O Espírito André Luiz faz a seguinte recomendação: " Nas reuniões doutrinárias, jamais angariar donativos por meio de coletas, peditórios ou vendas de tômbolas, à vista dos inconvenientes que apresentam, de vez que tais expedientes podem ser tomados à conta de pagamento por benefício. A pureza da prática da Doutrina Espírita deve ser preservada a todo custo. (...) Em nenhuma oportunidade, transformar a tribuna espírita em palanque de propaganda política, nem mesmo com sutilezas comovedoras em nome da caridade. (...) O Espiritismo não pactua com interesses puramente terrenos. "(Conduta Espírita. Cap. 10 e 11. Espírito André Luiz. Psicografado por Waldo Vieira)
Segundo o Espírito Bezerra de Menezes, " (...) o Centro Espírita deve se transformar num verdadeiro santuário, de respeito e oração. Não se pode, pois, permitir em seu seio festas, músicas, de fundo não edificantes, peças teatrais, aplausos, conversação tumultuada e não construtiva, discussões violentas, homenagens humanas, "comes e bebes”, reuniões sem disciplina, rifas, leilões, comércios, brincadeiras, competições, ataques a outras religiões, enfim tudo aquilo que não se concebe num hospital, junto a um leito de dor ou num santuário de oração.
É necessário o mais digno procedimento no centro espírita, a fim de que Jesus não tenha que voltar para expulsar-nos dele, como procedeu para com os mercadores do templo." (Fonte: Revista Reformador - Janeiro - 1992 - N° - 1954. Bezerra de Menezes. Psicografia de Chico Xavier)
"A sustentação financeira do Centro Espírita deve decorrer de contribuições espontâneas, colaborações de sócios e outros meios de obtenção constante de recursos financeiros, observando sempre rigoroso critério ético-moral-espírita, evitando o uso de tômbolas, bingos, rifas, bailes beneficentes ou outros meios desaconselháveis ante a Doutrina Espírita." (Orientação ao Centro Espírita. Texto aprovado pelo Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira em sua reunião de novembro de 2006. FEB)
No Livro dos Médiuns (Capítulo 30), há detalhes sobre o regulamento e normas da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (primeira instituição espírita do mundo), que pode servir de modelo para formular o estatuto de um Centro Espírita. Logo abaixo, estão os principais artigos da época, que definem a função dos sócios e como devem contribuir financeiramente:
"Art. 11.o — A comissão se compõe dos membros da diretoria e de cinco outros sócios titulares, escolhidos de preferência entre os que tiverem dado concurso ativo aos trabalhos da Sociedade, prestado serviços à causa do Espiritismo, ou demonstrado possuir ânimo benevolente e conciliador. Estes cinco membros são, como os da diretoria, eleitos por um ano e reelegíveis.
(...) Art. 13.o — De três em três meses, seis sócios , escolhidos entre os titulares e os associados livres, serão designados para desempenhar as funções de comissários.
(...) Art. 15.o — Para se proverem às despesas da Sociedade, os titulares pagarão uma cota anual de 24 francos e os associados livres a de 20 francos.
Os sócios titulares, ao serem admitidos, pagarão, além disso, de uma vez, como joia de entrada, 10 francos. A cota é paga integralmente por ano corrente."
Na Revista Espírita de 1862, relata que, no ínicio, Allan Kardec teve dificuldades financeiras para manter a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, pois a contribuição dos sócios era insuficiente para pagar todas as despesas, e explica que utilizou recursos próprios para resolver o problema, dizendo assim:
"(...)Todas as despesas além do aluguel , como viagens e uma porção de gastos necessários para o Espiritismo, e que não ficam por menos de 2.000 francos anuais, estão pessoalmente a meu cargo, e essa soma não deixa de pesar num orçamento restrito, que se mantém à custa de ordem, economia e até de privações.
Não creiais, senhores, que eu queira conquistar méritos. Assim fazendo, sei que sirvo a uma causa junto à qual a vida material nada é, e pela qual estou pronto a sacrificar a minha. Talvez um dia eu tenha imitadores. Aliás, estou bem recompensado pelos resultados que obtive. Se uma coisa lamento, é a exiguidade dos meus recursos, que não me permitem fazer mais, pois com suficientes meios de execução bem empregados, com ordem e em coisas realmente úteis, avançaríamos meio século no estabelecimento definitivo da doutrina. "(Revista Espírita. Junho de 1862. Sociedade parisiense de estudos espíritas - Discurso do Sr. Allan Kardec - Na abertura do ano social, a 1º de Abril de 1862. Allan Kardec)
Na Revista Espírita de 1865, Allan Kardec afirma que, posteriormente, conseguiu a maioria dos recursos para sustentação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, através da venda de suas obras. Ele diz assim:
"Pois bem, senhores, o que me proporcionou esse suplemento de recursos foi o produto de minhas obras. Digo com satisfação que foi com o meu próprio trabalho, com o fruto de minhas vigílias que provi, pelo menos em sua maior parte, às necessidades materiais da instalação da doutrina. Assim, eu trouxe uma larga quotaparte à caixa do Espiritismo. Deus quis que ele encontrasse em si mesmo os seus primeiros meios de ação. No princípio eu lamentava que minha pouca fortuna não me permitisse fazer o que eu queria fazer pelo bem da causa, mas hoje aí vejo o dedo da Providência e a realização desta predição tantas vezes repetida pelos bons Espíritos: “Não te inquietes com nada. Deus sabe o que te é preciso e saberá provê-lo.”(Revista Espírita. Junho de 1865. Relatório da caixa do Espiritismo. Allan Kardec)
O médium Chico Xavier, seguiu o mesmo exemplo de Allan Kardec e disse: "Nunca recebi cousa alguma pela venda dos livros de nossos Amigos Espirituais, por intermédio de minhas faculdades mediúnicas, de vez que esses livros são de autoria deles, cabendo-me tão somente a alegria de cooperar com eles, os amigos da Vida Maior, na função de intermediário, durante as horas de cada dia, que posso dar ao serviço mediúnico ." (No mundo de Chico Xavier. Cap.14. Chico Xavier / Elias Barbosa)
"Chico Xavier nunca recebeu um centavo de direitos autorais. Destina todo o lucro de sua produção às organizações espíritas, para a aplicação em obras sociais."( Pinga fogo I. Um pinga luz na TV. Do Diário de S. Paulo, caderno do Jornal de Domingo)
"Muitos, impressionados com os poderes do protegido de Emmanuel, chegavam a oferecer dinheiro ao rapaz pobre como prova de gratidão. Ele recusava: — Ajude o primeiro necessitado que encontrar. Outros lhe entregavam presentes. Chico se livrava deles com pressa e discrição." (As vidas de Chico Xavier. Cap.5. Marcel Souto Maior)
Jesus Cristo e os apóstolos, são os maiores exemplos, eles tinham profissão e faziam caridade de graça, sem pedir nada em troca. Jesus disse: "Curem os enfermos, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça; deem também de graça." (Mateus 10:8)
O apóstolo Paulo também trabalhava para o seu sustento e dizia: "Nem de graça comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós." (2 Tessalonicenses 3:8)