Estes são como aqueles tempos, embora o espaço de dois mil anos que os separam.
A opressão e a força mudaram de mãos, no entanto, prosseguem gerando infortúnio e dor.
O homem, escravo das paixões padece a hipertrofia dos sentimentos, enquanto o monstro da guerra, com sua fauce hiante, persiste em devorar vidas...
Há lutas de destruição por toda parte, qual ocorria naqueles dias em que veio Jesus para dar início à era do Espírito Imortal.
Hoje, porém, pode-se adicionar àquelas condições negativas, entre outras lamentáveis ocorrências a destruição do instituto da família, liberando as crianças e os jovens que se arrojam na desabalada correria da loucura, a grassar avassaladora, parecendo anunciar o fim, dos tempos da ética e da civilização, em desolador retorno à barbarie, ao primitivismo.
Qual sucedeu na mensagem do Cristo, que pode mudar as estruturas do império romano em sua época, o Espiritismo, ao seu turno, vem hoje lançar as bases da nova humanidade, colocando suas fundações no solo virgem da infância e da juventude, encarregadas de conduzir o amanhã, o homem do porvir, a cultura do futuro. Não obstante, a diagnose pessimista dos filósofos negadores do século XIX, asseverando que o homem atual seria céptico, ateu, a humanidade aturdida de agora, decepcionando-as, faz sua viagem de volta a Deus, por significar, a sua presença nas almas, a vigorosa forma que emula ao progresso, a perfeição de ninguém se furtará. O Espiritismo, para desencanto dos anarquistas e niilistas, restaura a fé nacional nas consciências e estabelece os alicerces seguros sobre os quais se erguerá o templo da paz, onde a felicidade será benção acessível a todos.
Sem dúvida, a Revolução filosófica, as conquistas científicas e a revolução tecnologica abrirão para o homem, horizontes dantes jamais sonhado...
Não bastarão, porém, tais aquisições para que se lograsse harmonizar o homem consigo mesmo, quanto com o seu próximo. Caminhando pelas veredas da reação ao conceito espiritualista, conforme a ortodoxia do passado, a investigação científica e a cultura se divorciaram de Deus, conseguindo admiráveis resultados externos, que redundaram em tremendo esvaziamento dos sentimentos.
Com raras exceções, a criatura enriquecida pelo intelecto, chafurda no abismo da revolta e se alucina, atirando-se à loucura irreversível ou ao suicídio infeliz, quando não se deixa intoxicar pelos valores da indiferença, mumificando-se na frieza para com as emoções superiores, matando a esperança e o amor. Isto porque, tem feito falta Jesus nos coração e mente dos indivíduos.. Ao Espiritismo cabe a honrosa tarefa de trazê-lo de volta, atuante e dócil, vigoroso e libertador, conforme ocorrer antes. As vozes do além túmulo, que lhe obedecem ao comando, promovem, na Terra, uma clarinada de despertamento, pondo em ruína as velhas construções do materialismo, nas diversas expressões em que se manifesta, ensejando compreensão nova da vida e da realidade do ser imortal. Neste sublime cometimento, porém, a floração infanto-juvenil - rodas de progresso do amanhã que avançam pelos prés do presente - assume a grandeza de um desafio que nos cumpre aceitar, conjugando esforços em ambos os lados da vida, para conduzir, com segurança e sabedoria, evitando os lamentáveis erros transatos.
O homem será o que da sua infância se faça.
A criança incompreendida, resulta no jovem revoltado e este assume a posição de homem traumatizado, violento. A criança desdenhada, ressurge no adolescente inseguro, que modela a personalidade do adulto infeliz.
A criança é sementeira que aguarda, o jovem é campo fecundado, o adulto é a seara em produção.
Conforme a qualidade da semente teremos a colheita.
Excetuam-se, é claro, os casos de espíritos recalcitrantes, em recomeços difíceis, reacionários por atavismo pretérito às luzes da educação.
Mesmo em tais, os efeitos da salutar pedagogia educacional fazem-se valiosos.
A tarefa da educação, por isso mesmo, é de relevância, enquanto que a da evangelização é de urgência salvadora.
Quem instrui, oferece meios para que a mente alargue a compreensão das coisas e entenda a vida.
Quem educa, cria os valores éticos culturais para uma vivência nobre e ditosa.
Quem evangeliza, liberta para a vida feliz.
Evangelizar é trazer Cristo de volta ao solo infantil como benção de alta magnitude, cujo resultado, ainda não se pode, realmente, aquilatar.
A criança evangelizada, torna-se jovem digno, transformando-se em cidadão do amor, com expressiva bagagem de luz para toda a vida, mesmo que se transitando em trevas exteriores.
Ofertem-se pães, medicamento, agasalhos, cuidados, instrução e educação à criança. Não se evangelizando hoje o ser que surge, periclitará toda a segurança do edifício social e humano do futuro .
Impostergável, desse modo, o mistério preparatório das gerações novas, guiando-as para Jesus, a fim de que se construa, desde agora, o reino de Deus, definitivamente, no mundo.
A infância é o período em que melhor se aprende, enquanto que na adolescência se apreende.
Na idade adulta, mais facilmente se compreende, evitando-se o período em que o ancião apenas repreende...
“Deixai que venham a mim as criancinhas...” -- solicitou Jesus.
Tomemos dessa argila plástica, ainda não compreendida pelos erros atuais e modelemos com as mãos do amor o homem integral do porvir.
Evangelização espírita é sol nas almas, clareando o mundo inteiro sob as constelações das estrelas dos céus, que são os bem aventurados do Senhor, empenhados em seu nome, pela transformação urgente da Terra, em “mundo de regeneração” e paz.
(Terapêutica de emergência. Amélia Rodrigues. Psicografia de Divaldo P. Franco.)
Obs.: A parte do texto que está em itálico foi utilizado no Curso para Capacitação de Evangelizadores