É NECESSÁRIO PREPARAR-SE PARA DESENCARNAR?

De acordo com Carlos Toledo Rizzini, "A desencarnação súbita merece anotações... O espírito desprevenido, sem preparo, apegado às coisas materiais e sensações físicas, não pode deixar de sofrer com a morte de surpresa e de ficar fortemente abalado depois dela e por bastante tempo. É um castigo; o choque é violento, custam a vir o esclarecimento e o equilíbrio, salvo nos casos de pessoas votadas ao bem geral.

A desencarnação coletiva é igual e súbita, com a peculiaridade de processar-se em conjunto, por meio de desastres variados. Espíritos com débitos semelhantes reúnem-se para uma expiação coletiva, aproveitando uma oportunidade planejada para o desencarne súbito de vários ou muitos indivíduos. Devemos acentuar o quanto é importante a preparação espiritual ao avizinhar-se a desencarnação.

A educação religiosa convencional tem o seu valor, é melhor do que a ideia de mergulhar em o "nada". Mas, mesmo as pessoas sinceramente religiosas encontram amplas dificuldades pela desinformação a que estão condenadas. Nada sabem do "outro mundo" nem dos espíritos, além de estarem impregnadas de noções falsas e preconceitos, para não dizer superstições. A morte, portanto, apavora-as em geral e se alguma tem fé superior ao medo fica confusa esperando demônios ou anjos.

O conhecimento seguro do Espírito, das leis eternas e das condições da Espiritualidade é que garante ao "morto" uma entrada tranquila (merecendo-o) no mundo espiritual. Sucede algumas vezes pessoas religiosas e bem intencionadas passarem por grandes perturbações antes e depois da morte do corpo por incompreensão e ignorância, o que lês seria dispensado em virtude dos méritos alcançados em vida; mas não podem aproveitar essa vantagem porque estão cheias de medos e não sabem o que fazer em seu próprio favor. Leia o leitor à desencarnação de Cavalcante em Obreiros da Vida Eterna, por André Luiz, que é um exemplo típico disto." (Evolução para o terceiro milênio. Parte 2. Cap. 4. Carlos Toledo Rizzini)

Em "O Livro dos Espíritos" de Allan Kardec, os Espíritos Superiores fazem o seguinte esclarecimento sobre este assunto:
Qual o sentimento que domina a maioria dos homens no momento da morte: a dúvida, o temor, ou a esperança?

"A dúvida, nos cépticos empedernidos; o temor, nos culpados; a esperança, nos homens de bem." (O Livro dos Espíritos. Questão 961. Allan Kardec)

A perturbação que se segue à separação da alma e do corpo é do mesmo grau e da mesma duração para todos os Espíritos?

"Não; depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado, se reconhece quase imediatamente, pois que se libertou da matéria antes que cessasse a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria." (O Livro dos Espíritos. Questão 164. Allan Kardec)

O Espírito assiste ao seu enterro?

"Freqüentemente assiste, mas, algumas vezes, se ainda está perturbado, não percebe o que se passa." (O Livro dos Espíritos. Questão 327. Allan Kardec)

O Espírito daquele que acaba de morrer assiste à reunião de seus herdeiros?

"Quase sempre. Para seu ensinamento e castigo dos culpados, Deus permite que assim aconteça. Nessa ocasião, o Espírito julga do valor dos protestos que lhe faziam. Todos os sentimentos se lhe patenteiam e a decepção que lhe causa a rapacidade dos que entre si partilham os bens por ele deixados o esclarece acerca daqueles sentimentos. Chegará, porém, a vez dos que lhe motivam essa decepção." (O Livro dos Espíritos. Questão 328. Allan Kardec)

O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração, mais ou menos longa, da perturbação?

"Influência muito grande, por isso que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem." (O Livro dos Espíritos. Questão 165. Allan Kardec)

O Espírito Humberto de Campos, no livro "Cartas e Crônicas"  faz as seguintes recomendações para aqueles que querem se preparar para a morte: 

"Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos outros.

Os excitantes largamente ingeridos constituem outra perigosa obsessão. Tenho visto muitas almas de origem aparentemente primorosa, dispostas a trocar o próprio Céu pelo uísque aristocrático ou pela nossa cachaça brasileira.

Tanto quanto lhe seja possível, evite os abusos do fumo. Infunde pena a angústia dos desencarnados amantes da nicotina.

Não se renda à tentação dos narcóticos. Por mais aflitivas lhe pareçam as crises do estágio no corpo, aguente firme os golpes da luta. As vítimas da cocaína, da morfina e dos barbitúricos demoram-se largo tempo na cela escura da sede e da inércia.

E o sexo? Guarde muito cuidado na preservação do seu equilíbrio emotivo. Temos aqui muita gente boa carregando consigo o inferno rotulado de "amor".

Se você possui algum dinheiro ou detêm alguma posse terrestre, não adia doações, caso esteja realmente inclinado a fazê-las. Grandes homens, que admirávamos no mundo pela habilidade e poder com que concretizavam importantes negócios, aparecem, junto de nós, em muitas ocasiões, à maneira de crianças desesperadas por não mais conseguirem manobrar os talões de cheque.

Em família, observe cautela com testamentos. As doenças fulminatórias chegam de assalto, e, se a sua papelada não estiver em ordem, você padecerá muitas humilhações, através de tribunais e cartórios.

Sobretudo, não se apegue demasiado aos laços consanguíneos. Ame sua esposa, seus filhos e seus parentes com moderação, na certeza de que, um dia, você estará ausente deles e de que, por isso mesmo, agirão quase sempre em desacordo com a sua vontade, embora lhe respeitem a memória. Não se esqueça de que, no estado presente da educação terrestre, se alguns afeiçoados lhe registrarem a presença extraterrena, depois dos funerais, na certa intimá-lo-ão a descer aos infernos, receando-lhe a volta inoportuna.

Se você já possui o tesouro de uma fé religiosa, viva de acordo com os preceitos que abraça.

É horrível a responsabilidade moral de quem já conhece o caminho, sem equilibrar-se dentro dele.

Faça o bem que puder, sem a preocupação de satisfazer a todos. (...)Trabalhe sempre, trabalhe sem cessar. O serviço é o melhor dissolvente de nossas mágoas. Ajude-se, através do leal cumprimento de seus deveres." (Cartas e Crônicas.  Treino para a morte. Espírito Humberto de Campos. Psicografado por Chico Xavier)

"Porque, ficai sabendo, o Espírito sofre por todo o mal que praticou, ou de que foi causa voluntária, por todo o bem que houvera podido fazer e não fez e por todo o mal que decorra de não haver feito o bem." ( O Livro dos Espíritos. Questão 975. Allan  Kardec)

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