"Sabe-se que os Espíritos não necessitam da linguagem articulada. Eles se entendem sem o recurso da palavra, pela só transmissão do pensamento, que é a linguagem universal. Assim acontece por vezes entre os homens, porque os homens são Espíritos encarnados e, por essa razão, gozam, em maior ou menor grau, dos atributos e faculdades do Espírito."(Revista Espírita. Outubro de 1864. Transmissão do pensamento - Meu fantástico. Allan Kardec)
"A palavra articulada é uma necessidade de nossa organização. Como os Espíritos não necessitam de vibrações sonoras para lhes ferir os ouvidos, compreendem-se pela simples transmissão do pensamento, assim como por vezes acontece que nos entendemos por um simples olhar." (Revista Espírita. Abril de 1859. Quadro da vida espírita. Allan Kardec)
"Em os mundos menos materiais do que o vosso, os Espíritos se desprendem mais facilmente e se põem em comunicação apenas pelo pensamento, sem que, todavia, fique abolida a linguagem articulada." (O Livro dos Espíritos. Questão 448. Allan Kardec)
No livro "Nosso Lar", o Espírito André Luiz questiona ao enfermeiro Lísias sobre a linguagem que os Espíritos se comunicam nas colônias espirituais, após ouvir um S.O.S de um locutor, dizendo:
"Ouvira-lhe nitidamente o idioma português, claro e correto. Julgava que todas as colônias espirituais se intercomunicassem pelas vibrações do pensamento. Havia, ainda ali, tão grande dificuldade no capítulo do intercâmbio? Identificando-me as perplexidades, Lísias esclareceu:
- Estamos ainda muito longe das regiões ideais da mente pura. Tal como na Terra, os que se afinam perfeitamente entre si podem permutar pensamentos, sem as barreiras idiomáticas; mas, de modo geral, não podemos prescindir da forma, no lato sentido da expressão. Nosso campo de lutas é imensurável. A humanidade terrestre, constituída de milhões de seres, une-se à humanidade invisível do planeta, que integra muitos bilhões de criaturas. Não seria, portanto, possível atingir as zonas aperfeiçoadas, logo após a morte do corpo físico. Os patrimônios nacionais e lingüísticos remanescem ainda aqui, condicionados a fronteiras psíquicas. Nos mais diversos setores de nossa atividade espiritual existe elevado número de espíritos libertos de todas as limitações, mas insta considerar que a regra é sofrer-se dessas restrições. Nada enganará o princípio de seqüência, imperante nas leis evolutivas." (Nosso Lar. Cap. 24. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
"(...) Verificando as imensas dificuldades para o intercâmbio de tribos e povos desencarnados, especialistas espirituais de fonética, etimologia e onomatopeia empreenderam a formação de um idioma internacional para entendimento rápido nas regiões espaciais vizinhas do Globo... " (O Esperanto como revelação. Cap. 4. Necessidade de uma Língua Internacional. Francisco Valdomiro Lorenz. Psicografado por Chico Xavier)
" O esperanto é uma força que atua para união e a harmonia, com o facilitar que estabeleça a permuta dos valores universais do pensamento em forma universalista." (Dicionários da alma. Esperanto. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier) No entanto, para que o projeto deste idioma seja implantado no planeta para facilitar a comunicação entre os espíritos desencarnados e encarnados, seria necessário que todos aprendessem esta linguagem universal e que seja mais divulgada.
Em "O Livro dos Médiuns" , Allan Kardec fez algumas perguntas sobre a comunicação dos espíritos através dos médiuns, e nas obras psicografadas pelo médium Chico Xavier há também algumas respostas, vejamos:
Os Espíritos só têm a linguagem do pensamento; não dispõem da linguagem articulada, pelo que só há para eles uma língua. Assim sendo, poderia um Espírito exprimir-se, por via mediúnica, numa língua que jamais falou quando vivo? E, nesse caso, de onde tira as palavras de que se serve?
"Acabaste tu mesmo de responder à pergunta que formulaste, dizendo que os Espíritos só têm uma língua, que é a do pensamento. Essa língua todos a compreendem, tanto os homens como os Espíritos. O Espírito errante, quando se dirige ao Espírito encarnado do médium, não lhe fala francês, nem inglês, porém, a língua universal, que é a do pensamento. Para exprimir suas ideias numa língua articulada, transmissível, toma as palavras do vocabulário do médium." (O Livro dos Médiuns. Cap. 19. Item 223. Allan Kardec)
Se é assim, só na língua do médium deveria ser possível ao Espírito exprimir-se. Entretanto, é sabido que escreve em idiomas que o médium desconhece. Não há aí uma contradição?
"Nota, primeiramente, que nem todos os médiuns são aptos a esse gênero de exercício e, depois, que os Espíritos só acidentalmente a ele se prestam, quando julgam que isso pode ter alguma utilidade. Para as comunicações usuais e de certa extensão, preferem servir-se de uma língua que seja familiar ao médium, porque lhes apresenta menos dificuldades materiais a vencer." (O Livro dos Médiuns. Cap. 19. Item 223. Allan Kardec)
"O Espírito que se quer comunicar compreende, sem dúvida, todas as línguas, pois que as línguas são a expressão do pensamento e é pelo pensamento que o Espírito tem a compreensão de tudo; mas, para exprimir esse pensamento , torna-se-lhe necessário um instrumento, e este é o médium. A alma do médium, que recebe a comunicação de um terceiro, não a pode transmitir, senão pelos órgãos de seu corpo. Ora, esses órgãos não podem ter, para uma língua que o médium desconheça, a flexibilidade que apresentam para a que lhe é familiar.
Um médium, que apenas saiba o francês, poderá, acidentalmente, dar uma resposta em inglês, por exemplo, se ao Espírito aprouver fazê-lo; porém, os Espíritos, que já acham muito lenta a linguagem humana, em confronto com a rapidez do pensamento, tanto assim que a abreviam quanto podem, se impacientam com a resistência mecânica que encontram; daí nem sempre o fazerem. Essa também a razão por que um médium novato, que escreve penosa e lentamente, ainda que na sua própria língua, em geral não obtém mais do que respostas breves e sem desenvolvimento. Por isso, os Espíritos recomendam que, com um médium assim, só se lhes dirijam perguntas simples. Para as de grande alcance, faz-se mister um médium desenvolvido, que nenhuma dificuldade mecânica ofereça ao Espírito. Ninguém tomaria para seu ledor um estudante que estivesse aprendendo a soletrar. Um bom operário não gosta de servir-se de maus instrumentos."(O Livro dos Médiuns. Cap. 19. Item 224. Allan Kardec)
A linguagem articulada é fator de base nas comunicações entre desencarnados de um país, através de médiuns situados em país diferente?
"- Sabemos que o pensamento é idioma universal; no entanto, isso é realidade imediata nos domínios da indução ou da telepatia laboriosamente exercitada. Será possível tranquilizar um doente com a simples presença da ideia de paz e otimismo, cura e esperança, mas não conseguimos prodigalizar-lhe avisos imediatos de tratamento sem comunicar-nos com ele através da linguagem que lhe é própria. Por outro lado, ocorrências de xenoglossia podem ser obtidas como se organizam espetáculos de encomenda. É necessário compreender, porém, que, no atual estágio da Humanidade, a barreira das línguas é limitação inevitável, de vez que por enquanto os desencarnados, em maioria esmagadora, comumente prosseguem arraigados ao ambiente doméstico em que viveram. Desse modo, os amigos espirituais ligados aos Estados Unidos, que aspirem a ser ouvidos, sem delonga, no Brasil, devem, de modo geral, estudar Português, e vice-versa. Isso é claro no sistema regular de comunhão linguística, porquanto o progresso ignora o milagre. "(Entre irmãos de outras terras. Vinte assuntos com William James. Psicografado por Chico Xavier/ Waldo Vieira)
"Acena-nos a antigüidade terrestre com brilhantes manifestações mediúnicas, a repontarem da História.(...) Toda a passagem do Mestre inesquecível, entre os homens, é um cântico de luz e amor, externando-lhe a condição de Medianeiro da Sabedoria Divina. E, continuando-lhe o ministério, os apóstolos que se lhe mantiveram leais converteram-se em médiuns notáveis, no dia de Pentecostes (Atos 2:1-13), quando, associadas as suas forças, por se acharem "todos reunidos", os emissários espirituais do Senhor, através deles, produziram fenômenos físicos em grande cópia, como sinais luminosos e vozes diretas, inclusive fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados em várias línguas, simultaneamente, para os israelitas de procedências diversas." (Mecanismos da mediunidade. Mediunidade. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira).
Segundo Martins Peralva, "A mediunidade poliglota tem a sua causa no recolhimento de valores intelectuais do passado, os quais repousam na subconsciência do sensitivo ou médium. (...)A subconsciência é o "porão da individualidade".
Lá se encontram "guardados" todos os valores intelectuais e conquistas morais acumulados em várias reencarnações, como fruto natural de sucessivas experiências evolutivas. Só pode ser médium poliglota aquele que já conheceu, noutros tempos, o idioma pelo qual se expresse durante o transe. A criatura que, noutras encarnações, não conheceu o latim, não pode, diunizada, expressar-se por ele. É o que se depreende, por sinal com muita lógica, da explicação do Assistente Áulus:
"Quando um médium analfabeto se põe a escrever sob o controle de um amigo domiciliado em nosso Plano, isso não quer dizer que o mensageiro espiritual haja removido milagrosamente as pedras da ignorância. Mostra simplesmente que o psicógrafo traz consigo, de outras encarnações, a arte da escrita já conquistada e retida no arquivo da memória, cujos centros o companheiro desencarnado consegue manobrar." (Nos domínios da Mediunidade. Cap. 23. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
Não basta, por conseguinte, ser médium para receber comunicações em outras línguas. É preciso tê-las conhecido no passado ou conhecê-las no presente. "(Estudando a mediunidade. Cap. 38. Martins Peralva)
"O Espírito do médium é o intérprete, porque está liga do ao corpo que serve para falar e por ser necessária uma cadeia entre vós e os Espíritos que se comunicam, como é preciso um fio elétrico para comunicar à grande distância uma notícia e, na extremidade do fio, uma pessoa inteligente, que a receba e transmita." (O Livro dos Médiuns. Cap. 19. Item 223. Allan Kardec)
O Espírito encarna do no médium exerce alguma influência sobre as comunicações que deva transmitir, provindas de outros Espíritos?
"Exerce, porquanto, se estes não lhe são simpáticos, pode ele alterar-lhes as respostas e assimilá-las às suas próprias ideias e a seus pendores; não influencia, porém, os próprios Espíritos, autores das respostas; constitui-se apenas em mau intérprete." (O Livro dos Médiuns. Cap. 19. Item 223. Allan Kardec)
Será essa a causa da preferência dos Espíritos por certos médiuns?
"Não há outra. Os Espíritos procuram o intérprete que mais simpatize com eles e que lhes exprima com mais exatidão os pensamentos. Não havendo entre eles simpatia, o Espírito do médium é um antagonista que oferece certa resistência e se torna, um intérprete de má qualidade e muitas vezes infiel. É o que se dá entre vós, quando a opinião de um sábio é transmitida por intermédio de um estonteado , ou de uma pessoa de má-fé."(O Livro dos Médiuns. Cap. 19. Item 223. Allan Kardec)
"Incontestavelmente, a linguagem do Espírito é, acima de tudo, a imagem que exterioriza de si próprio.
Isso ocorre mesmo no Plano físico, em que alguém, sabendo refletir-se, necessitará poucas palavras para definir a largueza de seus planos e sentimentos, acomodando-se à síntese que lhe angaria maior cabedal de tempo e influência.
Círculos espirituais existem, em Planos de grande sublimação, nos quais os desencarnados, sustentando consigo mais elevados recursos de riqueza interior, pela cultura e pela grandeza moral, conseguem plasmar, com as próprias ideias, quadros vivos que lhes confirmem a mensagem ou o ensinamento, seja em silêncio, seja com a despesa mínima de suprimento verbal, em livres circuitos mentais de arte e beleza, tanto quanto muitas Inteligências infelizes, treinadas na ciência da reflexão, conseguem formar telas aflitivas em circuitos mentais fechados e obsessivos, sobre as mentes que magneticamente jugulam.
De acordo com o mesmo princípio, Espíritos desencarnados, em muitos casos, quando controlam as personalidades mediúnicas que lhes oferecem sintonia, operam sobre elas à base das imagens positivas com que as envolvem no transe, compelindo-as a lhes expedir os conceitos.
Nessas circunstâncias, expressa-se a mensagem pelo sistema de reflexão, em que o médium, embora guardando o córtex encefálico anestesiado por ação magnética do comunicante, lhe recebe os ideogramas e os transmite com as palavras que lhe são próprias. Todavia, não obstante reconhecermos que a imagem está na base de todo intercâmbio entre as criaturas encarnadas ou não, é forçoso observar que a linguagem articulada, no chamado espaço das nações, ainda possui fundamental importância nas regiões a que o homem comum será transferido imediatamente após desligar-se do corpo físico." (Evolução em dois mundos. Linguagem dos desencarnados. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier / Waldo Vieira)