Junto às Portas Celestiais assomam almas da Terra todos os dias. Sublimadas na abnegação e na dor, assemelham-se a anjos nascituros que o flagelo da retaguarda deixou sem nome…
Agora, as cruzes do trabalho destacam-se-lhes dos ombros, à feição de asas alvíssimas, com que aspiram aos supremos voos no rumo da Eternidade...
Enlevadas, auscultam constelações distantes, lares suspensos da Criação que lhes sugerem, enfim, a ventura perfeita, e ouvem, extáticas, a música das Esferas, convidando-as à luz da divina ascensão...
Todavia, na fronteira de sol, gritos de expiação alcançam-lhes o seio… Partem da Terra escura em que a noite domina. Traduzem desespero, agonia e aflição… Trazem pragas atrozes, notas de tempestade e soluços pungentes...
São lágrimas e anseios daqueles que ficaram no abismo da saudade, entre a grade da treva e o martírio da prova...São filhos que padecem, amigos que pranteiam, companheiros em sombra e amores sob algemas...
É então que os redimidos quase sempre despertam para Cristo Imortal e, ao invés da subida ao fulgor das estrelas, volvem à matéria obscura, retomam-na, apressados, sofrendo o berço pobre em chagas de amargura, acendendo, de novo, o lume da alegria, onde a angústia corveja, ensinando a bondade em silêncio e renúncia, indicando o caminho ao resplendor da Altura e morrendo em louvor da Bondade Sublime, aprendendo, com Cristo, que a virtude do amor é cessar todo ódio e que a graça do Céu é converter o inferno de procedência humana em templo redentor de trabalho e esperança para o Reino de Deus.
(Família. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)