É O ESPÍRITO QUE PUNI A SI MESMO PELAS FALTAS COMETIDAS OU DEUS PODE IMPOR UMA PUNIÇÃO POR TEMPO DETERMINADO?

Nem sempre o Espírito tem condições de escolher o gênero de provas e expiações que há de passar na sua nova existência, em alguns casos, Deus pode impor uma punição por tempo determinado a um Espírito inferior e atrasado. 

Em "O Livro dos Espíritos" de Allan Kardec, os Espíritos Superiores fazem o seguinte esclarecimento sobre este assunto:

Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena?

"ELE PRÓPRIO ESCOLHE O GÊNERO DE PROVAS POR QUE HÁ DE PASSAR e nisso consiste o seu livre-arbítrio." (O Livro dos Espíritos. Questão 258. Allan Kardec)

O que orienta o Espírito na escolha das provas?

"Ele escolhe as que lhe podem servir de expiação, segundo a natureza de suas faltas, e fazê-lo adiantar mais rapidamente. Uns podem impor-se uma vida de misérias e privações, para tentar suportá-la com coragem; outros, experimentar as tentações da fortuna e do poder, bem mais perigosas pelo abuso e o mau emprego que lhes pode dar e pelas más paixões que desenvolvem; outros, enfim, querem ser provados nas lutas que terão de sustentar no contato com o vício. "(O Livro dos Espíritos. Questão 264. Allan Kardec) 

Quando o Espírito goza do livre-arbítrio, a escolha da existência corporal dependerá sempre exclusivamente de sua vontade, ou essa existência lhe pode ser imposta, como expiação, pela vontade de Deus?

"DEUS SABE ESPERAR, NÃO APRESSA A EXPIAÇÃO. TODAVIA, PODE IMPOR CERTA EXISTÊNCIA A UM ESPÍRITO, quando este, pela sua inferioridade ou má vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil, e quando vê que tal existência servirá para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação." (O Livro dos Espíritos. Questão 262-a. Allan Kardec)

Depende sempre da vontade do Espírito a duração das penas? Algumas não haverá que lhe sejam impostas por tempo determinado?

"Sim, AO ESPÍRITO PODEM SER IMPOSTAS PENAS POR DETERMINADO TEMPO; mas, Deus, que só quer o bem de suas criaturas, acolhe sempre o arrependimento e infrutífero jamais fica o desejo que o Espírito manifeste de se melhorar."  (O Livro dos Espíritos. Questão 1008. São Luís/ Allan Kardec)

De acordo com o Espírito André Luiz, "(...) o Espírito, quando ajustado à consciência dos próprios erros, ansioso de reabilitar-se perante a vida e diante daqueles que mais ama, suplica por si mesmo a sentença punitiva que reconhece indispensável à própria restauração." (Evolução em dois mundos. Segunda parte. 6 - Justiça na Espiritualidade. Espírito  André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)

Disse Jesus: "Quem matou com a espada, pela espada perecerá." (Mateus 26:52)

"A PENA DE TALIÃO É A JUSTIÇA DE DEUS. É DEUS QUEM A APLICA. Todos vós sofreis essa pena a cada instante, pois que sois punidos naquilo em que haveis pecado, nesta existência ou em outra. "(O Livro dos Espíritos. Questão 764. Allan Kardec)

"Nada acontece sem a vontade de Deus. Conseqüentemente, tudo só passa de legítima e alta justiça. " (Revista Espírita. Fevereiro de 1863. Paz aos homens de Boa Vontade. F. D., antigo magistrado / Allan Karcec)

"Deus (...) quer que todas as suas criaturas progridam e, portanto, não deixa impune qualquer desvio do caminho reto. Não há falta alguma, por mais leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não acarrete forçosas e inevitáveis conseqüências, mais ou menos deploráveis. Daí se segue que, nas pequenas coisas, como nas grandes, o homem é sempre punido por aquilo em que pecou. Os sofrimentos que decorrem do pecado são-lhe uma advertência de que procedeu mal." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 5. Allan Kardec)

"Que saibam que nosso Deus, o Deus dos espíritas, não é um tirano cruel e vingativo, que pune um instante de desvario com torturas eternas, mas um pai bom e misericordioso, que vela por seus filhos extraviados com uma solicitude incessante, procurando atraí-los a si por uma série de provas destinadas a lavá-los de todas as máculas. Não está escrito que Deus não quer a morte do pecador, mas a sua conversão? "(Revista Espírita. Fevereiro de 1863. Círculo Espírita de Tours. Chauvet, Doutor em Medicina/ Allan Kardec)

 "A concessão paternal de Deus, no que se refere à reencarnação para a sagrada oportunidade de uma nova experiência, já significa, em si, o perdão ou a magnanimidade da Lei."(O Consolador. Questão 333. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)

Qual a diferença entre provação e expiação?

"A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime." ( O Consolador. Questão 246. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).

" (...) a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser provado."(O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 5. Item 9. Allan Kardec)

Para compreender o sentido desta frase: "Há provações sem expiação e expiações sem provação", é necessário entender por expiação o sofrimento que purifica e lava as manchas do passado; depois da expiação, o Espírito está reabilitado. (...) Conforme as vicissitudes da vida sejam ou não acompanhadas pelo arrependimento das faltas que as ocasionaram, do desejo de as tornar proveitosas para seu próprio melhoramento, haverá ou não expiação, isto é, reabilitação. Assim, os maiores sofrimentos podem não ter proveito para aquele que os suporta, se não o tornarem melhor, se não o elevarem acima da matéria, se não virem a mão de Deus, enfim, se não o fizerem dar um passo à frente, porquanto terão de recomeçar em condições ainda mais penosas. Deste ponto de vista, dá-se o mesmo com as penas sofridas depois da morte; o Espírito endurecido as sofre sem ser tocado pelo arrependimento. Eis por que as pode prolongar indefinidamente por sua própria vontade; é castigado, mas não repara as faltas. "(Revista Espírita. Julho de 1864. Instruções dos Espíritos. O castigo pela luz. Allan  Kardec)

"A expiação varia segundo a natureza e gravidade da falta, podendo, portanto, a mesma falta determinar expiações diversas, conforme as circunstâncias, atenuantes ou agravantes, em que for cometida. Não há regra absoluta nem uniforme quanto à natureza e duração do castigo:  a única lei geral é que toda falta terá punição, e terá recompensa todo ato meritório, segundo o seu valor.

A DURAÇÃO DO CASTIGO DEPENDE DA MELHORIA DO ESPÍRITO CULPADO.

(...) O Espírito é assim sempre o árbitro de seu próprio destino; pode prolongar seus sofrimentos pela persistência no mal, aliviá-los ou abreviá-los por seus esforços para fazer o bem." (O Céu e o Inferno. 1ª Parte. Cap. 7. Código penal da vida futura. Itens11 à 13.  Allan Kardec).

Segundo Cairbar Schutel, "Cada um é julgado por suas obras, e cada qual tem o mérito ou demérito das mesmas obras. Ninguém pode ter salário superior ao serviço que fez; ninguém pode receber castigo maior do que o crime que cometeu. Não é preciso estudar Direito, nem Teologia, para compreender essa verdade que é intuitiva. E tão intuitiva é, que a nossa legislação suprimiu a pena de morte, assim como suprimiu as galés perpétuas que faziam parte do velho Código elaborado pelo elemento clerical, impregnado da idéia do Inferno Eterno. A TENDÊNCIA EVOLUTIVA DA LEI NÃO É MAIS PARA O CASTIGO, MAS SIM PARA A CORREÇÃO. POR ISSO É QUE AFIRMAMOS QUE DEUS NÃO CASTIGA, CORRIGE.

(...) Se na Terra a lei é assim concebida, com atenuantes e indulgências, como poderá deixar de ser assim no Céu, onde a justiça não se pode afastar da misericórdia e do amor!

Lei condenatória, eterna, inflexível, sem oportunidade de correção, mas puramente de vingança, é lei de infinita perversidade, de eterna maldade e que só pode ser concebida por gênios de igual jaez, perversos inquisidores, déspotas que não compreendem Deus, e se arvoram em senhores da inteligência, em escravizadores da razão para exercerem sua autoridade impunemente e manter o seu domínio no mundo." (O Espírito do Cristianismo. Cap. 22. Cairbar Schutel)

Segundo Allan Kardec, "Quer o castigo ocorra na vida espiritual ou na terra, e seja qual for sua duração, ele sempre tem um fim, mais ou menos afastado ou próximo. Há, pois, em realidade, apenas duas alternativas para o Espírito:  punição temporária graduada segundo a culpa, e recompensa graduada segundo o mérito. O Espiritismo repele a terceira alternativa, a da danação eterna." (O Céu e o Inferno. Cap. 5. Item 9. Allan Kardec)

EM OUTRAS PALAVRAS, NÃO EXISTE PUNIÇÃO ETERNA, POIS DEUS É MISERICORDIOSO E JUSTO! 

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