espírito gastrônomo. Allan Kardec)
"A idéia simbólica da Mitologia, de que os deuses aspiravam as emanações das coisas que não mais podiam comer ou beber é a imagem exata da vampirização das criaturas encarnadas pelas entidades desencarnadas inferiores, espíritos ainda em estágio evolutivo primário, que buscam suprir a ausência do seu corpo carnal com a exploração impiedosa e vil dos corpos alheios. Quem repele essa exploração aviltante não age apenas em causa própria, mas na defesa do futuro dos espíritos vampirescos e na sustentação da dignidade humana. "(Mediunidade - Vida e Comunicação. Cap. 8. J. Herculano Pires)
"A densidade do perispírito, se assim se pode dizer, varia de acordo com o estado dos mundos. Parece que também varia, em um mesmo mundo, de indivíduo para indivíduo. Nos Espíritos moralmente adiantados, é mais sutil e se aproxima da dos Espíritos elevados; nos Espíritos inferiores, ao contrário, aproxima-se da matéria e é o que faz que os Espíritos de baixa condição conservem por muito tempo as ilusões da vida terrestre. Esses pensam e obram como se ainda fossem vivos; experimentam os mesmos desejos e quase que se poderia dizer a mesma sensualidade. Esta grosseria do perispírito, dando-lhe mais afinidade com a matéria, torna os Espíritos inferiores mais aptos às manifestações físicas." (O Livro dos Médiuns. Cap. 4. Item 74. Allan Kardec)
"(...)Se um Espírito quer agir sobre uma pessoa, dela se aproxima e envolve-a, por assim dizer, com o seu perispírito, como se fosse um manto. Os fluidos se penetram; os dois pensamentos e as duas vontades se confundem, e então o Espírito pode servir-se daquele corpo como se fora o seu próprio; (...) se for perverso e maldoso, ele o constrange como numa armadilha; paralisa até mesmo a vontade e a razão, que abafa sob seus fluidos, assim como se apaga o fogo sob um lençol d'água; incita-o a pensar, falar e agir por ele, conduzindo-o, contra sua vontade, a atos extravagantes ou ridículos. Numa palavra, ele magnetiza o indivíduo e o leva a uma espécie de catalepsia moral, transformando-o em instrumento cego de sua vontade. Tal é a causa da obsessão, da fascinação e da subjugação, que se mostram em diversos graus de intensidade. "(Revista Espírita. Dezembro de 1862. Estudo sobre os possessos de Morzine. Allan Kardec)
"Os Espíritos obsessores, muitos deles, são altamente treinados na técnica de hipnotizar; quase sempre, eles hipnotizam as suas vítimas quando elas se retiram do corpo, no momento do sono... Por este motivo, muita gente acorda mal-humorada e violenta. Se soubéssemos o que nos espera no Além, não dormiríamos sem recorrer aos benefícios da prece. Os Espíritos nossos desafetos nos espreitam; se não tivermos defesa, eles farão conosco o que bem entenderem... Há obsessões terríveis que são programadas durante o sono; toda noite é uma sessão de hipnose... "(O Evangelho de Chico Xavier. Item 190. Chico Xavier / Carlos A. Baccelli)
"A existência de certas formas de vampirismo, como a sexual, que viola princípios morais e religiosos, foi pouco tratada no Espiritismo em virtude do escândalo que provocava, podendo até mesmo causar perturbações a criaturas simples ou excessivamente sensíveis. Não obstante, foi sempre conhecida dos estudiosos e pesquisadores e incluída no rol das obsessões. Trata-se realmente de um tipo de obsessão no campo das viciações sensoriais. A denominação de vampirismo decorre de sua principal característica, que é a sucção de energias vitais da vítima pelos obsessores.
É uma modalidade grave de obsessão que pode reduzir o obsedado à inutilidade, afetando-lhe o cérebro e o sistema nervoso, tirando-lhe toda disposição para atividades sérias. Nos Centros e Grupos espíritas bem orientados, esses casos são tratados de maneira especial, em pequenas reuniões privativas, com médiuns que disponham de condições para enfrentar o problema. Como no caso das obsessões alcoólicas, toxicômanas, e outras do mesmo gênero, é necessário o máximo cuidado na seleção das pessoas que vão tratar do assunto e o maior sigilo a respeito, a fim de evitar-se o prejuízo dos comentários negativos, que influem fatalmente sobre o caso, provocando agravamentos inesperados da situação das vítimas.
(...) Mas a verdade é que o vampirismo é uma parceria sinistra. Daí a necessidade de se doutrinar primeiro o obsedado, despertando-lhe a consciência das suas responsabilidades, para que ele feche a porta da sua vontade às insinuações dos obsessores. Um jovem de pouco mais de vinte anos procurou-nos para expor o seu caso.
Começou dizendo em lágrimas, de mãos trêmulas: "Sou um desgraçado que goza mais do que muitos rapazes felizes. Toda noite sou procurado em meu leito por uma deidade loira e belíssima, extremamente amorosa, que se entrega a mim. É uma criatura espiritual, bem sei, e não quero aceitá-la, mas não posso repeli-la. Após, ela desaparece como nos contos de fadas e eu me levanto e grito por ela em tamanho desespero que acordo os vizinhos. Todos pensam que sou um sonâmbulo ou um louco. Ajude-me, por piedade!". O caso vinha de longe, desde os seus 16 anos. A jovem lhe aparecera pela primeira vez como sua filha de outra encarnação. Essa referência filial era um embuste, destinado a aumentar as sensações com o excitante do pecado. Seis anos depois o reencontro por acaso. Fugira envergonhado pela confissão e com medo de que o libertássemos da obsessão. Mas já parecia um velho, cada vez mais trêmulo e de cabelos precocemente grisalhos. Prometeu ir ao Centro que lhe indicamos, mas não foi. Tornou a desaparecer e nunca mais tivemos notícias dele. O vampirismo o exauria e deve tê-lo levado à morte precoce. Os casos desta espécie são mais freqüentes do que geralmente supomos, mas permanecem em sigilo. A situação de ambivalência da vítima auxilia o vampirismo destruidor. A Idade Média se foi mas esses casos medievais continuam às portas da Era Cósmica. Mais dois casos conseguimos solucionar em trabalhos de desobsessão em que os pacientes compareciam e as entidades se manifestavam. Mas se o obsedado não se quer curar, nada se pode fazer. A cura está em suas mãos, não nas nossas. O livre-arbítrio do obsessor e do obsedado não será violado. Kardec relata um caso em que conseguiu salvar a vítima em sessões em que ele não comparecia, mas o obsessor se manifestava. Eram sessões diárias, realizadas com absoluta pontualidade por um pequeno grupo coeso. Outro caso foi de um bancário, já de trinta anos, que nos procurou e escreveu ao Chico Xavier. Pedia socorro e ameaçava suicidar-se. Não obstante alegava que era um caso de disfunção no campo estritamente biológico e não queria submeter-se a trabalhos espíritas. Tratava-se de homossexualismo masculino.
Chico Xavier nos respondeu dizendo que só nos restava orar pelo obsedado e sua vítima.
A vítima era o espírito vampiresco ...
Não podemos nos esquecer, em casos desses, de que o livre-arbítrio é indispensável à evolução do espírito. Cabe a ele procurar com afinco a cura, se realmente desejar, e então terá toda a assistência espiritual de que necessita. Basta um dos parceiros querer de verdade para que o caso possa ser superado. Este é um dos momentos cruciais em que a responsabilidade individual no processo evolutivo se mostra soberana. Um homem de 40 anos, pobre e envelhecido, chorava ao dizer-nos que não podia esquecer o parceiro jovem que o abandonara.
Choro de vergonha - dizia - mas se ele voltar eu ficarei feliz. Apesar dessa teimosia, curou-se após dez anos de luta solitária, orando dia e noite, segundo nos explicou mais tarde. Sua mãe o auxiliava com aparições periódicas, sem nada dizer, mas de olhos cheios de lágrimas. Graças a essa ajuda materna conseguiu despertar a sua vontade anestesiada e livrar-se das tentações vampirescas. Tornou-se espírita e casou-se. Hoje freqüenta regularmente um Centro Espírita em São Paulo e se interessa especialmente pelos casos de vampirismo. Quer pagar com o seu auxílio aos outros o benefício imenso que recebeu. Ninguém sabe nada do seu passado infeliz e todos o consideram e estimam. Não foi esse o caso de Madalena, que Jesus socorreu e transformou na primeira testemunha da sua ressurreição?
A Mediunidade - luz divina no campo da Comunicação - tão desprezada, aviltada e caluniada pelos que não a conhecem, segue humilde na Terra as pegadas de Jesus, semeando bênçãos nos caminhos de urzes e espinheiros impiedosos do mundo dos homens. Graças a ela as mães sofredoras, que deixaram filhos no mundo em resgates dolorosos, conseguem socorrê-los e libertá-los de provas esmagadoras, que os homens, em geral, só sabem aumentar e agravar. Os médiuns precisam de conhecer esses episódios emocionantes, para compreenderem o esplendor secreto de sua missão e a utilidade superior e humilde do mediunato que lhes foi concedido. Chegou a hora em que esses fatos secretos devem ser proclamados de cima dos telhados, segundo a previsão de Jesus registrada nos Evangelhos. Mais do que nunca se comprova o adágio: "Ajuda-te e o Céu te ajudará" (Mediunidade - Vida e Comunicação. Cap. 8. J. Herculano Pires)
"(...)Antes de esperar dominar o mau Espírito, é preciso dominar-se a si mesmo. De todos os meios para adquirir a força de consegui-lo, o mais eficaz é a vontade secundada pela prece, a prece de coração, entenda-se, e não de palavras, na qual a boca participa mais que o pensamento. É necessário pedir a seu anjo de guarda e aos bons Espíritos que nos assistam na luta. Mas não basta lhes pedir que expulsem o mau Espírito. É necessário lembrar-se da máxima: Ajuda-te, e o Céu te ajudará; e lhes pedir, sobretudo, a força que nos falta para vencer nossas más inclinações, que para nós são piores que os maus Espíritos, pois são essas inclinações que os atraem, como a podridão atrai as aves de rapina. Orar pelo Espírito obsessor é retribuir-lhe o mal com o bem, e mostrar-se melhor que ele, o que já é uma demonstração de superioridade. Com a perseverança, a gente acaba, na maioria dos casos, por conduzi-lo a melhores sentimentos, transformando o obsessor em reconhecido .
Em resumo, a prece fervorosa e os esforços sérios por se melhorar são os únicos meios de afastar os maus Espíritos, que reconhecem seus mestres naqueles que praticam o bem, ao passo que as fórmulas lhes provocam o riso. A cólera e a impaciência os excitam. É preciso cansá-los, mostrando-se mais pacientes do que eles.
Por vezes, entretanto, acontece que a subjugação atinge o ponto de paralisar a vontade do obsedado, e que deste não se pode esperar nenhum concurso valioso. É sobretudo então que a intervenção de terceiros se torna necessária, quer pela prece, quer pela ação magnética. Mas o poder dessa intervenção também depende do ascendente moral que o interventor possa ter sobre os Espíritos, porque, se não valerem mais, sua ação será estéril.
Nesse caso, a ação magnética terá por efeito penetrar o fluido do obsedado por um fluido melhor, e desprender o fluido do Espírito mau. Ao operar, deve o magnetizador ter o duplo objetivo de opor uma força moral a outra força moral e produzir sobre o paciente uma espécie de reação química, para usar uma comparação material, substituindo um fluido por outro fluido. Assim, ele não só opera um desprendimento salutar, mas fortalece os órgãos enfraquecidos por uma longa e por vezes vigorosa dominação." (Revista Espírita. Dezembro de 1862. Estudo sobre os possessos de Morzine. Allan Kardec)